sábado, 8 de dezembro de 2012

Capítulo 4


IV
4 de março de 2011 (parte 2)

Não me mexia, não pensava em nada. Estava paralisada. As outras raparigas já cruzavam olharas, mas eu não. Senti uma enorme vontade de chorar, de desistir de tudo, mas por outro lado sentia vontade de acabar com isto, ao fim ao cabo, não era só eu que estava a sofrer, tinha também de pensar nas raparigas.
Tânia: Ok, vamos manter a calma…
Vicky: Calma?! Alguém andou aqui dentro enquanto nós aqui estávamos, alguém matou a Mary, isto não é brincadeira!
Giovanna: Mas o que é que te vai servir estar assim, nervosa?!
Tânia: Oiçam. Todas nós já percebemos que isto não é nenhuma brincadeira de mau gosto, mas se nos enervarmos não vamos conseguir fazer nada e é isso que eles querem!
Georgia: E se fossemos falar disso para outro sítio?! Está aqui gente a mais na sala… (e dirigiu o olhar para a Sharon)
Carrie: Georgia, ela também foi ameaçada, tal como nós.
Georgia: E como é que sabes que ela não manda as mensagens para ela própria?!
Giovanna: Oh Georgia, poupa-nos!
Sharon: Parem! Parem e pensem por um minuto. Se alguém entrou aqui, entrou pela porta das traseiras, porque se fosse a da frente nós via-mos… então, Tânia, a Mary tinha que chave?!
Tânia: Hum… não tenho a certeza, mas acho que é a da frente.
Georgia: Então, o que quer que quisessem da minha avó não encontraram e por isso mataram-na.
Carrie: Ela já tinha visto quem era, quem andava a fazer isto.
Tânia: Estão a ver?! Agora mais calmas conseguimos trabalhar melhor.
Izzy: Bom, já é bem de dia. Acho que vou andando.
Giovanna: Sim, eu também. Anda Carrie.
Vicky: Beijos Tânia.
Giovanna: Tu ficas Georgia?!
Georgia: Sim. Depois vou com a Tânia ao funeral.
Tânia: Vai tomar um duche no meu quarto enquanto eu visto uma outra roupa.
Acabámo-nos de arranjar e saímos em direção ao meu carro. O tempo estava chuvoso, por isso fomos com umas capas de pelo preto para não passar-mos frio no cemitério.
Georgia: Vamos já direitas ao cemitério?
Tânia: Sim, mas temos de passar primeiro na florista.
***
Rebecca: Fico muito contente por teres vindo Georgia…
Georgia: Não ia faltar Rebecca…
Rebecca: Tânia, certo? (esperou que acenasse com a minha cabeça afirmativamente) A minha mãe trabalhava para ti, não era?!
Tânia: Sim.
Rebecca: Fico contente por terem aparecido, significa muito…
Georgia: Claro…
Rebeca, a filha da Dona Mary, começou a afastar-se de nós para saudar as outras pessoas. Não eram muitas, talvez pelo facto da Dona Mary ser uma pessoa reservada, parecia que a maior parte das pessoas que se encontravam de baixo dos chapéus-de-chuva junto à sua campa, eram familiares.
Tânia: Estás bem?
Georgia: Sim, só preciso que este dia acabe depressa.
Abracei-a para que ela não se sentisse sozinha. Mesmo com tudo o que se estava a passar, ela parecia estar razoavelmente calma. O tempo foi passando e deixamo-nos ficar para último.
Tânia: Vamos andando?! Está na hora de almoço…
Georgia: Sim, vai andando. Encontramo-nos do carro.
Obedeci às suas palavras e afastei-me dela em direcção ao carro, olhei várias vezes para trás e via a pequena figura alta e elegante da Georgia junto à campa da sua avó. Não sabia o que fazer para que ela deixasse de se sentir culpada, precisava de fazer alguma coisa para que ela acreditasse que não teve culpa de nada.
Coloquei a mão na mala assim que ouvi o som do telemóvel a suar perdido na mala.
Danny: “Até que em fim que alguém me atende! Porra! Tive a manha toda a tentar falar com uma de vocês e ninguém me atendeu! Estão de ressaca é??”
A voz irritada e zangada do Danny entrou-me rapidamente à cabeça sem me dar tempo de arranjar uma desculpa adequada.
Danny: “Onde estás? E onde está a Georgia?”
Tânia: Calma… ela está comigo.
Danny: “E está contigo onde?”
Tânia: É melhor ser ela a explicar-te…
Danny: “Explicar-me o quê? Que se passa? Ela está bem?”
Tânia: Sim. Olha, nós vamos almoçar em minha casa, passa por lá e almoças connosco.
Danny: Ok. Estou a ir.
Olhei para a Georgia e só via a sua figura muito desfocada acenei-lhe para que ela regressasse para junto de mim.
Tânia: O Danny ligou.
Georgia: Que lhe disseste?
Tânia: Nada. Que era melhor seres tu a contar. Ela vai almoçar connosco.
Georgia: Tu o quê? Eu não quero falar com ele!
Tânia: Porquê? Ele é o teu namorado!
Georgia: Não me apetece falar com ninguém! Leva-me para casa.
Tânia: Vai então só almoçar à minha casa…
Georgia: Mas não quero demorar. Se não me cruzar com ele melhor.
Entrou no carro e fechou a porta com força, mostrou o seu lado frio, naquele momento percebi que a menina simpática deixou de existir e tão rapidamente não ia voltar. Parecia que a sua calma de repente tinha desaparecido, parecia uma nova e fria, Georgia.
Fizemos uma viagem em silêncio, nem a música alegre que tocava no rádio nos fez descontrair, os nossos olhos ou pairavam na estrada ou focavam as pessoas nos passeios a fugir da chuva, nunca trocámos olhares até à chegada.
Georgia: Aquele é o carro do Danny. Deixa-me aqui, eu vou a pé.
Tânia: Não Georgia! Deixa de ser assim e enfrenta-o!
Saiu do carro e voltou a fechar a porta, mas desta vez ainda com mais força.
Fui entrando e já os encontrei os dois sentados na sala em silêncio. Subi as escadas para os deixar mais à vontade e fui até ao meu quarto. Deitei-me na cama e comecei a pensar em tudo o que se estava a pensar, tentava concentrar-me nos pormenores, mas estava-se a tornar cada vez mais difícil porque não deixava de pensar o que se estaria a passar com a Georgia para ela tratar assim o Danny. Voltei a tentar concentrar-me mas fui interrompida por um bater forte da porta. Esperei um pouco e não conseguia ouvir nada, resolvi descer as escadas. À medida que colocava um pé no degrau o meu coração saltava, estava ansiosa para saber quem tinha ficado em silêncio na minha sala. Finalmente, quando acabei de descer dirigi-me à sala e encontrei o Danny em pé junto à janela, estava tão paralisado que nem deu pela minha presença.
Tânia: Danny, estás bem?
 
