sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Capítulo 3

Olá a todos os leitores do meu pequeno blog! :D
Queria desde já agradecer por todos os comentário, muito obrigada (:
Vou partir para um pequena viagem até ao nosso país vizinho, Espanha. Vou passar uma semana a Benidorm, por isso, mesmo antes de partir, deixo-vos aqui este capítulo e, espero que gostem, assim que voltar vou tentar publicar rapidamente!
Beijinhos e um bom resto de férias (:


III
3 de março de 2011 (parte 3)

Giovanna: Não é possível…
Tânia: Como é que ela está aqui?!
Georgia: Eu vou matá-la!
Dirigimo-nos rapidamente até à Georgia para impedi-la de fazer alguma asneira da qual mais tarde se iria arrepender.
Giovanna: Calma Georgia.
Georgia: Eu disse que era ela que estava por detrás disto tudo!
Tânia: Não temos a certeza de nada.
Georgia: Não?! Então porque é que ela vos atacou?
Giovanna: Não sei, mas temos de descobrir de alguma maneira e o mais rapidamente possível., mas não vamos fazer nada de radical, não temos a certeza de nada.
Tânia: Vamos atá-la e levamo-la para a minha casa!
Giovanna: Eu acabei de dizer para não fazermos nada de radical!
Tânia: Ela também nos atou!
Georgia: E as raparigas?! Vão entrar em choque.
Giovanna: Mais tarde ou mais cedo elas tinham de descobrir, até porque alguma dela também já pode ter sido ameaçada.
Georgia: Mas agora acabou! Nós temo-la aqui! (disse, acabando de a amarrar) Vamos levá-la e esclarecer tudo!
Saímos pela mesma porta que entramos mas desta vez fechamo-la para que ninguém voltasse a entrar.
Dirigimo-nos até ao carro, parecia rude, mas colocamo-la no porta bagagens.
Georgia: Se foi ela que matou a minha avó, eu mato-a!
Giovanna: Calma, podemos descobrir tudo a partir dela.
Tânia: Trouxeste a mala dela?
Georgia: Sim, está aqui.
Pegámos na mochila e começamos a sacudi-la para ver o que estava no seu interior, finalmente caiu sobre o banco o telemóvel.
Tânia: Vê as mensagens!
Georgia: Hum… Não tem nada, só de um tal Jay…
Giovanna: E o que dizem?!
Georgia: Nada que nos ajude.
***
Tânia: Ajudem-me a tirá-la!
Abri a porta bagagens e lá estava ela, deitada sobre uns cobertores velhos, amarrada e ainda inconsciente.
Giovanna: Ora, isto é uma imagem que nunca vou conseguir tirar da minha cabeça.
Tânia: Parecemos umas criminosas…
Georgia: Se foi ela, merece!
Ficámos paralisadas a olhar para a Georgia, sabia-mos que estava a passar um mau bocado, mas estava-se a tornar fria, não parecia a menina alegre que todos conhecem.
Giovanna: Onde é que a vamos pôr?
Tânia: Na sala.
Giovanna: Na sala?!
Georgia: Claro! É para ela falar uma só vez e à frente de todas!
Carrie: Posso entrar Tânia?!
Tânia: Sim Carrie, estamos na sala.
Carrie: Boa noite… O que é que ela está aqui a fazer??
Giovanna: Ainda não sabemos…
Carrie: O que se passa?! Porquê é que ela está amarrada?!
Giovanna: Ainda não sabemos nada… Esperamos até ela acordar para lhe fazer-mos todas as perguntas.
A campainha tocou algumas vezes, anunciava a chegada de mais alguma rapariga. Dirigi-me para poder abrir a porta.
Vicky: Linda brincadeira…
Tânia: Hey! Que brincadeira?!
Vicky: A mensagem…
Tânia: Que mensagem?!
Num movimento desconfiado, puxou o telemóvel do pequeno bolso das calças justas de ganga.
Vicky: Esta… (girou o pulso para que eu pudesse ver a mensagem)
DE: sem número
MENSAGEM: “Festinha com as amiguinhas para se vingarem de mim?! Não me parece! Ainda bem que mudei os meus planos! Tem cuidado! –SSS”
Tânia: Não fui eu!
Vicky: Só a minha mãe é que sabia da festa, e ela mal sabe ligar o telemóvel quanto mais mandar uma mensagem!
Tânia: Mas é por causa desse tipo de mensagens que nos juntámos hoje…
Vicky: Mas qual tipo de mensagens?!
Tânia: Essas assim, ameaçadoras…
Vicky: Em que é que elas estão metidas Gio?! (dirigiu-se para a Giovanna porque já sabia que ela não é de brincadeiras)
