quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Capítulo 6

VI
14 de março de 2011 (parte 1)
Tânia: Gio!
Giovanna: “Sim Tânia, hoje é dia de ir buscar o Dougie…”
Tânia: Não é isso! Voltei a receber uma mensagem!
Giovanna: “O quê? Que dizia?”
Tânia: Amanhã é o grande dia! Pode ser que também haja uma grande surpresa! E assinado com o mesmo de sempre: SSS!
Giovanna: “Tem calma!”
Tânia: Tenho calma?! Podem fazer alguma coisa ao Dougie, Gio!
Giovanna: “Não lhe vai acontecer nada! Vai-te mas é arranjar que já estás atrasada!”
Desliguei a chamada e atirei o telemóvel para acama, olhei-me ao espelho e vi as minhas olheiras, sinal de não ter dormido nada, passei um pouco de base para as esconder e evitar perguntas. Vesti-me a fui até ao café.
Tânia: Bom dia!
Danny: Bom dia. Já te pedi um café. O Harry, o Tom e a Izzy vão lá ter a Gio deve ir ter connosco ao restaurante.
Tânia: Ok. Como estás?
Danny: Não muito bem… Conseguiste falar com ela?
Tânia: Não, desculpa Danny…
Danny: Não tens de pedir desculpa. Vamos andando?
Tânia: Sim.

Harry: Bom dia! O nosso Dougie deve estar a chegar!
Danny: Esperamos aqui ou entramos?
Izzy: Já lá fui dentro e disseram que não falta muito para ele sair, por isso acho que podemos esperar aqui.
Danny: Ainda bem!
Começa-mos à conversa, conversa sem jeito, porque de uma maneira ou de outra estávamos todos nervosos com a chegada do Dougie. Cruzava as mãos uma com a outra espalhando o creme que há muito havia desaparecido. Lançava pequenos sorrisos à conversa deles. Mexia os pés freneticamente e dava pequenos paços para a frente e para trás, tudo isto visto na minha parte exterior. A minha parte interior estava a desfazer-se, sentia o meu coração a bater rapidamente sem parar, sentia um nó no estômago como que o café da manha me tivesse feito mal e tudo isto para nada. Eu o Dougie já não tínhamos nada, acabou há uns anos, mas continuava a preocupar-me com ele e vê-lo novamente iria provocar um grande efeito em mim.
Danny: Aí vem o nosso rapaz!
Vi o Danny a correr e a abraçar um rapaz, ainda não tinha visto a sua cara, nem reparado como estava. O Harry e o Tom foram-se aproximando e abraçando-o, de seguida foi a Izzy. Abriram espaço para que ele me pudesse ver e fui aí, o primeiro olhar que há muito tempo não se cruzava. Assim que me olhou corei e voltei a cabeça para baixo, mas rapidamente percebi que não era isso que queria, queria chegar ao pé dele e abraçá-lo, voltei a olhar para ele e ao mesmo tempo que o meu lábio superior tremia também uma lágrima caiu sobre o meu rosto. Fui-me aproximando dele ao mesmo temo que ele se ia aproximando de mim, estava-mos a centímetros um do outro quando não resisti e lancei os meus braços sobre o seu pescoço. Fui a melhor coisa que me tinha acontecido desde que estava em Londres. Senti o seu cheiro a perfume e o calor vindo do seu peito ele passou-se a mão sobre o rosto para me limpar a lágrima, encostou os seus lábios junto ao meu ouvido e murmurou.