Como de esperar, não obtive resposta. Aproximei-me calmamente dele e coloquei a minha mão sobre o seu ombro.
Tânia: Danny… fala para mim… que aconteceu?
Umas pequenas palavras começaram a sair da sua boca em forma de soluços. Esperei até compreender melhor.
Danny: Acabou.

Tânia *

sábado, 15 de setembro de 2012

Capítulo 4

IV
4 de março de 2011 (parte 1)
Olhámos umas para as outras e engolimos em seco.
Izzy: Tens a porta fechada?!
Fui a correr para a cozinha e atrás de mim vinham todas as raparigas a correr.
Georgia: Está aberta!
Fechei-a rapidamente e olhei para elas, engoli novamente em seco. Corri para a outra porta, fechei-a e juntamente com ela as janelas.
Vicky: Achas que alguém entrou?!
Giovanna: Vamos subir e ver…
Tânia: Levem isto! (peguei rapidamente nas facas que se encontravam no faqueiro) Levem!
Giovanna: Achas que é necessário?!
Tânia: E tu?! Achas que é necessário?!
Nenhuma respondeu, a Georgia aproximou-se de mim e pegou numa nas facas.
Georgia: Vamos lá acabar com isto.
Começamos a subir silenciosamente. Ninguém sabia com o que estávamos a lidar, tínhamos todas medo do que poderíamos encontrar ao subir as escadas, o que nos podia acontecer.
Cada passo que dávamos soava um som diferente na madeira, agarrávamos com mais força as facas, como se fossem elas a nossa salvação. Parecia um filme de terror. Algumas janelas estavam abertas e as cortinas dançavam ao som do vento. As nossas mãos tremiam, acabava por parecer estranho estrarmos na minha própria casa com facas na mão, e isso deixava-nos ainda mais nervosas.
Izzy: Não é melhor chamar-mos a polícia?
Tânia: E quando chamar-mos?! O que dizemos?!
Continuámos a caminhar pelo chão de madeira, as tábuas no chão continuavam a fazer barulho que ecoava pela casa inteira. Fomos abrindo as portas enquanto fazíamos uma pequena revisão a casa divisão do andar de cima.
Carrie: Não está cá ninguém!
Finalmente o batimento do meu coração abrandou, deixei o braço encostar-se às pernas e senti o frio d faca. O nosso olhar acalmou-se e, lentamente, fomos descendo para a sala.
A Georgia foi-se a aproximando de mim com aquele olhar desconfiado.
Georgia: O que é que vamos fazer com ela?!
Tânia: Não sei.
Georgia: Vou fazer queixa dela à polícia!
Tânia: Não! Não temos a certeza se foi ela e para além disso precisamos dela, só ela é que nos pode dar as respostas!
Georgia: Sim, e no fim mata-nos!
Tânia: Não! Claro que não! Vamos decidir o que fazer com ela, mas todas juntas.
Chegámos à sala e instalamo-nos nos sofás vazios. Estávamos mais calmas, já tínhamos pousado as facas e agora o nosso olhar já só caia sobre a Sharon.
Georgia: Porque é que a matas-te!
Tânia: Calma Georgia!
Sharon: Eu não matei ninguém!
Tânia: Nós fartamo-nos de procurar-te! Nunca mais ouvimos falar de ti!
Sharon: Vocês sabiam que era o meu último dia em Portugal e Londres. Foi na noite dos meus anos para a África.
Giovanna: Quando é que chegas-te?
Sharon: Há cerca de uma semana.
Tânia: Porque é que nunca vieste ter connosco?
Sharon: Porque vos queria fazer uma surpresa, percebi o quando fui estupida e mimada por não ter voltado a falar com vocês, mas estava, de uma certa forma, revoltada e chateada. Mas quando finalmente resolvi ir ter com vocês, comecei a receber umas mensagens estranhas. Reparei que se estava a passar alguma coisa, até mesmo em minha casa, notava coisas diferentes, então, antes de ir ter com vocês resolvi investigar primeiro sozinha. Como sabia que a Dona Mary tinha a minha chave de casa, resolvi ir lá para saber se ela tinha ido a minha casa ultimamente…
Georgia: Então resolves-te ir lá e mata-la!
Sharon: Não, claro que não! Fui lá algumas vezes durante o dia, mas nunca a encontrei, então resolvi ir lá à noite. Quando me aproximei da porta para entrar senti uma pancada na cabeça e fiquei inconsciente, acordei no meu carro.
Carrie: Estás a dizer que alguém te atacou e que te voltaram a pôr no carro?!