Giovanna: É verdade Vicky…
Tânia: Vai andando para a sala, esperamos pela Izzy e depois eu conto-te tudo.
Vicky: Como é que ela está aqui??
As ultimas palavras foram agudas e altas o que provocou um grande eco na sala que fez com que a espécie, de prisioneira, começasse a abrir os olhos. A pouco e pouco os olhos iam abrindo cada vez mais. Estávamos todas em roda dela para ver a sua primeira reação. Quando se deparou amarrada, deu um pequeno salto e tentou soltar-se.
Vicky: Meninas, temos de a soltar!
Georgia: Não! Antes tem de nos dar algumas respostas…
Continuava a tentar soltar-se e ao mesmo tempo soltava uns grunhidos à espera que alguém a soltasse.
Vicky: Meninas…vão deixá-la assim?!
A Vicky não estava a gostar, também porque não conhecia a história toda, talvez porque ainda não tivesse passado pela mesma experiencia que eu, ou a Georgia.
Izzy: Posso?! (foi-se aproximando de onde vinham os sons) Boa noite! (olhou em volta e deparou-se com ela amarrada na sofá) Que se passa aqui?!
Tânia: Está na hora!
Esperei que se colocassem confortáveis e notava que algumas delas estavam com uns grandes pontos de interrogação na cabeça.
Tânia: vou tentar resumir, porque tudo isto é uma confusão… Todas vocês conhecem o nosso passado, pois bem, para que ele está a voltar.
Vicky: Pois, essa parte já percebemos, ela está aqui! Já agora, como é que ela apareceu aqui?
Giovanna: Tem calma Vicky! Tu recebeste uma mensagem anónima, eu, a Georgia e a Tânia também recebemos, nós acreditamos que quem nos manda essas mensagens é aqui esta menina!
Vicky: Ela?! A sério, ela?!
Ouvimo-la a fazer casa vez mais barulho. Queria tirar-lhe a cola da boca e ouvir o que tinha para dizer, mas tinha medo, tinha medo de ouvir o que ela tinha para dizer.
Georgia: Não é só mensagens… Ela mandou-me uma a ameaçar a minha avó, mas eu ignorei e no outro dia a minha avó estava… morta.
O silêncio instalou-se na sala, mesmo da parte da nossa prisioneira, não houve um único som.
Tânia: Algo se está a passar. Mas vai acabar porque temos aqui a pessoa causadora de todo este sofrimento que se prolongou demais.
Vicky: Não estou a perceber nada! Como é que a tua avó morreu, se eu tive com ela à pouco tempo?!
Georgia: Não é essa minha avó, mas sim a minha avó biológica, a empregada da Tânia.
Vicky: A Dona Mary?!
Tânia: Sim…
Izzy: Então, estão-me a dizer que ela, (e e olhou com toda a raiva para o sofá) anda a matar pessoas e o mais certo é querer matar-nos?!
Tânia: Não sabemos, mas talvez…
Desta vez deu um grito bastante grande, estava revoltada e rebolava no sofá a tentar soltar-se. A curiosidade era cada vez maior, mas havia um grande receio de ouvir as primeiras palavras que ela iria dizer, como se fossem definitivas. Olhei para as raparigas e conseguia perceber que, mesmo no meio daqueles olhares desconfiados, estavam a começar a perceber, então, resolvi soltá-la.
Sharon: Não fui eu!!
Estávamos todas a olhar para ela, ninguém dizia nada, mas não parecia que ninguém queria acreditar nela.
O som de um telemóvel espalhou-se pelo ar, logo de seguida outro, e outro, e outro, todos os nossos telemóveis tocaram, quase em sinfonia, até mesmo o da Sharon. Com grande medo começamos a carregar nas teclas e abrir as mensagens. Peguei também no telemóvel da Sharon para poder verificar qual era a sua mensagem.
Estávamos todas a olhar fixamente para os telemóveis, cruzei por instantes o meu olhar com a Sharon, notei no seu olhar medo, o mesmo medo que senti em Portugal. Finalmente estávamos todas a ler a mensagem.
DE: sem número
MENSAGEM: “Morderam o isco? Gostaram de encontrar a assassina? Quem é amigo/a! Podiam era ter convidado para a festa! Não gostei de ficar de fora, mas talvez ainda apareça! –SSS”
 Tânia * 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Capítulo 3