Dougie: Senti muito a tua falta!
Deixei-me ir afastando dele e respondi-lhe.
Tânia: Eu também! (sem mais nem menos arregaço a mango do casaco e mostro-lhe uma pulseira) Olha a pulseira que me deste!
Dougie: Ainda a tens…
Tânia: É claro que tenho, vou guarda-la sempre!
Voltei a abraça-lo. Sentia-me bem sentindo os braços dele à volta da minha cintura.
Izzy: Meninos, vamos andando para o restaurante. Acabam as saudades a almoçar!
Obedece-mos às suas ordens e cada um fui para o carro, fui com o Danny e o Dougie.
Danny: Então puto?! Como te sentes?
Dougie: Bem melhor!
Danny: Ainda bem! Sabes que estamos todos aqui para ti!
Dougie: Então?! Estás-te a armar em sentimental?
Danny: Olha que engraçado que ele está!
Dougie: E tu? Que estás aqui a fazer? Pensava que estavas em Portugal…
Tânia: Já vim à umas semanas…
Dougie: Ainda bem! Fico feliz por estares aqui!
Sorrimos um para o outro. Voltei a olhar para a estrada. O meu olhar envergonhado voltou, mas não queria que ele o visse, não queria que ele pensasse que ainda havia alguma coisa, porque da minha parte não, e muito menos da dele. Ele foi para a reabilitação por causa da Frankie, por isso eu já tinha passado completamente á história.
À entrada do restaurante estava a Giovanna á nossa espera. Aproximou-se logo do nosso carro para abraçar o Dougie. No fim de algumas lágrimas por parte de todos após um pequeno discurso do Dougie, fomos entrando e instalando-nos numa das mesas reservadas.
Parecia tudo perfeito. Desde o ambiente à comida e, principalmente, à companhia. Sentia-me especialmente bem ao lado do Dougie. Depois de tudo por que tinha passado, voltar a estar ao lado da pessoa que sempre me ajudou é uma sensação bastante difícil de explicar, voltam todos os sentimentos à flor da pele. Jantei ao seu lado. Não consegui para de olhar para ele a ver a sua maneira do costume de comer, quer onde estivesse, era sempre a mesma.
Num momento rápido, os momentos de nós os dois juntos, passaram-me pela cabeça, um arrepio subiu-me pelas costas e foi manifestado pelos arriçados dos meus braços. Por incrível que pareça o Dougie reparou.
Dougie: Estás com frio? Queres o meu casaco?
Corei. Foi tão querido da parte dele, não só reparar que estava arrepiada, que para mim é coisa difícil de reparar, como também oferecer o seu casaco.
Tânia: Não. Também tenho aqui o meu…
Dougie: Então veste-o. Vamos lá fora que precisamos de falar.
Desculpámo-nos por sair da mesa. Como era de esperar, ninguém levou a mal.
A tarde estava agradável, fresca mas ao mesmo tempo agradável. Caminhamos um pouco em silencio até chegarmos a um banco vazio entre dois lindos arbustos floridos que alegravam aquele pequeno banco de madeira. Era um local bastante romântico.
Dougie: Vamo-nos sentar? (esperou que o obedecesse) Preciso de falar contigo…
Tânia: Passa-se alguma coisa?
Dougie: Mais ou menos… Talvez não, mas não sei o que é isto e confio em ti e gosto de falar contigo sobre tudo e também tinha saudades tuas e do eu sorriso e das tuas palavras e obviamente que gosto muito de ti…
As palavras saíram todas da sua boca em modo de corrida, como se nem tivesse dado conta que as estava a dizer à minha frente. Só no fim, a sua pele clara das bochechas avermelhou.
Da minha boca não saíram palavras. Estava complicado gesticular as palavras certas para lhe retribuir tudo aquilo.
Tânia: Dougie…
Dougie: Não precisas de dizer nada… Nem é disso que quero falar contigo. (assumiu uma postura mais séria tirando o telemóvel do casaco) Como sabes, durante o tempo em que estive na clinica não podia usar o telemóvel, e ainda bem, porque foi graças ao “telemóvel” que também fui para a clinica…
Tânia: Como assim?
Dougie: Umas semanas antes de ir para a clinica comecei a receber umas mensagens…
O meu coração acelerou. Havia mais gente envolvida do que eu, nós, pensávamos, principalmente as pessoas com quem mais nos preocupávamos.
Dougie: Ao principio pensava que era engano ou uma brincadeira de alguma fã paranoica, mas depois começou a envolver a Frankie e as razões pelas quais acabámos. Ainda cheguei a pensar que também pudesse ser algum jornalista, mas depois quando falei com ela, as coisas que vinham nas mensagens eram impossíveis de alguém saber…
Tânia: Achas que foi ela?
Uma primeira pista. Como era possível ainda não ter pensado nela, teria lógica. Quando acabaram todos os amigos do Dougie a começaram a detestar; também me detestava a mim por causa da minha relação com o Dougie. Mas não tinha lógica envolver a avó da Georgia nem começar a mandar mensagens antes de se chatearam, a não seu que era esse o seu plano.
Dougie: Não… Até porque as mensagens não envolviam só a ela… Envolviam outra pessoa…
Tânia: Quem?
Com alguns gestos de dedos mexeu no pequeno teclado do telemóvel, girou-o para mim.
Dougie: Esta foi a última mensagem que recebi, logo a seguir a ter saído da clínica.

DE: sem número
MENSAGEM: “Ainda não me esqueci de ti! E aposto que a tua amiga Tânia também não… 
Aproveitem os últimos tempos juntos. –SSS”