Sharon: Sim.
Giovanna: Como é que é possível?! Quem é que te atacou?!
Sharon: Não sei, não consegui ver nada. Quando acordei e fiquei consciente, tive medo e fui para casa.
Georgia: Não te ocorreu que a pudessem ter magoado?!
Sharon: Sei lá! Naquele momento só queria fugir, tinham-se batido, achas que ia voltar atrás?!
Não obteve resposta de nenhuma das raparigas. O silêncio pairava na sala, que der repente transformou-se numa sala de interrogatórios onde no centro do teto só estava uma lâmpada a tremelicar.
Sharon: Comecei a perceber que não era nenhuma brincadeira e que estava a lidar com pessoas violentas, então chamei o meu namorado para me acompanhar, e foi assim que vos encontrei.
Estávamos todas a olhar para ela como se nunca a tivéssemos visto. Estávamos cansadas, olhei para o relógio sobre um dos móveis da sala e marcava 1:07h.
Tânia: É tarde. Meninas, vão buscar qualquer coisa à cozinha para comer, estejam à vontade e ponham-se confortáveis. Vou lá a cima tomar um ducho rápido.
Subi e fui tomar banho. Sabia-me bem sentir os pingos do chuveiro a escorregarem-me pelas costas. Vesti uma roupa simples e confortável. Fui até ao guarda joias para por uns brincos pequenos quando me deparo com o fio. Desci as escadas a toda a velocidade e fui para a sala, onde elas estavam com montes de comida sobre a pequena mesa.
Tânia: Alguém chegou a entrar dentro de casa!
Vicky: O quê?!
Tânia: O meu fio estava no guarda joias!
Vicky: Isso é bom…
Tânia: Não, porque à pouco, antes de sair-mos para casa da Dona Mary, o fio não estava lá!
Georgia: Foste tu! Assim que chegas-te colocaste-o lá em cima! Admite Sharon!
Sharon: Como é que fui eu se estive sempre aqui amarrada?!
Giovanna: Calma! As duas! Tânia, tinhas a certeza de que ele não estava lá?
Tânia: Sim, foi por isso que fomos a casa da Dona Mary.
Giovanna: Então alguém entrou, mas já não está cá, não está cá ninguém. (a Giovanna era a única que nos conseguia acalmar) Estamos todas cansadas, vamos comer qualquer coisa e ficamos todas por aqui.
Começamos a abrir os pacotes de batatas fritas e os sumos. O som da nossa boca a mastigar as batatas abafou qualquer som existente na rua.
Tânia: Nós tentámos contactar-te… (dirigi-me à Sharon)
Sharon: Eu sei. Mas nessa altura eu não queria falar com vocês…
Carrie: Porquê?! Deixaste-nos preocupadas!
Sharon: Porque vocês sabiam que era a minha última noite em Portugal e não foram capazes de fazer nada!
Georgia: Nada?! Nós preparámos-te uma surpresa!
Sharon: Que surpresa! Passei a noite do meu aniversário sozinha…
Georgia: Sozinha?! Como?! Nós fomos-te buscar e levamos-te para a surpresa!
Sharon: Não, não me parece, se eu não eu lembrava-me…
Izzy: Calma lá! Estás a dizer que não eras tu que estava connosco naquela noite?!
Sharon: Não, eu não era!
Tânia: Então quem era?!
O silêncio foi a principal arma usada naquele instante, não tínhamos uma única reação, nem os olhares se cruzavam, só o som dos telemóveis em sinfonia é que deu ambiente à sala. Fui a primeira a pegar no telemóvel, em seguida começaram ela, a medo, também a pegar. Antes de abrir-mos as mensagens, cruzamos os primeiros olhares daquela noite. Era como se já esperássemos de quem era a mensagem, só não sabíamos o seu conteúdo.
DE: sem número
MENSAGEM: “Então?! Gostaram da surpresa?! Gostaram da minha companhia naquela noite, ou preferiram a de hoje?! –SSS”
 Tânia *

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Capítulo 3

Olá a todos os leitores do meu pequeno blog! :D
Queria desde já agradecer por todos os comentário, muito obrigada (:
Vou partir para um pequena viagem até ao nosso país vizinho, Espanha. Vou passar uma semana a Benidorm, por isso, mesmo antes de partir, deixo-vos aqui este capítulo e, espero que gostem, assim que voltar vou tentar publicar rapidamente!
Beijinhos e um bom resto de férias (:


III
3 de março de 2011 (parte 3)