III
3 de março de 2011 (parte 2)
Tânia: Estou?!
Não obtinha resposta do outro lado da chamada. Voltei a chamar várias vezes, mas nunca obtive resposta, nem um único som. Já estava para desligar quando oiço do outro lado um género de gravação a começar.
Giovanna: Já podes tirar a venda!
Georgia: Podes entrar nessa porta, está ai a tua surpresa!
Sharon: Hum, entrem vocês primeiro!
Giovanna: Não, tu é que és a aniversariante! Entra!
Vicky: Então! Entra! Entra!
Sharon: Não parece ser seguro…
Giovanna: Sharon, nem pareces tu! Entra!
Todas: Parabéns a…. Ahhhhhhhh!!

A chamada foi desligada antes de eu puder perguntar quem era, mesmo que tivesse tempo não era capaz de libertar nenhuma palavra da boca. Estava a suar pelas mãos e o telemóvel escapou-me por entre os dedos. Mais uma vez tinha ficado sem reação, não sabia o que fazer, agora tinha a certeza que não era preciso sentir-me insegura em relação às raparigas.
Tinha medo de voltar para casa sozinha, mas não tinha mais nenhum sitio para onde ir, liguei o carro e comecei a passear por Londres. Via as pessoas a passear pela rua, como se não tivessem problemas. À cabeça só me vinham imagens daquela noite de férias, vinha-me também a imagem daquela criança do meu sonho, não sabia o porquê, não conhecia nenhuma criança assim; pensava também no meu fio e como é que ele foi parar ás minhas mãos.
Tive de fazer uma travagem brusca para um senhor, já com a sua idade, pudesse passar à passadeira, estava tão distraída com os meus pensamentos que acabei por desligar, esqueci-me do tempo, não reparei nas horas.
Dei a volta ao carro, ganhei coragem e fui para casa almoçar. Quando entrei em casa, senti novamente uma estranheza ou uma sensação de uma outra presença na casa. Corri para o quarto para ver se faltava alguma coisa, abri gavetas, espreitei por baixo da cama e abri o guarda joias, faltava-me o colar, o colar desaparecido que apareceu na minha primeira noite em Londres.
Sentia a necessidade dentro de mim de gritar, mas contive-me e uma pergunta simbólica escapou-me por entre os lábios secos.
Tânia: Está ai alguém?
As janelas e as portas estavam fechadas, então, se alguém entrou, entrou pela porta. Sentia-me mal por pensar outra vez na Dona Mary, era impossível ela estar envolvida nisto e para além disso ela já estava, morta.
Tânia: Georgia, quando ouvires esta mensagem tenta vir o mais rapidamente possível para minha casa.
***
Georgia: Que se passa? Só consegui chegar agora…
Tânia: Alguém esteve em minha casa.
Georgia: Como assim?! A minha avó, quer dizer a Mary, está… (não conseguiu dizer a palavra, recuperou o folgo, conteve as lágrimas e continuou) e nós nem chegámos a saber se era ela que tinha a chave.
Tânia: Então temos de descobrir.
Georgia: Como?
Tânia: Voltamos lá!
Georgia: Oh não! Não, não! Nem penses!
Tânia: Oh Georgia, tem de ser. Vamos lá agora antes das raparigas chegarem, quando mais depressa resolvermos isto melhor!
Georgia: Não Tânia, esquece!
Tânia: Por favor Georgia. Não precisas de entrar… Eu compreendo que custe, mas por favor!
Georgia: Mas porquê agora?! Esperamos por elas…
Giovanna: Posso entrar?!
Tânia: Sim, estamos na sala mas já estamos de saída! (puxei a Georgia pelo um braço e dirigimo-nos até a porta de entrada onde a Giovanna esperava-nos com uma cara de confusa)
Giovanna: Saída? Mas pensei que era aqui que nos encontrávamos…
Tânia: E é, mas vamos a casa da Dona Mary.
Georgia: Oh Tânia, não!
Tânia: Não precisas de entrar…
Giovanna: (olhou para nós e tomou uma decisão, que nunca esperei que ela entrasse no “nosso filme” tão rapidamente) Se é para ir é agora! Daqui a pouco a mãe do Tom vem trazer a Carrie.
Tânia: Vamos!
Bati a porta da casa e confirmei várias vezes para ver se estava realmente bem fechada, depois batemos em conjunto as portas do carro e fomos a caminho da casa da Mary.
Tânia: Então Gio, que dizia a tua mensagem?
Giovanna: Dizia para eu não aceitar…
Georgia: Aceitar o quê?!
Tânia: O pedido de casamento do Tom…
Georgia: Ele já te pediu?
Giovanna: Não, mas eu encontrei o anel numa das gavetas dele.
Georgia: E porque é que eu não sabia de nada disso?
Giovanna: Desculpa Georgia, não em entendas mal, mas se tu já soubesses o Danny também e isto é uma surpresa.
Georgia: Mas a Tânia já sabia…
Tânia: Vais dar agora em ciumenta?!
Giovanna: Peço desculpa se eu agora ando mal disposta e sinto-me completamente sozinha porque não posso contar nada ao meu namorado e agora as minhas amigas não confiam em mim! (foi elevando o tom de voz para mostrar que estava revoltada)