sábado, 18 de maio de 2013

Capítulo 5

V
5 de março de 2011 (parte 3)
Tânia: Sharon?!
Giovanna: Está tudo explicado.
Levantou-se e nós seguimos os seus passos. Levantámo-nos prontas para sair quando fomos impedidas pela voz dela.
Sharon: Calma! Que se passa?
Tânia: Que se passa? Ainda tens coragem de perguntar-nos isso na nossa cara? Sinceramente pensava que tinhas ultrapassado aquela brincadeira de crianças, mas não! Continuas a menina mimada que ganha sempre o que quer, mas sabes que mais, chega! Nem eu nem as raparigas vamos continuar a brincar este jogo de crianças!
Sharon: Para começar, não sei porque estás tão revoltada. Segundo, que brincadeira?
Giovanna: Não te faças de burra Sharon, porque nunca o foste, por isso para de fingir, não vale a pela.
Sharon: Mas fingir o quê? Desde aquela noite em casa da Tânia não ouvi mais nada de vocês e agora vêm aqui ao meu local de trabalho insultar-me! Podem também explicar-me o que se passa? Já em casa da Tânia trataram-me estranhamente mal… e continuam.
Vicky: A Georgia desapareceu no dia a seguir a essa noite, graças à morte da avó dela, morte que ainda não sabemos quem foi, só sabemos que não foi um ataque cardíaco de certeza; o meu irmão está de rastos e estamos todas assustadas porque nos andam a ameaçar e temos quase a certeza que és tu.
Sharon: O quê? Não se lembram que eu também recebi uma mensagem? Já vos contei o que sabia!
Tânia: Claro, que alguém te atacou e te voltou a pôr no carro e depois és tu eu nos atacas!
Sharon: Só vos ataquei porque pensavam que tinha sido vocês a atacarem-me no outro dia…
Izzy: Oh meu Deus! Que confusão! Sharon que raio aconteceu??? Que conversa foi aquela de não teres estado connosco naquela noite em Portugal?
Empregado: Sharon, está aqui esta encomenda, vê se está tudo lá dentro e quando acabares ISTO (e apontou o dedo para nós, fazendo um circulo), vai entrega-la.
Sharon: Obrigada.
Foi abrindo a caixa para verificar se estava tudo lá dentro, quando começa-mos a deparar com a sua cara de assustada.
Vicky: Então? Que se passa?
Sharon: Estão a ver que não são as únicas a ser ameaçadas?
Virou a caixa para nós e num dos rótulos de uma caixa estava uma mensagem. “É melhor ficares por aí, não penses mais no que aconteceu, é passado. Fica aqui um conselho de amigo/a. –SSS”
Giovanna: O que é que querem dizer com isso?
Tânia: Mas mais importante? Quem meteu estas caixas aqui?
Sharon: É o meu namorado que costuma tratar disso…
Izzy: E onde está ele agora?
Num rápido movimento olhámos todas para o balcão para que nos pudéssemos deparar com o rapaz de farda vermelha e um sorriso na cara pronto a servir os clientes, mas em vez disso, deparámo-nos com uma fila de clientes esfomeadas á espera do lanche da tarde.
Tânia: Onde é que ele foi?
Vicky: Não é aquele lá fora?
Vimos um rapaz já de capacete a colocar-se na mota e a arrancar. O barulho da mota impediu-nos que ouvíssemos o som da parta a abrir, a anunciar a chegada de mais um cliente.
Sharon: Eu tenho de ir trabalhar. Encontramo-nos logo no café do costume?
Giovanna: Sim, e é melhor que apareças mesmo!
Deixa-mos que ela virasse costas e fomo-nos levantando e dirigindo para o carro. Estava um silêncio absoluto no carro, as força das portas a chegar fez-se sentir nos balanços do carro.
Vicky: O que é que vamos fazer?
Tânia: Vamos até casa da tua mãe, vamos buscar os rapazes e vamos para minha casa.
As palavras saiam automaticamente da minha boca, sem ritmo, sem entoação. Liguei o carro e dirigi-me a alta velocidade para casa da minha tia. Quando lá chegámos mal havia sítio para parar o carro, encostei-o junto a um dos muitos carros para poder despedir-me da minha tia e do meu tio, enquanto isso a Izzy ia chamando os rapazes.
Vi um grupo animado junto ao carro, era sinal de que estava na hora de ir embora, hora de mais uma noite atribulada.
***
 Izzy: Falas-te com a Carrie, Gio?
Giovanna: Não. Ela anda a gravar músicas e anda muito feliz, não a quero chatear. E alguma de vocês tentou falar com a Georgia?
Tânia: Eu tentei ligar-lhe, mas foi direito à caixa de correio.
Vicky: Mas ainda mais importantes, acham que a Sharon vais aparecer?
Giovanna: Sinceramente não sei…
Dean: Olá Tânia! (aquela voz tremida a dizer o meu nome não era estranha)
Tânia: Olá Dean!
Dean: Então, que posso fazer hoje por vocês?
Tânia: São 4 cafés, de faz favor.
Dean: Claro, trago já!
Izzy: Então??? Quem é moço?
Tânia: É um empregado… (sentia as minha bochechas a ficarem quente, mal o conhecia, e sem dúvida alguma, também não sentia nada por ele)
Vicky: Então porque estás a corar?
Tânia: Não estou a coroar!
Vicky: Estás sim!
Giovanna: Será que o Dougie finalmente já passou à história?
Tânia: O Dougie é muito importante para mim, mas sim, já passou à história.
Izzy: Ainda estou para ver isso quando o forem buscar para a semana…
Tânia: Vai ser tudo normal.
Dean: Ora, aqui estão os vossos cafés. Digam-se se precisarem de mais alguma coisa.
Tânia: Preciso. (esperei que ele parasse de olhar e se voltasse para mim) Sabes se estão a precisar de alguém aqui, para servir às mesas?
Dean: Não sei, mas posso falar com o meu patrão. Estás interessada?
Tânia: Sim. Preciso de começar a trabalhar.