Giovanna: Não é possível…
Tânia: Como é que ela está aqui?!
Georgia: Eu vou matá-la!
Dirigimo-nos rapidamente até à Georgia para impedi-la de fazer alguma asneira da qual mais tarde se iria arrepender.
Giovanna: Calma Georgia.
Georgia: Eu disse que era ela que estava por detrás disto tudo!
Tânia: Não temos a certeza de nada.
Georgia: Não?! Então porque é que ela vos atacou?
Giovanna: Não sei, mas temos de descobrir de alguma maneira e o mais rapidamente possível., mas não vamos fazer nada de radical, não temos a certeza de nada.
Tânia: Vamos atá-la e levamo-la para a minha casa!
Giovanna: Eu acabei de dizer para não fazermos nada de radical!
Tânia: Ela também nos atou!
Georgia: E as raparigas?! Vão entrar em choque.
Giovanna: Mais tarde ou mais cedo elas tinham de descobrir, até porque alguma dela também já pode ter sido ameaçada.
Georgia: Mas agora acabou! Nós temo-la aqui! (disse, acabando de a amarrar) Vamos levá-la e esclarecer tudo!
Saímos pela mesma porta que entramos mas desta vez fechamo-la para que ninguém voltasse a entrar.
Dirigimo-nos até ao carro, parecia rude, mas colocamo-la no porta bagagens.
Georgia: Se foi ela que matou a minha avó, eu mato-a!
Giovanna: Calma, podemos descobrir tudo a partir dela.
Tânia: Trouxeste a mala dela?
Georgia: Sim, está aqui.
Pegámos na mochila e começamos a sacudi-la para ver o que estava no seu interior, finalmente caiu sobre o banco o telemóvel.
Tânia: Vê as mensagens!
Georgia: Hum… Não tem nada, só de um tal Jay…
Giovanna: E o que dizem?!
Georgia: Nada que nos ajude.
***
Tânia: Ajudem-me a tirá-la!
Abri a porta bagagens e lá estava ela, deitada sobre uns cobertores velhos, amarrada e ainda inconsciente.
Giovanna: Ora, isto é uma imagem que nunca vou conseguir tirar da minha cabeça.
Tânia: Parecemos umas criminosas…
Georgia: Se foi ela, merece!
Ficámos paralisadas a olhar para a Georgia, sabia-mos que estava a passar um mau bocado, mas estava-se a tornar fria, não parecia a menina alegre que todos conhecem.
Giovanna: Onde é que a vamos pôr?
Tânia: Na sala.
Giovanna: Na sala?!
Georgia: Claro! É para ela falar uma só vez e à frente de todas!
Carrie: Posso entrar Tânia?!
Tânia: Sim Carrie, estamos na sala.
Carrie: Boa noite… O que é que ela está aqui a fazer??
Giovanna: Ainda não sabemos…
Carrie: O que se passa?! Porquê é que ela está amarrada?!
Giovanna: Ainda não sabemos nada… Esperamos até ela acordar para lhe fazer-mos todas as perguntas.
A campainha tocou algumas vezes, anunciava a chegada de mais alguma rapariga. Dirigi-me para poder abrir a porta.
Vicky: Linda brincadeira…
Tânia: Hey! Que brincadeira?!
Vicky: A mensagem…
Tânia: Que mensagem?!
Num movimento desconfiado, puxou o telemóvel do pequeno bolso das calças justas de ganga.
Vicky: Esta… (girou o pulso para que eu pudesse ver a mensagem)
DE: sem número
MENSAGEM: “Festinha com as amiguinhas para se vingarem de mim?! Não me parece! Ainda bem que mudei os meus planos! Tem cuidado! –SSS”
Tânia: Não fui eu!
Vicky: Só a minha mãe é que sabia da festa, e ela mal sabe ligar o telemóvel quanto mais mandar uma mensagem!
Tânia: Mas é por causa desse tipo de mensagens que nos juntámos hoje…
Vicky: Mas qual tipo de mensagens?!
Tânia: Essas assim, ameaçadoras…
Vicky: Em que é que elas estão metidas Gio?! (dirigiu-se para a Giovanna porque já sabia que ela não é de brincadeiras)
Giovanna: É verdade Vicky…
Tânia: Vai andando para a sala, esperamos pela Izzy e depois eu conto-te tudo.
Vicky: Como é que ela está aqui??
As ultimas palavras foram agudas e altas o que provocou um grande eco na sala que fez com que a espécie, de prisioneira, começasse a abrir os olhos. A pouco e pouco os olhos iam abrindo cada vez mais. Estávamos todas em roda dela para ver a sua primeira reação. Quando se deparou amarrada, deu um pequeno salto e tentou soltar-se.
Vicky: Meninas, temos de a soltar!
Georgia: Não! Antes tem de nos dar algumas respostas…
Continuava a tentar soltar-se e ao mesmo tempo soltava uns grunhidos à espera que alguém a soltasse.
Vicky: Meninas…vão deixá-la assim?!
A Vicky não estava a gostar, também porque não conhecia a história toda, talvez porque ainda não tivesse passado pela mesma experiencia que eu, ou a Georgia.
Izzy: Posso?! (foi-se aproximando de onde vinham os sons) Boa noite! (olhou em volta e deparou-se com ela amarrada na sofá) Que se passa aqui?!
Tânia: Está na hora!
Esperei que se colocassem confortáveis e notava que algumas delas estavam com uns grandes pontos de interrogação na cabeça.
Tânia: vou tentar resumir, porque tudo isto é uma confusão… Todas vocês conhecem o nosso passado, pois bem, para que ele está a voltar.
Vicky: Pois, essa parte já percebemos, ela está aqui! Já agora, como é que ela apareceu aqui?
Giovanna: Tem calma Vicky! Tu recebeste uma mensagem anónima, eu, a Georgia e a Tânia também recebemos, nós acreditamos que quem nos manda essas mensagens é aqui esta menina!
Vicky: Ela?! A sério, ela?!
Ouvimo-la a fazer casa vez mais barulho. Queria tirar-lhe a cola da boca e ouvir o que tinha para dizer, mas tinha medo, tinha medo de ouvir o que ela tinha para dizer.
Georgia: Não é só mensagens… Ela mandou-me uma a ameaçar a minha avó, mas eu ignorei e no outro dia a minha avó estava… morta.
O silêncio instalou-se na sala, mesmo da parte da nossa prisioneira, não houve um único som.
Tânia: Algo se está a passar. Mas vai acabar porque temos aqui a pessoa causadora de todo este sofrimento que se prolongou demais.
Vicky: Não estou a perceber nada! Como é que a tua avó morreu, se eu tive com ela à pouco tempo?!
Georgia: Não é essa minha avó, mas sim a minha avó biológica, a empregada da Tânia.
Vicky: A Dona Mary?!
Tânia: Sim…
Izzy: Então, estão-me a dizer que ela, (e e olhou com toda a raiva para o sofá) anda a matar pessoas e o mais certo é querer matar-nos?!
Tânia: Não sabemos, mas talvez…
Desta vez deu um grito bastante grande, estava revoltada e rebolava no sofá a tentar soltar-se. A curiosidade era cada vez maior, mas havia um grande receio de ouvir as primeiras palavras que ela iria dizer, como se fossem definitivas. Olhei para as raparigas e conseguia perceber que, mesmo no meio daqueles olhares desconfiados, estavam a começar a perceber, então, resolvi soltá-la.
Sharon: Não fui eu!!
Estávamos todas a olhar para ela, ninguém dizia nada, mas não parecia que ninguém queria acreditar nela.
O som de um telemóvel espalhou-se pelo ar, logo de seguida outro, e outro, e outro, todos os nossos telemóveis tocaram, quase em sinfonia, até mesmo o da Sharon. Com grande medo começamos a carregar nas teclas e abrir as mensagens. Peguei também no telemóvel da Sharon para poder verificar qual era a sua mensagem.
Estávamos todas a olhar fixamente para os telemóveis, cruzei por instantes o meu olhar com a Sharon, notei no seu olhar medo, o mesmo medo que senti em Portugal. Finalmente estávamos todas a ler a mensagem.
DE: sem número
MENSAGEM: “Morderam o isco? Gostaram de encontrar a assassina? Quem é amigo/a! Podiam era ter convidado para a festa! Não gostei de ficar de fora, mas talvez ainda apareça! –SSS”
 Tânia * 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Capítulo 3