Giovanna: Calma Georgia, nós sabemos que estás a passar um mau bocado, mas nós vamos tentar resolver isto o mais depressa possível e não tens de descarregar a tua raiva em nós.
Tânia: Vocês acham que se fossemos à polícia eles descobrem de quem é o número?
Giovanna: Não sei. Porquê?
Tânia: Porque eu hoje recebi uma chamado do “sem número” que devia ser o, ou a, tal SSS e, ninguém falou, mas apareceu uma gravação…
Georgia: Que gravação?
Tânia: Da vossa conversa antes da Sharon entrar naquela sala.
Georgia: Vocês acham que é ela que está por trás disto tudo?
Giovanna: Não digas isso! A Sharon pode ter muitos defeitos, mas matar ou ameaçar as amigas assim, não me parece!
Tânia: Mas neste momento só pode ser ela…
Giovanna: Como é que vocês são capazes de dizer isso?! Não sabemos nada dela desde essa noite, nem sabemos se está viva ou… Não sabemos nada, e pouco tentámos contactar com ela, e agora estão a acusá-la disto tudo?!
Tânia: Sim, tens razão… Mas quem poderá ser?! Só nós é que sabemos dessa noite e só a Sharon é que pode guardar rancores!
Giovanna: Por favor não vamos por essa hipótese.
Georgia: Chegámos. Eu fico aqui. Tentem não demorar.
Saímos do carro e começamo-nos a dirigir à porta das traseiras, a porta estava encostada, era sinal de que alguém entrou dentro da casa. Olhei para a Giovanna e apercebi-me que estava com medo, dei-lhe a minha mão para a aclamar.
Tânia: Deve ser a família dela…
Acabámos por entrar e rapidamente começámos a procurar nas gavetas mais óbvias para guardar chaves, no piso de baixo não estava nada. Resolvemos subir e começamos novamente a procurar. Ainda não tínhamos encontrado nada, faltava procurar no quarto da Dona Mary.
Olhamos uma para a outra, não parecia correto o que estávamos a fazer, mas era necessário fazer para que pudéssemos acabar com tudo de uma vez. Começamos a abrir a porta entreaberta e finalmente, quando estávamos dentro do quarto começamos a ouvir uns passos.
Tânia: Vem aí alguém! (tentei sussurrar entre o medo e a curiosidade de saber quem vinha lá)
Giovanna: Georgia, és tu?!
Parámos durante uns longos segundos e não voltámos a ouvir mais nada, admitimos para nós próprias que foram barulhos inventados pelo nosso medo. Continuamos a procurar e, à medida que abríamos as gavetas íamos fazendo cada vez mais barulho e ignoramos por completo os sons vindos da madeira.
Tânia: Encontrei!
Giovanna: Cuidado!
Tínhamos acabado de ser atingidas por algo que nos bateu na cabeça e deixou-nos inconscientes. Comecei a abrir os olhos com uma grande dificuldade, coloquei logo a mão na cabeça porque me doía bastante, assim que recuperei dei por mim deitada no chão com as mãos e os pés atados e com a boca tapada. Olhei em volta e vi duas pessoas de preto na ombreira da porta a falarem, quando me viram acordada uma delas dirigiu-se até mim, a outra foi-se embora.
Tânia: Quem és tu?! (tentei expressar-me o melhor que podia considerando a minha situação) O que queres de mim?!
Voltei a ter medo, muito medo, reconhecia aquela escala de medo, como no verão passado, tinha medo que me voltassem a fazer mal.
Tânia: Deixa-me ir… Por favor…
Olhava para a pessoa para ver se a reconhecia, com a aproximação reparei pela aparência física que era uma rapariga. Voltou a afastar-se para ir pegar algo, que provavelmente foi o mesmo que me bateu, a mim e a Giovanna.
Tânia: Não por favor!!
Estava com cada vez mais medo, só conseguia ouvir o meu coração a bater cada vez mais, à medida que se ia aproximando ia ficando sem esperanças e de um momento para o outro as lágrimas que escorriam pela cara secaram, era como se tivesse recuperado a vista, como se o mar de lágrimas que se tinha formado nos meus olhos secasse. Voltei a olhar para ela e vejo que não era um pau que trazia na mão, mas uma espécie de uma tesoura, quereria fazer-me mal ou ajudar-me, foi nesse momento, de perguntas indeterminadas e a surgirem na minha cabeça, que a sinto cair aos meus pés.
Tânia: Quem está aí?
Georgia: Sou eu.
Tânia: Georgia?! Solta-me!
Georgia: Quem é?! O que aconteceu?!
Tânia: Não sei. Vai soltando a Gio.
Georgia: Gio, acorda! Acorda!
Giovanna: Ah, a minha cabeça! Que se passou?
Georgia: Anda levanta-te, acho que encontramos quem nos anda a ameaçar.
Juntámo-nos todas em volta do corpo estendido no cão, com um movimento leve do meu pé, girei o corpo para que pudéssemos ver quem era. Ficámos sem palavras quando a luz do luar entrou pela pequena ranhura da janela e focou a cara da pessoa.
Giovanna: Não é possível…
Tânia *