Dean: Claro! Vou falar com ele e depois digo-te alguma coisa.
Izzy: Ela nunca mais aparece!
Giovanna: Tem calma, já viste como está trânsito?!
Izzy: Viesse mais cedo!
Ficámos durante algum tempo sem tema de conversa até o Dean aparecer com os papais para eu me inscrever à vaga, agradeci-lhe e guardei os papéis na mala.
Sharon: Olá! Desculpem o atraso…
Vicky: Já pensava-mos que não vinhas.
Sharon: Eu disse que vinha, não disse?! (olhou para nós como quem tem sempre razão, um olhar que me relaxou, pois parecia mesmo a Sharon que nós conhecia-mos) Começamos por onde?
Tânia: Pelo princípio…
Sharon: Então, naquela noite em Portugal… (acenei afirmativamente com a minha cabeça) tínhamos combinado um jantar de despedida, entretanto eu fui ajudar a minha mãe; atrasei-me e fui direita ao restaurante, esperei bastante e vocês nunca apareceram, tentei ligar mas ninguém atendeu.
Giovanna: Nós jantámos contigo Sharon…
Sharon: Desculpa, mas não! Eu passei a noite toda sozinha!
Tânia: Vamos lá ter calma… Não te aconteceu nada de mal nessa noite?
Sharon: Como assim nada de mal?
Giovanna: Do género… não te caiu um bolo a arder sobre ti?
Sharon: O quê????
Giovanna: Nessa noite nós levámos-te para uma casa assombrada e tinha-mos colocado um bolo na porta e quando abrisses era suposto cair-te em cima, mas alguém trocou o bolo e colocou um com velas a arder…
Sharon: Vocês estão a dizer que eu devia estar morta?
Izzy: Morta não, mas ferida sim…
Sharon: Mas isso não aconteceu, pelo menos, comigo não.
Giovanna: Então quem estava connosco? Era igual a ti!
Tânia: Nunca nos chegas-te a dizer porque é que a tua mãe tinha aceitado aquela proposta de trabalho tão de repente, ainda por cima para ir para tão más condições trabalhar…
Sharon: Nem ela chegou a dizer-me ao certo, só disse que precisava de mudar de ares.
Vicky: Acha que ela está a esconder alguma coisa?
Giovanna: Vicky! Então?!
Sharon: Não faz mal Gio, eu também já pensei nisso, mas não consigo encontrar nada…
Tânia: Achas que tens uma irmã gémea? Quando a tua mãe te teve ela não tinha condições quase para te ter, quando mais outra criança…
Sharon: Sim, eu pensei nisso, e tentei contactar com a pessoa que fez o parto à minha mãe, mas ainda não consegui…
Vicky: Nós ajudamos-te.
Sharon: Agora já acreditam em mim?
Tânia: Acho que sim, pelo parece que estás a dizer a verdade. E o teu namorado?
Sharon: O Jay… Não sei de nada dele desde hoje à tarde…
Izzy: De certeza que era ele que andava a mandar essas mensagens!
Sharon: Mas porquê?
Tânia: Havemos de descobrir… Mas não hoje. Já temos muito na nossa cabeça, precisamos de descansar. (dirigi o meu olhar para a Sharon para que ela entendesse que era com ela que agora estava a falar) Não desapareças, podemos voltar a encontrar-nos para falar melhor. (passei agora o olhar por todas) Sempre que soubermos de alguma coisa, conta-mos logo umas às outras, fica aqui prometido.
Giovanna: E até mesmo as mensagens, falem connosco se algumas delas forem mesmo más!
A conversa finalmente parou, começa-mos a despedirmo-nos e cada uma segui o seu caminho. Mesmo antes de ir preenchi a ficha de inscrição sobre a mesa onde tínhamos tomado o café, para a entregar ao Dean.
Dean: Espero que consigas o trabalho!
Tânia: Também eu, também eu… (sorri e deixei a esplanada)
Assim que cheguei a casa foi subindo as escadas à medida que tirava uma peça de roupa, o cansaço tomou completamente conta de mim o que me fez adormecer sobre a colcha ainda vestida.
Mais uma vez estava a acordar em pânico com a imagem da pequena menina loira. Deitei a cabeça sobre a almofada e fechei os olhos para voltar a adormecer, mas os primeiros raios de sol da manha não deixaram e o coração a bater a mil também não facilitava.
Peguei no telemóvel para ver as horas, e verifiquei que tinha uma mensagem. Pela primeira vez não tive medo de abrir a mensagem, parece que a conversa da noite anterior me tinha deixado mais descansada, o que era impossível porque aparentemente havia duas Sharon’s. Abri a mensagem e a minha sensação estava correta, a mensagem era boa. Era o Dean a dizer que tinha conseguido o trabalho e que deveria começar a trabalhar amanhã. Ou seja, significava que já só tinha um dia para mim mesma.
***
13 de março de 2011
Os dias foram passando, as mensagens pararam, tanto a mim como às raparigas. Parece que finalmente estava tudo a voltar ao normal. Tinha jantado umas duas ou três vezes com Dean, tinha sido muito divertido, ele era um rapaz espetacular. O que não estava a correr tão bem, era ainda o desaparecimento da Georgia e a tristeza do Danny.
Era véspera de ir buscar o Dougie e assim que saí do trabalho fui comprar um vestido, não demasiado chique, nem demasiado simples, para o ir buscar. Não que fosse importante, mas queria estar bonita para quando ele olhasse visse-mo como estava diferente, como tinha crescido sem ele.
Estava de volta dos vestidos quando sinto o telemóvel vibrar. Peguei-o sem hesitação, já não havia medo. Mas as mãos soadas, o tremelicar do coração e o arrepio a subir por mim voltou rapidamente, parece que tudo de bom que tinha acontecido durante aqueles dias, desapareceu.
DE: sem número
MENSAGEM: “Amanhã é o grande dia! Pode ser que também haja uma grande surpresa! –SSS”
Tânia *