III
3 de março de 2011 (parte 2)
Tânia: Estou?!
Não obtinha resposta do outro lado da chamada. Voltei a chamar várias vezes, mas nunca obtive resposta, nem um único som. Já estava para desligar quando oiço do outro lado um género de gravação a começar.
Giovanna: Já podes tirar a venda!
Georgia: Podes entrar nessa porta, está ai a tua surpresa!
Sharon: Hum, entrem vocês primeiro!
Giovanna: Não, tu é que és a aniversariante! Entra!
Vicky: Então! Entra! Entra!
Sharon: Não parece ser seguro…
Giovanna: Sharon, nem pareces tu! Entra!
Todas: Parabéns a…. Ahhhhhhhh!!

A chamada foi desligada antes de eu puder perguntar quem era, mesmo que tivesse tempo não era capaz de libertar nenhuma palavra da boca. Estava a suar pelas mãos e o telemóvel escapou-me por entre os dedos. Mais uma vez tinha ficado sem reação, não sabia o que fazer, agora tinha a certeza que não era preciso sentir-me insegura em relação às raparigas.
Tinha medo de voltar para casa sozinha, mas não tinha mais nenhum sitio para onde ir, liguei o carro e comecei a passear por Londres. Via as pessoas a passear pela rua, como se não tivessem problemas. À cabeça só me vinham imagens daquela noite de férias, vinha-me também a imagem daquela criança do meu sonho, não sabia o porquê, não conhecia nenhuma criança assim; pensava também no meu fio e como é que ele foi parar ás minhas mãos.
Tive de fazer uma travagem brusca para um senhor, já com a sua idade, pudesse passar à passadeira, estava tão distraída com os meus pensamentos que acabei por desligar, esqueci-me do tempo, não reparei nas horas.
Dei a volta ao carro, ganhei coragem e fui para casa almoçar. Quando entrei em casa, senti novamente uma estranheza ou uma sensação de uma outra presença na casa. Corri para o quarto para ver se faltava alguma coisa, abri gavetas, espreitei por baixo da cama e abri o guarda joias, faltava-me o colar, o colar desaparecido que apareceu na minha primeira noite em Londres.
Sentia a necessidade dentro de mim de gritar, mas contive-me e uma pergunta simbólica escapou-me por entre os lábios secos.
Tânia: Está ai alguém?
As janelas e as portas estavam fechadas, então, se alguém entrou, entrou pela porta. Sentia-me mal por pensar outra vez na Dona Mary, era impossível ela estar envolvida nisto e para além disso ela já estava, morta.
Tânia: Georgia, quando ouvires esta mensagem tenta vir o mais rapidamente possível para minha casa.
***
Georgia: Que se passa? Só consegui chegar agora…
Tânia: Alguém esteve em minha casa.
Georgia: Como assim?! A minha avó, quer dizer a Mary, está… (não conseguiu dizer a palavra, recuperou o folgo, conteve as lágrimas e continuou) e nós nem chegámos a saber se era ela que tinha a chave.
Tânia: Então temos de descobrir.
Georgia: Como?
Tânia: Voltamos lá!
Georgia: Oh não! Não, não! Nem penses!
Tânia: Oh Georgia, tem de ser. Vamos lá agora antes das raparigas chegarem, quando mais depressa resolvermos isto melhor!
Georgia: Não Tânia, esquece!
Tânia: Por favor Georgia. Não precisas de entrar… Eu compreendo que custe, mas por favor!
Georgia: Mas porquê agora?! Esperamos por elas…
Giovanna: Posso entrar?!
Tânia: Sim, estamos na sala mas já estamos de saída! (puxei a Georgia pelo um braço e dirigimo-nos até a porta de entrada onde a Giovanna esperava-nos com uma cara de confusa)
Giovanna: Saída? Mas pensei que era aqui que nos encontrávamos…
Tânia: E é, mas vamos a casa da Dona Mary.
Georgia: Oh Tânia, não!
Tânia: Não precisas de entrar…
Giovanna: (olhou para nós e tomou uma decisão, que nunca esperei que ela entrasse no “nosso filme” tão rapidamente) Se é para ir é agora! Daqui a pouco a mãe do Tom vem trazer a Carrie.
Tânia: Vamos!
Bati a porta da casa e confirmei várias vezes para ver se estava realmente bem fechada, depois batemos em conjunto as portas do carro e fomos a caminho da casa da Mary.
Tânia: Então Gio, que dizia a tua mensagem?
Giovanna: Dizia para eu não aceitar…
Georgia: Aceitar o quê?!
Tânia: O pedido de casamento do Tom…
Georgia: Ele já te pediu?
Giovanna: Não, mas eu encontrei o anel numa das gavetas dele.
Georgia: E porque é que eu não sabia de nada disso?
Giovanna: Desculpa Georgia, não em entendas mal, mas se tu já soubesses o Danny também e isto é uma surpresa.
Georgia: Mas a Tânia já sabia…
Tânia: Vais dar agora em ciumenta?!
Giovanna: Peço desculpa se eu agora ando mal disposta e sinto-me completamente sozinha porque não posso contar nada ao meu namorado e agora as minhas amigas não confiam em mim! (foi elevando o tom de voz para mostrar que estava revoltada)