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Capítulo 3


III
3 de março de 2011 (parte 1)

Não tinha dormido nada e isso notava-se na minha cara quando olhei pela primeira vez ao espelho. Não me saída da cabeça o corpo da Mary estendido no chão, não conseguia perceber como é que existia pessoas capazes de tirar a vida a uma outra pessoa.
Ainda não tinha dito nada à minha mãe, estava na altura de lhe contar, peguei no telemóvel e acabei por esquecer o medo que no dia anterior sentia em relação aquela caixa mágica.
Lurdes: “Sim?!”
Tânia: Olá mãe!
Lurdes: “Olá filha! Como estás?”
Tânia: Não muito bem…
Lurdes: “Então, que se passa?”
Tânia: A Dona Mary morreu mão… (um soluço inesperado fugiu da minha boca o que facilitou mais um lágrima cair dos meus olhos)
Lurdes: “O quê?! Como assim??”
Sentia a voz da minha mãe nervosa, como se quisesse também chorar.
Tânia: Ontem fui lá a casa para falar com ela e encontrei-a morta…
Lurdes: “O que terá acontecido? Chamas-te a polícia certo?”
Fiquei paralisada com o auscultador do telemóvel colado ao ouvido, não se ouvia um único ruido de ambos os lados.
Lurdes: “Filha, acho que a chamada está a cair. Sabes o que lhe aconteceu? Falas-te com a polícia?”
Lembrei-me de como fomos estúpidas em não ter-mos chamado a polícia e a ter-mos deixado lá, estendida no chão e, a única coisa que fizemos fui chamar a vizinha. A única maneira para não assustar a minha mãe era mentir. Engoli em seco e comecei a inventar uma desculpa que, de agora para a frente, teria de ser a desculpa para todas as perguntas ás quais não tínhamos resposta.
Tânia: Sim. Disseram que teve um enfarte.
Lurdes: “Um enfarte?! Mas a Mary não era assim tão velha.”
Tânia: Pois não. Disseram que é raro mas é possível.
Lurdes: “Oh coitada! Nem sei o que dizer. Se calhar é melhor mandar algumas flores para a morada dela, a família já deve estar a tratar das coisas.”
Tânia: NÃO!
Lurdes: “Não?!”
Tânia: Não, mandas para mim que eu depois passo por lá. Vou tomar um duche que vou tomar o pequeno-almoço com a Georgia e com o Danny. Beijinhos pata todos!
Lurdes: “Vai lá. Beijinhos também aí para a malta!”
Já estava a começar a onde de mentiras, uma onda que não iria rebentar tão cedo.
***
Tânia: Bom dia meninos!
Cheguei ao café, pousei o telemóvel e a carteira sobre as revistas da Georgia e sentei-me junto deles dando-lhes um beijo rápido.
Tânia: Antes de começar, a minha mãe manda beijinhos.
Danny: Como está a tua mãe?
Tânia: Com saudades.
Enquanto chegavam os nossos cafés, o meu telemóvel vibrou, todos nós na mesa sentimos o seu tremelicar sobre as revistas, mas não tive coragem de lhe pegar e ignorei.
Danny: Então priminha?! Quem é ele?
Olhei para o telemóvel e olhei para a Georgia, esta retribuiu-me o olhar.
Tânia: Deve ser a minha mãe…
Georgia: Então é melhor veres…
Peguei no telemóvel a medo, passei o dedo no ecrã e abri a mensagem.
DE: Giovanna
MENSAGEM: “Também recebi uma mensagem, não tinha número e estava assinada como “-SSS”. Precisamos de resolver isto RÁPIDO! Logo falamos.”