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Capítulo 5

V
5 de março de 2011 (parte 2)
Izzy: Então? É boa a mensagem?
Olhei novamente para o pequeno papel sobre a minha mão misturado com as migalhas, queria ver se era mesmo verdade, se quem nos anda a ameaçar mexeu na nossa comida, se está mesmo a par de todos os nossos passos. Sabia que ficar ali sem fazer nada só ia preocupa-los então, sacudi os pedaços de bolo da minha própria mão e corri em direção à cozinha junto da minha tia.
Tânia: Quem é que nos entregou a comida tia?
Kathy: Não sei minha linda. Porquê, tinha alguma coisa estragada?
Tânia: Não. Só queria saber quem era!
Comecei a exaltar-me e uma lágrima escapou-me pelo olho, sorri e segurei-a com o dedo para ninguém ver, mas logo a seguir a essa começaram a cair muitas mais e já era impossível controlá-las.
 A minha tia foi-se aproximando de mim e aconchegou-me. Sentia falta de assim um carinho, ainda tinha passado pouco tempo mas muito tinha acontecido e sentia falta da minha mãe.
Kathy: Então? Que se passa?
Tânia: Nada…
Fui-me afastando dela e limpei as lágrimas á camisola, lancei um sorriso falso e virei as costas, olhei por entre os ombros e vi a minha tia com um ar de muito preocupada, parei junto a ombreira da porta e voltei-me para trás.
Tânia: Não te preocupes tia. Às vezes temos tanto aqui guardado que precisamos de deixar ir.
Finalmente sai e fui ter com eles junto ao lago.
Izzy: Então, que aconteceu?
Tânia: Nada… só me lembrei de ir falar com a minha tia. Meninas, vamos levando isto para a cozinha?
Não foi preciso ouvir as respostas delas, apelas se levantaram e começaram a pegar nas caixas vazias do nosso almoço. Quando finalmente estávamos o suficiente longe dos rapazes deu para falar.
Giovanna: Que dizia o teu papel?
Tânia: “Vamos jogar um jogo? –SSS”
Izzy: O quê??? Andaram a mexer no nosso comer?
Giovanna: Tem calma Izzy, não sabemos.
Tânia: Temos de ir hoje a essa loja…
Giovanna: E os rapazes?
Tânia: Ficam a pescar…
A Vicky voltou-se e olhou para eles, entregou-me as caixas que tinha nas mão e foi-se afastando de nós.
Tânia: Então?
Vicky: Vão andando, encontramo-nos no meu carro.
Fizemos o que ela pediu e fomos arrumar as coisas. Na cozinha estava a minha tia atarefada com as coisas para o lanche.
Kathy: Então minha querida, estás melhor?
Tânia: Sim tia, obrigada. Não sabes mesmo quem entregou a comida pois não?!
Kathy: Não minha linda. Mas se foi alguma coisa estragada eu vou lá e faço queixa!
Tânia: Não é necessário tia. Eu e as raparigas vamos dar uma volta, eles estão no lago. Até logo.
Kathy: Até logo meninas!
Giovanna: Quem é que achas que vamos encontrar lá?
Tânia: Alguém com respostas…
Vicky: Vamos meninas!

Entrámos no restaurante, aquela hora estava relativamente vazio. Foi a Giovanna que se dirigiu ao balcão.
Empregado: Boa tarde! Em que a posso ajudar?
Giovanna: Boa tarde… eu gostava de falar com um empregado ou empregada que à pouco foi levar uma entrega para 6 pessoas.
Empregado: Alguma queixa?
Giovanna: Não, só queríamos mesmo falar…
Empregado: Vou ver o que posso fazer por vocês. Espere um pouco.
O empregado dirigiu-se para uma sala que estava atrás dele. A pequena janela redonda que estava na porta não permitia que desse para ver muito lá para dentro, por isso trocámos apenas uns olhares impacientes.
Empregado: Então, foi uma rapariga, ainda é nova aqui. Ela neste momento não está, está na sua pausa. Ele deve voltar daqui a uns 20 minutos. Quer deixar mensagem?
Giovanna: Não, não é necessário. Eu volto quando ela estiver. Muito obrigado! (afastou-se do balcão onde permaneceu o empregado) Vamos dar uma volta e voltamos daqui a pouco.

Empregado: Boa tarde! É a menina que quer falar com a nossa empregada, certo?
Giovanna: É sim!
Empregado: Pode sentar-se que ela já vai ter consigo.
Giovanna: Obrigada!
Estávamos sentadas numa das mesas junto à janela. Tinha sido a Izzy e a Vicky que ficaram voltadas para o balcão, iriam ser as primeiras a saber quem era.
Izzy: Vem ai!!
Virámo-nos para trás e não vimos ninguém.
Tânia: Onde?
Izzy: Estava ali a espreitar pela janela!
Tânia: Viste quem era?
Izzy: Não…
Vimos o empregado a dirigir-se até nós.
Empregado: Peço imensa desculpa, ela teve de ir fazer uma entrega.
Izzy: Então o que é que ela estava a fazer ali a espreitar pela janela?
Empregado: Provavelmente só queria saber quem estava aqui.
Vicky: Vai demorar?
Empregado: Penso que não, mas entretendo… (e sentou-se junto de nós) quem são vocês?
Tânia: Desculpa? Quem és tu para estares a sentar-te connosco e a meteres-te nos nossos assuntos?
Empregado: Sou o namorado da pessoa com que vocês querem falar! Por isso, quem são vocês?
Trocámos olhares não respondemos a mais nada. Tínhamos ficado surpresas.
Empregado: Então, não dizem mais nada? (olhou para nós e soltou um sorriso falso já sabia que não ia obter respostas, por isso continuou) A minha namorada já anda a ser ameaça e estou a ficar farto disso! Por isso é melhor que vocês comecem a falar antes que eu chame a polícia!