Giovanna: Calma Georgia, nós sabemos que estás a passar um mau bocado, mas nós vamos tentar resolver isto o mais depressa possível e não tens de descarregar a tua raiva em nós.
Tânia: Vocês acham que se fossemos à polícia eles descobrem de quem é o número?
Giovanna: Não sei. Porquê?
Tânia: Porque eu hoje recebi uma chamado do “sem número” que devia ser o, ou a, tal SSS e, ninguém falou, mas apareceu uma gravação…
Georgia: Que gravação?
Tânia: Da vossa conversa antes da Sharon entrar naquela sala.
Georgia: Vocês acham que é ela que está por trás disto tudo?
Giovanna: Não digas isso! A Sharon pode ter muitos defeitos, mas matar ou ameaçar as amigas assim, não me parece!
Tânia: Mas neste momento só pode ser ela…
Giovanna: Como é que vocês são capazes de dizer isso?! Não sabemos nada dela desde essa noite, nem sabemos se está viva ou… Não sabemos nada, e pouco tentámos contactar com ela, e agora estão a acusá-la disto tudo?!
Tânia: Sim, tens razão… Mas quem poderá ser?! Só nós é que sabemos dessa noite e só a Sharon é que pode guardar rancores!
Giovanna: Por favor não vamos por essa hipótese.
Georgia: Chegámos. Eu fico aqui. Tentem não demorar.
Saímos do carro e começamo-nos a dirigir à porta das traseiras, a porta estava encostada, era sinal de que alguém entrou dentro da casa. Olhei para a Giovanna e apercebi-me que estava com medo, dei-lhe a minha mão para a aclamar.
Tânia: Deve ser a família dela…
Acabámos por entrar e rapidamente começámos a procurar nas gavetas mais óbvias para guardar chaves, no piso de baixo não estava nada. Resolvemos subir e começamos novamente a procurar. Ainda não tínhamos encontrado nada, faltava procurar no quarto da Dona Mary.
Olhamos uma para a outra, não parecia correto o que estávamos a fazer, mas era necessário fazer para que pudéssemos acabar com tudo de uma vez. Começamos a abrir a porta entreaberta e finalmente, quando estávamos dentro do quarto começamos a ouvir uns passos.
Tânia: Vem aí alguém! (tentei sussurrar entre o medo e a curiosidade de saber quem vinha lá)
Giovanna: Georgia, és tu?!
Parámos durante uns longos segundos e não voltámos a ouvir mais nada, admitimos para nós próprias que foram barulhos inventados pelo nosso medo. Continuamos a procurar e, à medida que abríamos as gavetas íamos fazendo cada vez mais barulho e ignoramos por completo os sons vindos da madeira.
Tânia: Encontrei!
Giovanna: Cuidado!
Tínhamos acabado de ser atingidas por algo que nos bateu na cabeça e deixou-nos inconscientes. Comecei a abrir os olhos com uma grande dificuldade, coloquei logo a mão na cabeça porque me doía bastante, assim que recuperei dei por mim deitada no chão com as mãos e os pés atados e com a boca tapada. Olhei em volta e vi duas pessoas de preto na ombreira da porta a falarem, quando me viram acordada uma delas dirigiu-se até mim, a outra foi-se embora.
Tânia: Quem és tu?! (tentei expressar-me o melhor que podia considerando a minha situação) O que queres de mim?!
Voltei a ter medo, muito medo, reconhecia aquela escala de medo, como no verão passado, tinha medo que me voltassem a fazer mal.
Tânia: Deixa-me ir… Por favor…
Olhava para a pessoa para ver se a reconhecia, com a aproximação reparei pela aparência física que era uma rapariga. Voltou a afastar-se para ir pegar algo, que provavelmente foi o mesmo que me bateu, a mim e a Giovanna.
Tânia: Não por favor!!
Estava com cada vez mais medo, só conseguia ouvir o meu coração a bater cada vez mais, à medida que se ia aproximando ia ficando sem esperanças e de um momento para o outro as lágrimas que escorriam pela cara secaram, era como se tivesse recuperado a vista, como se o mar de lágrimas que se tinha formado nos meus olhos secasse. Voltei a olhar para ela e vejo que não era um pau que trazia na mão, mas uma espécie de uma tesoura, quereria fazer-me mal ou ajudar-me, foi nesse momento, de perguntas indeterminadas e a surgirem na minha cabeça, que a sinto cair aos meus pés.
Tânia: Quem está aí?
Georgia: Sou eu.
Tânia: Georgia?! Solta-me!
Georgia: Quem é?! O que aconteceu?!
Tânia: Não sei. Vai soltando a Gio.
Georgia: Gio, acorda! Acorda!
Giovanna: Ah, a minha cabeça! Que se passou?
Georgia: Anda levanta-te, acho que encontramos quem nos anda a ameaçar.
Juntámo-nos todas em volta do corpo estendido no cão, com um movimento leve do meu pé, girei o corpo para que pudéssemos ver quem era. Ficámos sem palavras quando a luz do luar entrou pela pequena ranhura da janela e focou a cara da pessoa.
Giovanna: Não é possível…
Tânia *