Tânia: Era a Gio…
Georgia: O que é que ela queria?
Tânia: Saber se aquilo para logo ainda estava de pé. (inventei rapidamente)
Danny: O que é que há logo?
Georgia: A festa de boas vindas para a Tânia! (inventou também)
Danny: Ah e quando é que me ias contar menina Tânia?!
Fiquei de boca aberta a olhar para ele, era péssima a mentir e não me surgia nada à cabeça, só uns movimentos de cabeça e um revirar de olhos.
Georgia: É só para raparigas, e para além disso tens que acordar muito cedo no outro dia.
Danny: Oh, mas eu aguento…
Tânia: Priminho! Um conselho, não te queiras meter numa festa de raparigas!
Danny: Quem vai?
Tânia: Eu, a Georgia, a Gio, a Carrie, a Izzy e a tua irmã.
Danny: Isso, vão se lá divertir enquanto eu e os rapazes trabalhamos.
Georgia: Oh coitadinho… (aproximou-se dele e deu-lhe um grande beijo carinhoso nos lábios)
Tânia: Mas por falar em rapazes, quando é que vão buscar o Dougie?
Harry: Em princípio segunda-feira, 14 de março.
O Harry tinha acabado de chegar, estava cada vez melhor, mas vinha bem acompanhado com a Izzy. Rapidamente levantei-me da cadeira para os cumprimentar.
Tânia: Harry! Como é que estás??
Harry: Éh linda! Estou ótimo e tu?
Tânia: Eu também! (deixei-o e dirigi-me à namorada) Izzy! Então linda, como estás??
Izzy: Estou boa e tu?
Tânia: Melhor agora, tinha muitas saudades de vocês todos!
Izzy: Eu também!
Tânia: Logo vais dormir a minha casa!
Harry: Como é que é?
Tânia: Ela logo vai dormir a minha casa…
Harry: Ainda agora chegas-te e já a estás a levar para maus caminhos?
Tânia: Eu?! Deixa-te de coisas namorado galinha!
Izzy: Namorado “galinha”?!
Tânia: Sim, é um namorado controlador.
Georgia: E porque galinha?! As galinhas são controladoras?!
Tânia: Olha, esqueças. Era que eu costumava dizer em Portugal.
Harry: Ah bom! Pensava que era parecido com uma galinha. (com um movimento brusco dos braços, imitou uma galinha)
Lançamos todos uma boa gargalhada – até mesmo a Georgia que não tinha disposição para nada - ao ver o Harry a fazer as suas figurinhas, normalmente é o Dougie, mas como ele não está cá, alguém tem de fazer o seu papel.
Izzy: Então, encontramo-nos logo em tua casa?
Tânia: Sim.
Georgia: Então, eu depois vou lá ter à noite.
Tânia: Sim. Apareçam quando quiserem. Agora vou dar uma vista de olhos pelo jornal para ver se há algum emprego de jeito.
Despedimo-nos e cada um seguiu o seu caminho. Peguei num jornal e fui para a esplanada onde o pouco sol da manha batia nas cadeiras de plástico.
Estar naquela cadeira, naquela mesa fazia-me lembrar os tempos em que eu e a Giovanna íamos olhar para os empregados agora já não tinha paciência para isso, nem pensar nisso, mas talvez fosse isso que me fizesse bem, para me distrair e tirar tudo da minha cabeça.
Empregado: Precisas de mais alguma coisa?
Tânia: (olhei para o pequeno crachá com as letras gravadas que ditavam o seu nome) Não, obrigada Dean.
Dean: Parece que já sabes o meu nome.
Tânia: Tens cara de Dean, sabes.
Dean: Ah claro! Tu tens cara de Sarah ou Sandra…
Tânia: Não, esquece. Nunca vais adivinhar!
Dean: Não, tens a certeza?!
Tânia: Sim! Acredita, podes desistir.
Dean: Pronto ok…
Olhei para a sua cara de desiludido, não tive coragem de o deixar assim sem mais nenhuma pergunta ou resposta.
Tânia: É um nome português, tem pronúncia portuguesa, mas também podes dize-lo em inglês mas é diferente.
Dean: Português?! Ok desisto!
Tânia: Estás a ver?! É Tânia.
Dean: Como?! Tânia?!
Foi engraçado ver as articulações da sua boca a lançarem o meu nome repetidamente pela espanada.
Dono do café: Dean, há mais clientes!
O Dean olhou para trás de onde a voz grossa do homem vinha e depois voltou a olhar para mim com um olhar envergonhado, elevou as sobrancelhas como se quisesse pedir desculpa.
Dean: Bom, se não precisas de mais nada…
Tânia: Não obrigada.
Foi-se afastando de mim e fiquei novamente sozinha. Enquanto circulava, com um marcador verde, os anúncios que me interessavam, recebi uma mensagem. Por momentos deixei de lado o medo do telemóvel e rapidamente o peguei, mas ao aproximar o dedo do ícone das mensagens, deparei-me com a forte possibilidade de estar a receber uma mensagem do, ou da, “SSS”.
DE: sem número
MENSAGEM: “Eu sei dos teus planos para hoje à noite! Posso aparecer? –SSS”

As minhas mãos começaram a tremer, senti a temperatura do meu corpo a diminuir e a expressão da minha cara entristeceu de tal maneira que o Dean, muito educadamente, voltou a aproximar-se de mim para perguntar de estava tudo bem.
Dean: Estás bem?
Tânia: Sim. Só recebi uma notícia que não estava à espera. Tenho de ir.
Sai a correr do café e deixei o pobre rapaz sozinho, sem resposta à pergunta inofensivamente simpática.
Sentei-me no carro e peguei no telemóvel para ligar a alguém, mas sentia que não confiava em ninguém, o que era estupido porque tinha de confiar nas raparigas, porque tanto elas como eu estávamos a ser ameaças. Estava a olhar para os números delas, sem saber a quem ligar, estava à espera de uma coragem repentina para carregar no botão verde e desabafar com uma delas. O tempo passava e não conseguia desenterrar essa coragem, mas alguém teve essa coragem porque comecei a sentir o telemóvel a vibrar nas minhas mãos, estava naquele momento a receber uma chamado de: “sem número”!
Carregar na tal tecla verde, atender aquela chamada e dizer alguma coisa podia mudar tudo. Saber quem estava do outro lado do telemóvel, ouvir a voz dessa pessoas e saber o porquê de tudo, era o nosso objetivo, mas o medo interrompia todos os movimentos que pretendia fazer. Respirei fundo algumas vezes e quando dei por mim tinha o telemóvel encostado ao meu ouvido.
Tânia: Estou?!
Tânia *

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Capítulo 2


II
2 de março de 2011 (parte 2)