Sharon: Tem calma, eu conheço-as…

Tânia *

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Capítulo 5

V
5 de março de 2011 (parte 1)
Giovanna: Estão mesmo lá fora!
Deixou o telemóvel cair e saiu a correr para a rua. Seguimo-la a grande velocidade. Estava bastante chuva, o que não a impediu de se colocar no meio da rua e começar a gritar.
Giovanna: O que queres que eu faça para nos deixares em paz! Ou então deixa a Carrie! Por favor! Que fizemos nós?!
Corri até ela e tapei-lhe a boca para que ela não conseguisse dizer mais nada.
Tânia: Que estás a fazer? (fui tirando a mão da sua boca lentamente)
Giovanna: Eles estão-nos a ver! (voltou a gritar) Eu faço o que quiserem!!
Vicky: Trá-la para dentro!
Tentei puxa-la mas ela vez força e soltou-se. Deixou-se cair sobre os joelhos no meio do chão e ficou ali a chorar. Juntei-me à Vicky junto à porta e olhámos em volta para ver se víamos alguém. Era difícil distinguir as formas da rua com aquela chuva, mas junto a um carro via-mos um género de vulto.
Tânia: Vê, ali à frente!
Vicky: É alguém!
Tânia: Vamos buscar a Gio!
Pegámos nela e arrastamo-la dificilmente para casa.
Giovanna: Porque é que não me deixaram ficar lá fora… Eles estavam lá, tenho a certeza… (suspirou e deixou-se cair no degrau das escadas)
Tânia: Porque estavam mesmo lá fora!
Levantou-se de repente e ficou com cara de espanto e de medo.
Giovanna: Estavam?
Vicky: Não sabemos… Podiam ser crianças a brincar…
Naquele momento olhámos para a Vicky e descontraímos por um bocado.
Tânia: Achas? Com esta chuva duvido muito que andem crianças a brincar na rua…
Rimo-nos um pouco, mas logo a seguir veio outra vez as preocupações e o medo de quem poderia estar lá fora e se ainda estavam a observar-nos.
Vicky: Não acham que é melhor avisar alguém que estamos a ser perseguidas?
Giovanna: E o que dizemos Vicky? Quem nos andam a ameaçar pelo o que fizemos à uns anos? Ainda nos culpam a nós!
Vicky: Mas já sabemos que ela está bem…
Giovanna: Mesmo assim. Não nos podemos esquecer do que aconteceu à Tânia. Nem sabemos se é por causa disso que nos andam a ameaçar.
Tânia: Meninas, já é tarde. Vamos ver se comemos alguma coisa e descansamos. Amanhã levantamo-nos cedo e falamos com a malta sobre a ideia de ir ao lago junto à casa da mãe da Vicky e do Danny e, vamos levar isto com calma.
Todas concordaram. Comemos e fomo-nos deitar.
***
Acordei novamente em pânico a meio da noite. A Vicky estava a dormir comigo e acordou com a minha agitação.
Vicky: Estás bem?
Tânia: Ah, sim. Ando a ter uns sonhos estranhos…
Vicky: Então?
Tânia: Não sei bem. Acordo sempre com a imagem de uma criança muito bonita, mas não a conheço…
Vicky: Não se preocupes, são só sonhos. Volta a dormir.
Tentei relaxar e deitei a minha cabeça sobre a almofada a tentar esquecer a pequena cara da criança dos meus sonhos.

Fui a primeira a acordar no outro dia. Levantei-me e comecei a chama-las.
Tânia: Meninas, andem, acordem.
Fui-lhes tocando nos braços e nas pernas à medida que me ia afastando da cama para sair do quarto.
Tânia: Estou lá em baixo à vossa espera.
Desci as escadas e fui até à sala onde me sentei à “chinesa” no sofá e liguei a televisão. Fiz zapping durante alguns segundos e só depois me lembrei de ir avisando os rapazes para a ida ao lago. Peguei no telemóvel e mandei uma mensagem a todos.
PARA: Danny; Harry; Tom
MENSAGEM: Olá! Espero que hoje os McFly não tenham nada para fazer que eu quero vocês todos em casa da minha tia para um dia no lago! Não digam que não, por favor. Confirmem e encontramo-nos lá antes da hora de almoço. Beijos. P.S: Avisem as vossas miúdas. (:

Passado pouco tempo obtive resposta de todos, menos a confirmação da “miúda” do Danny. Resolvi tentar ligar novamente à Georgia. O telemóvel chamou durante pouco tempo, a chamada foi cancelada. Naquele momento a preocupação que estava a ter por ela deu lugar a raiva, raiva pela atitude dela, raiva por fazer o meu primo sofrer e raiva por desistir sem pensar que nós todas também sofremos.
Giovanna: Bom dia!
Tânia: Bom dia meninas. Já avisei os rapazes, eles vão. Vamos andando e tomamos o pequeno-almoço pelo caminho.
Vicky: Sim, por mim tudo bem.
Giovanna: Falas-te com a Georgia?
Tânia: Tentei, mas a chamada foi cancelada.
Arranjámo-nos e fomos andando em direção a casa da minha tia, Parámos no café do costume para tomar o pequeno-almoço onde nos encontrámos com o Harry e a Izzy. Assim que pagámos, não fizemos serão e fomos de rumo a um dia para descontrair.
Assim que chegámos ficámos logo surpresos com a presença do Danny junto ao portão com o seu pai ao lado. Como sempre fomos recebidos com mil beijos e abraços da minha tia.
Kathy: Meus queridos, têm de me desculpar, mas não vou conseguir arranjar almoço. Estou muito atrasada. Peço imensas desculpas! Eu empresto-vos dinheiros e vocês vão almoçar ou pedem que vos tragam comer do novo restaurante chinês… Pode ser?
Tânia: Claro que sim tia! E não te preocupes com o dinheiro! (pisquei-lhe o olho e rodei o corpo em direção à malta) Como é, comida chinesa à “beira lago”?!
Todos: Pode ser!
Dirigi-me para longe do grupo onde se instalou uma grande confusão, peguei no telemóvel pronta a encomendar a comida. Notei que tinha uma mensagem e rapidamente abri-a. Era uma notificação de que o telemóvel da Georgia já estava disponível. Chamei as raparigas e coloquei a chamada em alta voz.
Tânia: Georgia?!
Outro: “Não. Quem fala?”
Tânia: É a Tânia. Como tem o telemóvel da Georgia?
Outra: “Essa rapariga vendeu-me o telemóvel e esqueceu-se do cartão, já lhe tentei devolver mas ela não quis… e agora desculpe mas tenho de desligar. Tenha um bom dia.”
A chamada foi cancelada e ficámos ali especadas sem dizer nada. Acompanhado com a nossa surpresa do outro lado da chamada apareceu o Danny.
Danny: Vocês já sabem alguma coisa da Georgia?
Tânia: Não! (respondi rapidamente)
Trocámos uns olhares frios, parecia que as raparigas queriam contar a verdade, mas não era capaz de fazer ao Danny, mas também custava-me muito mentir-lhe.
Tânia: Danny, depois fala-mos ok?! Vou encomendar a comida.
Danny: Ok. (foi-se afastando de nós e juntou-se ao resto dos rapazes)
Giovanna: Tânia!!
Tânia: Que foi?
Giovanna: Não lhe devias ter mentido!
Tânia: Que querias que dissesse?
Izzy: A verdade…
Tânia: Eu falo logo com ele, com mais calma e sem a vossa pressão sobre mim! Vamos preparando as coisas para almoçar.
Pegámos nas coisas e levámos para junto do lago onde íamos almoçar. Assim que acabámos de pôr a mesa chegou a minha tia carregada de sacos do restaurante chinês, instalámo-nos e almoçamos com a companhia de grandes gargalhadas, expecto pela parte do Danny.
Izzy: Olha, bolinhos da sorte!
Tânia: Eu abro o primeiro!
Peguei no bolo e fui abrindo-o para, ver a minha “sorte”. À medida que ia partindo o bolo sentia as migalhes por entre os meus dedos fazendo comichão, finalmente abri-o e desenrolei a mensagem. O sorriso com que eu estava a partir o bolo rapidamente desapareceu quando li a mensagem. Mesmo à minha frente, em papel e na comida tinha uma mensagem do/a “SSS”.

Tânia *

sábado, 26 de janeiro de 2013

Capítulo 4

IV
4 de março de 2011 (parte 3)

Danny: Acabou…
Não parava de repetir aquela palavra tão dolorosa, que naquele momento lhe devia estar a ferir o coração.
Tânia: Tem calma Danny… Queres que eu tente falar com ela?
De repente, aquela cara de triste, de confuso e de medo desapareceu para dar lugar a uma cara séria e rígida.
Danny: Não. Foi o desejo dela.
Virou-me as costas e desapareceu por entre os móveis e depois pelo jardim. Ainda corri atrás dele para o impedir, mas ele já estava dentro do carro pronto a arrancar.
Voltei para dentro e tentei assimilar tudo o que tinha acontecido. Nada estava a fazer sentido, muito menos as atitudes da Georgia. A única maneira de esclarecer tudo era falar com ela. Peguei no telemóvel e disquei rapidamente o seu número. Chamou várias vezes, e ninguém atendeu. Voltei a tentar e desta vez a chamada foi cancelada. O que quer que tenha sido, não queria atender a minha chamada.
Comecei a ficar preocupada e resolvi então falar com a Giovanna e contar o que se passava.
Giovanna: Estás a falar a sério?! Eles acabaram?!
Tânia: Sim.
Giovanna: Que deu na cabeça da Georgia??
Tânia: Não sei! Estava triste e de repente tornou-se má!
Giovanna: Será que ainda é por causa da Dona Mary?
Tânia: Não sei, mas penso que sim. Acho que ela sente-se culpada.
Giovanna: Mas culpada do quê?
Tânia: Não sei…
Giovanna: Hoje saio mais cedo e passo por casa dela, quando souber de alguma coisa aviso-te.
Tânia: Ok.
Atirei o telemóvel para o sofá e deixei-me cair sobre este. Olhei para as pequenas manchas de bolor que se estavam a formar no teto da minha sala, fixei-as, e, por segundos, apaguei, deixei que o cansaço tomasse conta de mim e esqueci-me de tudo. O vibrar do telemóvel de baixo do meu rabo fez-me abrir novamente os olhos. Peguei no telemóvel e atendi.
Tânia: Sim?!
Kathy: Tânia, minha querida. Estou-te a chatear?
Tânia: Ah, tia. Não, claro que não. Que se passa?
Kathy: É assim minha querida, estou encarregue de um lanche aqui em casa com o grupo de jardinagem em que eu ando, mas estou um bocado atrasada nas sobremesas. Achas que a Vicky podia passar ai e faziam as duas aqueles cupcakes maravilhosos que costumam fazer?
Tânia: Claro que sim!
Kathy: Então ela vai para ai agora depois vêm amanha. Venham todos e passem cá o dia. Tenho saudades de vos ver todos junto ao lago a pescar. (ouviu-se um riso abafado)
Tânia: (correspondi ao riso e continuei) Vou falar com eles. Até manha.
Não era o que me estava a apetecer, passar o resto da tarde a fazer cupcakes com a minha prima, mas era para ajudar a minha tia e talvez me fizesse descontrair.
Fui até à cozinha e preparei uma sandes para comer, fui preparando as coisas para a nossa tarde de cozinheiras e fui trocar de roupa. Enquanto esperei por ela ainda deu para mandar uma mensagem pelo e-mail à minha mãe, mentindo-lhe e dizendo que estava tudo bem.
Vicky: Chegou a melhor cozinheira!
Desci as escadas e fui ao seu encontro cumprimentando-a com um grande beijo.
Tânia: Desculpa desiludir-te, mas sou eu!
Vicky: Então, como vão as coisas, desde aquela atribulada noite?
Tânia: Não vão muito bem…
Vicky: Então?
Tânia: A Georgia passou-se e acabou tudo com o Danny.
Vicky: A sério?
Tânia: Sim… e agora não atende o telemóvel. A Gio vai passar por casa dela e depois diz-me qualquer coisa. Vamos começar?
Vicky: Sim!
Dirigimo-nos à cozinha e começamos a fazer os cupcakes. Como era para o grupo de jardinagem da minha tia, decidimos fazer as decorações com coisas de jardim.
Tânia: E contigo, como vão as coisas?
Vicky: Vão bem. Não recebi mais nenhuma mensagem, o que é bom.
Tânia: Sim, vai-te dando por sortuda, e eu também, que desde essa noite ainda não recebi nenhuma.
Tinha acabado de dizer “nenhuma” quando o meu telemóvel toca. Tinha uma mensagem.
DE: Giovanna
MENSAGEM: “Temos de falar urgentemente. Passo agora por tua casa. Gio”