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Capítulo 3


III
3 de março de 2011 (parte 1)

Não tinha dormido nada e isso notava-se na minha cara quando olhei pela primeira vez ao espelho. Não me saída da cabeça o corpo da Mary estendido no chão, não conseguia perceber como é que existia pessoas capazes de tirar a vida a uma outra pessoa.
Ainda não tinha dito nada à minha mãe, estava na altura de lhe contar, peguei no telemóvel e acabei por esquecer o medo que no dia anterior sentia em relação aquela caixa mágica.
Lurdes: “Sim?!”
Tânia: Olá mãe!
Lurdes: “Olá filha! Como estás?”
Tânia: Não muito bem…
Lurdes: “Então, que se passa?”
Tânia: A Dona Mary morreu mão… (um soluço inesperado fugiu da minha boca o que facilitou mais um lágrima cair dos meus olhos)
Lurdes: “O quê?! Como assim??”
Sentia a voz da minha mãe nervosa, como se quisesse também chorar.
Tânia: Ontem fui lá a casa para falar com ela e encontrei-a morta…
Lurdes: “O que terá acontecido? Chamas-te a polícia certo?”
Fiquei paralisada com o auscultador do telemóvel colado ao ouvido, não se ouvia um único ruido de ambos os lados.
Lurdes: “Filha, acho que a chamada está a cair. Sabes o que lhe aconteceu? Falas-te com a polícia?”
Lembrei-me de como fomos estúpidas em não ter-mos chamado a polícia e a ter-mos deixado lá, estendida no chão e, a única coisa que fizemos fui chamar a vizinha. A única maneira para não assustar a minha mãe era mentir. Engoli em seco e comecei a inventar uma desculpa que, de agora para a frente, teria de ser a desculpa para todas as perguntas ás quais não tínhamos resposta.
Tânia: Sim. Disseram que teve um enfarte.
Lurdes: “Um enfarte?! Mas a Mary não era assim tão velha.”
Tânia: Pois não. Disseram que é raro mas é possível.
Lurdes: “Oh coitada! Nem sei o que dizer. Se calhar é melhor mandar algumas flores para a morada dela, a família já deve estar a tratar das coisas.”
Tânia: NÃO!
Lurdes: “Não?!”
Tânia: Não, mandas para mim que eu depois passo por lá. Vou tomar um duche que vou tomar o pequeno-almoço com a Georgia e com o Danny. Beijinhos pata todos!
Lurdes: “Vai lá. Beijinhos também aí para a malta!”
Já estava a começar a onde de mentiras, uma onda que não iria rebentar tão cedo.
***
Tânia: Bom dia meninos!
Cheguei ao café, pousei o telemóvel e a carteira sobre as revistas da Georgia e sentei-me junto deles dando-lhes um beijo rápido.
Tânia: Antes de começar, a minha mãe manda beijinhos.
Danny: Como está a tua mãe?
Tânia: Com saudades.
Enquanto chegavam os nossos cafés, o meu telemóvel vibrou, todos nós na mesa sentimos o seu tremelicar sobre as revistas, mas não tive coragem de lhe pegar e ignorei.
Danny: Então priminha?! Quem é ele?
Olhei para o telemóvel e olhei para a Georgia, esta retribuiu-me o olhar.
Tânia: Deve ser a minha mãe…
Georgia: Então é melhor veres…
Peguei no telemóvel a medo, passei o dedo no ecrã e abri a mensagem.
DE: Giovanna
MENSAGEM: “Também recebi uma mensagem, não tinha número e estava assinada como “-SSS”. Precisamos de resolver isto RÁPIDO! Logo falamos.”