Georgia: Tânia, está morta. Tânia está morta.
Tânia: Não!
Naquele momento não conseguia pensar em nada, sentia-me triste, muito triste, as lágrimas escapavam-me dos olhos muito facilmente, o meu coração estava apertado, as minhas mãos tremiam, as boas recordações vinham-se á cabeça, sentia-me culpada por não lhe ter dado um beijo de despedida.
Olhei para a Georgia que ainda estava a chorar mais, debruço sobre o corpo da Dona Mary. Era estranho ver assim a Georgia, não sabia o que estava a acontecer, apenas me lembrava de a ter ouvido a gritar avó.
Palavras secas e rápidas começaram a sair da minha boca, queria ir embora, mas não sabia o que fazer.
Tânia: Temos que chamar alguém!
Georgia: A culpa foi minha!
Tânia: Que estás para aí a dizer??
Georgia: A culpa foi minha…
Cada vez me estava a assustar mais com a Georgia e isso deixava-me ainda mais nervosa e sem saber o que fazer.
Respirei fundo, fechei os olhos por dois segundos, limpei as lágrimas e ganhei força para tomar uma decisão. Não era fácil descobrir o que deveria fazer, mas não podia-mos lá ficar, estava a ficar cada vez mais perigoso.
Tânia: Temos que ir embora. Chamamos alguém pelo caminho.
Ela continuava de bruços no chão, não reagiu ao meu pedido então, puxei-a pelo um braço e arrastei-a até ao carro. Estava em estado de choque e não dizia nada.
Tânia: Podes-me dizer o que se passa?
Georgia: Chama ajuda.
Foi o que fiz, não a queria enervar, queria só saber o que estava a acontecer. Ela não conhecia a minha empregada de lado nenhum e ficou assim, como se lhe tivessem tirado alguém da família.
Tânia: Ela era tua avó? (acabei por perguntar a medo)
Não me respondeu, tirou o telemóvel da pequena carteira que a acompanhava desde o início do dia, entregou-mo, indicou-me as mensagens, vi a mensagem que ela tinha recebido do número desconhecido.
DE: sem número
MENSAGEM: “Sabes aquela tua avó, aquela tua avó especial, corre perigo, se eu fosse a ti acabava com o Danny. Ah, desculpa, já não te importas com essa avó, não é? –SSS”

Olhei para ela e engoli em seco, ela olhou para mim e as lágrimas começaram a cair pelo seu rosto.
Georgia: A minha mãe é adotada e nunca quis saber da mãe biológica, mas quando eu descobri fui procurar a minha avó biológica e descobri-a, era a Mary. (as lágrimas voltaram a escorregar pelas bochechas e caindo sobre a sua camisola bege) Comecei a visitá-la regularmente, tornamo-nos grandes amigas, mas depois sai de Londres e quando voltei não a fui visitar, porque a minha mãe disse-me porque é que ela a tinha colocado para adoção, e eu acreditei no que a minha a minha mãe disse e deixei de ir visitar a Mary. (as lágrimas voltaram a escapar-se dos olhos e as suas mãos começaram a tremer, coloquei a minha mão sobre a dela para ela sentir que eu estava ali para a apoiar) Mais tarde descobri que o que a minha mãe disse era mentira, mas senti-me tão envergonhada que não tive coragem de a voltar a visitar e pedir-lhe desculpa.
Acabou por desfazer-se em lágrimas, deixou cair a cabeça para baixo e não disse mais nada, só conseguia ouvir a sua respiração acelerada e os soluços da força para parar de chorar.
Georgia: Querias saber o assunto da minha mensagem, ora ai está.
Tânia: Oh Georgia! Não o que te dizer…
Abracei-a e deixamo-nos ficar assim durante uns tempos.
A Mary era a avó da Georgia e agora estava morta. Já não era umas pequenas ameaças para nos assustar, era algo sério.
Tânia: Vamos até minha casa.
***
Tânia: Vou-te preparar um chá.
A Georgia não dizia nada, estava paralisada, estava num silêncio completo, liguei para as raparigas para pedir ajuda, já não sabia o que fazer, tentava manter a calma para não enervar a Georgia, mas a verdade é que estava aterrorizada por dento.
Tânia: Gio, preciso que venhas para a minha casa, já!
Giovanna: “Que se passa?”
Tânia: É muito para contar por telemóvel e sinceramente, acho que não é seguro.
Giovanna: “Não é seguro?! Já estás outra vez a variar?”
Tânia: Não, antes fosse! Vem para aqui o mais rápido possível!
Giovanna: Ainda estou a trabalhar, daqui a 30 minutos estou ai.
Dirigi-me para sala onde estava a Georgia, exatamente como quando abandonei a sala para lhe fazer o chá.
Tânia: Toma este chá.
Georgia: Não quero.
Tânia: Vai-te acalmar…
Georgia: Como é que é possível alguém fazer isto? Como é que têm coragem de fazer isto?
Tânia: Não sei, mas seja quem for, nós vamos descobrir e para com isto.
Georgia: Tânia, mataram a minha avó, mas quem é esta gente e porque é que andam a fazer isto? Achas que têm a ver com o que nos aconteceu lá em Portugal?
Tânia: Não sei, mas até tenho medo em pensar nisso…
Fomos interrompidas pelo toque do telemóvel da Georgia, ela fez-me um gesto par ser eu a ver, mergulhei a minha mão na sua mala e retirei o telemóvel.
DE: sem número
MENSAGEM: “Não gostas-te pois não?! Eu também não gostei de muitas coisas! –SSS”