Tânia: Era a Gio. Diz que vai passar agora por aqui.
Vicky: Vamos por estes no forno e tirar os outros e depois fazemos qualquer coisa para o jantar.
Fomos arrumando as coisas e encaixotar os cupcakes enquanto esperávamos pela Giovanna, finalmente quando chegou retiramo-nos todas para a sala.
Tânia: Que aconteceu? Falas-te com a Georgia?
Giovanna: Não. Não estava em casa, e o Danny disse que não pôs lá os pés as tarde toda.
Vicky: Como é que ele estava?
Giovanna: Nada bem… mas continuando, como ela não estava lá, passei por casa dos pais dela.
Tânia: E então?
Giovanna: Não sabem de nada, só me disseram que ela passou por lá para buscar uns documentos que se tinha esquecido em casa deles.
Tânia: Que documentos?
Giovanna: Não sei, mas os pais dela também não sabiam, notava-se que também estavam preocupados.
Tânia: O que é que ela estará a tramar?!
Giovanna: Não sei, mas tenho medo que não seja coisa boa…
Vicky: Não é que ela não merecesse… Depois do que ela fez ao meu irmão, só me dá vontade de a estrangular!
Giovanna: Calma Vicky, nenhuma de nós sabe o que ela está a passar…
Vicky: Por acaso sei. A minha avó também já morreu…
Giovanna: Mas não te sentiste culpada pela sua morte pois não?! A Georgia sente-se culpada.
Ficámos em silêncio com a ultima nota aguda que saiu da boca da Giovanna.
Tânia: Não vamos pensar de cabeça quente, já sabem que não nos leva a lado nenhum.
Vicky: Tens razão.
Giovanna: Desculpem se estou assim nervosa, mas isto está a dar cabo de mim! Como é possível alguém nos querer tanto mal?! Que raio nós fizemos???
Sentou-se no sofá da sala e deixou cair a cabeça para entre as pernas, onde se ouvia uns soluços.
Tânia: Tem calma… (sentei-me junto dela)
Subiu a cabeça para cima e limpou as lágrimas.
Giovanna: Hoje recebi mais uma mensagem…
Vicky: Que dizia? 
Giovanna: Se ainda andava a fazer planos para o casamento.
Tânia: A sério?! Vocês estão mesmo a pensar em casar-se?
Giovanna: Falamos nisso de vez em quando, mas não quer dizer que seja já! Nem eu quero já! Mas um dia mais tarde quero…
Vicky: Então não te preocupes…
Giovanna: Preocupo… porque ele, ou ela, diz que se eu continuar com estas ideias a Carrie é que paga… Eu não me importo de perder tudo, só não quero que a Carrie esteja mais envolvida nisto. Ela tem um futuro enorme pela frente. Só em dá vontade de ir lá fora e gritar que quero negociar.
Tânia: E o que te faz pensar que estão lá fora?
Giovanna: Porque mandaram-me essa mensagem no fim de eu me afastar da loja de noivas do shoping.
Nenhuma de nós teve reação às últimas palavras da Giovanna. Parecia mesmo que estávamos a ser observadas.
Um telemóvel tocou. Um arrepio subiu-me pelo corpo todo e chegou-me à cara e perdeu-se. Olhei para o meu e vi que não era ele. Uma sensação no estômago fez-me acalmar e voltar a sentar-me no sofá, juntamente com a Vicky que também já tinha visto o telemóvel.
Vicky: É o teu Gio…
Ela estava paralisada, ali no meio da minha sala. Piscou os olhos com força e pegou no telemóvel. Aproximamo-nos dela para podermos ler também a mensagem.
DE: sem número
MENSAGEM: “As três juntas?! Que altura tão boa para fazer uma festa! Ainda por cima já com os bolos feitos!”
Tânia *