Tânia: Era a Gio…
Georgia: O que é que ela queria?
Tânia: Saber se aquilo para logo ainda estava de pé. (inventei rapidamente)
Danny: O que é que há logo?
Georgia: A festa de boas vindas para a Tânia! (inventou também)
Danny: Ah e quando é que me ias contar menina Tânia?!
Fiquei de boca aberta a olhar para ele, era péssima a mentir e não me surgia nada à cabeça, só uns movimentos de cabeça e um revirar de olhos.
Georgia: É só para raparigas, e para além disso tens que acordar muito cedo no outro dia.
Danny: Oh, mas eu aguento…
Tânia: Priminho! Um conselho, não te queiras meter numa festa de raparigas!
Danny: Quem vai?
Tânia: Eu, a Georgia, a Gio, a Carrie, a Izzy e a tua irmã.
Danny: Isso, vão se lá divertir enquanto eu e os rapazes trabalhamos.
Georgia: Oh coitadinho… (aproximou-se dele e deu-lhe um grande beijo carinhoso nos lábios)
Tânia: Mas por falar em rapazes, quando é que vão buscar o Dougie?
Harry: Em princípio segunda-feira, 14 de março.
O Harry tinha acabado de chegar, estava cada vez melhor, mas vinha bem acompanhado com a Izzy. Rapidamente levantei-me da cadeira para os cumprimentar.
Tânia: Harry! Como é que estás??
Harry: Éh linda! Estou ótimo e tu?
Tânia: Eu também! (deixei-o e dirigi-me à namorada) Izzy! Então linda, como estás??
Izzy: Estou boa e tu?
Tânia: Melhor agora, tinha muitas saudades de vocês todos!
Izzy: Eu também!
Tânia: Logo vais dormir a minha casa!
Harry: Como é que é?
Tânia: Ela logo vai dormir a minha casa…
Harry: Ainda agora chegas-te e já a estás a levar para maus caminhos?
Tânia: Eu?! Deixa-te de coisas namorado galinha!
Izzy: Namorado “galinha”?!
Tânia: Sim, é um namorado controlador.
Georgia: E porque galinha?! As galinhas são controladoras?!
Tânia: Olha, esqueças. Era que eu costumava dizer em Portugal.
Harry: Ah bom! Pensava que era parecido com uma galinha. (com um movimento brusco dos braços, imitou uma galinha)
Lançamos todos uma boa gargalhada – até mesmo a Georgia que não tinha disposição para nada - ao ver o Harry a fazer as suas figurinhas, normalmente é o Dougie, mas como ele não está cá, alguém tem de fazer o seu papel.
Izzy: Então, encontramo-nos logo em tua casa?
Tânia: Sim.
Georgia: Então, eu depois vou lá ter à noite.
Tânia: Sim. Apareçam quando quiserem. Agora vou dar uma vista de olhos pelo jornal para ver se há algum emprego de jeito.
Despedimo-nos e cada um seguiu o seu caminho. Peguei num jornal e fui para a esplanada onde o pouco sol da manha batia nas cadeiras de plástico.
Estar naquela cadeira, naquela mesa fazia-me lembrar os tempos em que eu e a Giovanna íamos olhar para os empregados agora já não tinha paciência para isso, nem pensar nisso, mas talvez fosse isso que me fizesse bem, para me distrair e tirar tudo da minha cabeça.
Empregado: Precisas de mais alguma coisa?
Tânia: (olhei para o pequeno crachá com as letras gravadas que ditavam o seu nome) Não, obrigada Dean.
Dean: Parece que já sabes o meu nome.
Tânia: Tens cara de Dean, sabes.
Dean: Ah claro! Tu tens cara de Sarah ou Sandra…
Tânia: Não, esquece. Nunca vais adivinhar!
Dean: Não, tens a certeza?!
Tânia: Sim! Acredita, podes desistir.
Dean: Pronto ok…
Olhei para a sua cara de desiludido, não tive coragem de o deixar assim sem mais nenhuma pergunta ou resposta.
Tânia: É um nome português, tem pronúncia portuguesa, mas também podes dize-lo em inglês mas é diferente.
Dean: Português?! Ok desisto!
Tânia: Estás a ver?! É Tânia.
Dean: Como?! Tânia?!
Foi engraçado ver as articulações da sua boca a lançarem o meu nome repetidamente pela espanada.
Dono do café: Dean, há mais clientes!
O Dean olhou para trás de onde a voz grossa do homem vinha e depois voltou a olhar para mim com um olhar envergonhado, elevou as sobrancelhas como se quisesse pedir desculpa.
Dean: Bom, se não precisas de mais nada…
Tânia: Não obrigada.
Foi-se afastando de mim e fiquei novamente sozinha. Enquanto circulava, com um marcador verde, os anúncios que me interessavam, recebi uma mensagem. Por momentos deixei de lado o medo do telemóvel e rapidamente o peguei, mas ao aproximar o dedo do ícone das mensagens, deparei-me com a forte possibilidade de estar a receber uma mensagem do, ou da, “SSS”.
DE: sem número
MENSAGEM: “Eu sei dos teus planos para hoje à noite! Posso aparecer? –SSS”

As minhas mãos começaram a tremer, senti a temperatura do meu corpo a diminuir e a expressão da minha cara entristeceu de tal maneira que o Dean, muito educadamente, voltou a aproximar-se de mim para perguntar de estava tudo bem.
Dean: Estás bem?
Tânia: Sim. Só recebi uma notícia que não estava à espera. Tenho de ir.
Sai a correr do café e deixei o pobre rapaz sozinho, sem resposta à pergunta inofensivamente simpática.
Sentei-me no carro e peguei no telemóvel para ligar a alguém, mas sentia que não confiava em ninguém, o que era estupido porque tinha de confiar nas raparigas, porque tanto elas como eu estávamos a ser ameaças. Estava a olhar para os números delas, sem saber a quem ligar, estava à espera de uma coragem repentina para carregar no botão verde e desabafar com uma delas. O tempo passava e não conseguia desenterrar essa coragem, mas alguém teve essa coragem porque comecei a sentir o telemóvel a vibrar nas minhas mãos, estava naquele momento a receber uma chamado de: “sem número”!
Carregar na tal tecla verde, atender aquela chamada e dizer alguma coisa podia mudar tudo. Saber quem estava do outro lado do telemóvel, ouvir a voz dessa pessoas e saber o porquê de tudo, era o nosso objetivo, mas o medo interrompia todos os movimentos que pretendia fazer. Respirei fundo algumas vezes e quando dei por mim tinha o telemóvel encostado ao meu ouvido.
Tânia: Estou?!
Tânia *