Tânia: É dela, ou dele…
Georgia: O quê?
Girei o telemóvel e coloquei-o à sua frente. Ele olhava para aquela pequena caixa com a maior raiva do mundo.
Georgia: Quando eu descobrir quem foi, eu mato-o! Não têm vergonha?! ANIMAIS!
Tânia: Calma Georgia, eu sei que é a coisa mais ridícula para te pedir neste momento, mas não te vai levar a lado nenhum estares assim, só vais piorar, eles querem-te por mal e estão a conseguir. (estendi os meus braços para a abraçar, ela aceitou e carinhosamente dei-lhe um abraço para a reconfortar) Nem quero imaginar o que estás a sentir, nem pelo que estás a passar, mas já não há nada a fazer, por muito que te custo, ela não vai voltar, agora o que tens de fazer é descobrir o que se anda a passar, e por esses palhaços que lhe fizeram mal na prisão, onde já deveriam ter nascido!
Não obtive resposta por parte dela, nem tal esperava. Estávamos abraçadas, fui-me afastando dela e fui vendo-lhe os olhos tristes a nadarem em lágrimas que balançavam com o piscar dos olhos.
Olhava para ela sem saber o que fazer, na verdade, por dentro a minha vontade era explodir, cair no chão e deixar-me levar por um rio de lágrimas, mas não podia dar parte de fraca ao pé da Georgia, ela precisava d alguém que lhe mostrasse o caminho para continuar no fim de tudo o que tinha acontecido.
Finalmente ouvi o barulho de alguém a bater é porta freneticamente.
Tânia: Deve ser a Gio. (dirigi-me á porta e, com um pequeno rodar de pulso abri a porta á Giovanna) Entra.
Giovanna: Que aconteceu? (dirigiu-se à sala e viu a Georgia naquele estado de lamúria) Que se passa Georgia? (não obteve resposta) Georgia?! Que se passa??
Tânia: Calma Gio, não a chateies, vamos conversar para a cozinha.
Giovanna: Que aconteceu Tânia? Em que é que vocês estão metidas?
Tânia: Nós todas, em muito!
Giovanna: Mas sem ser isso, porque é que a Georgia está assim?
Tânia: “Sem ser isso”?! É por causa “disso” que a Georgia está assim!
Giovanna: E porquê??
Tânia: Lembras-te daquela mensagem que deixou a Georgia assustada? (esperei que ela confirmasse com a cabeça e continuei) Era uma mensagem que ameaçava a avó, mas a avó especial, uma avó que aparentemente ninguém conhece, porque a mãe da Georgia é adotada e essa avó é a avó/mãe biológica…
Giovanna: Espera lá, estás a dizer que a mãe da Georgia é adotada e só agora é que ela descobriu a avó biológica?
Tânia: Sim e não. Ela já descobriu essa avó á bastante tempo, mas depois perdeu contacto com ela. Mas continuando, hoje fomos a casa da avó dela, que por acaso era a minha empregada, a Mary, e encontramo-la morta.
Giovanna: O quê?! Morta?! Como assim?!
Tânia: Aparentemente assassinada.
Giovanna: Assassinada? (o seu tom de voz ia aumentando e ia tornando as palavras naturalmente mais fortes)
Tânia: Fala baixo, a Georgia está muito mal e não a pudemos sujeitar a estes tipos de comentários, ainda a vão deixar mais em baixo.
Giovanna: Isto é sério! Se a avó da Georgia foi mesmo assassinada temos de chamar a polícia!
Tânia: E dizemos o quê?
Giovanna: A verdade!
Tânia: Qual verdade?
Giovanna: Que nos andam a ameaçar e que mataram a avó da Georgia.
Tânia: E se nos perguntarem porque é que nos andam a ameaçar?
Giovanna: Que… (ficou sem palavras, surgir-nos á memória aquela noite de férias era imaginável)
Tânia: Pois, bem me pareceu. Temos de resolver isto por nós.
Giovanna: Mas se volta a envolver mais pessoas? Ou até mesmo…assassinar!
Tânia: Não podemos deixar que isso acontece, temos de estar um passo à frente destas mensagens e descobrir quem é!
Giovanna: Oh meus Deus! Em que é que estamos metidas?!
Tânia: Já nem sei, mas quero que isto acabe e depressa! Mas temos de prometer que não podemos contar a ninguém, não podemos envolver mais ninguém.
Giovanna: O que é que vamos fazer?
Tânia: Não sei.
Giovanna: Porque é nos andam a fazer isto?
Tânia: Não sei.
Giovanna: Porquê só agora?
Não conseguia arranjar nenhuma resposta para as perguntas da Giovanna, cada vez eram mais não só da parte dela, mas também a fervelharem na minha cabeça, prestes a explodirem.
Georgia: Porque só agora é que nos voltámos a juntar.
A Georgia juntou-se a nós sem que apercebesse-mos. Estava mais calma, foi-se cada vez aproximando mais de nós com os ombros descaídos, o cabelo despenteado e com uns olhos bastantes vermelhos. Virou-se para a janela, estava um silêncio entre nós, ouvimos um profundo suspiro, ela voltou-se a virar para nós e continuou. Era como se tivesse as respostas para tudo, mesmo não tendo, ela era a que estava pior, mas era a que tinha mais coragem para continuar, talvez porque procurava lá no fundo uma pequena vingança.
Georgia: Temos de nos voltar a encontrar para voltar-mos a receber uma mensagem. Até lá sempre que recebermos alguma temos de contar.
Tânia: Juntamo-nos quando? E como?
Giovanna: Amanha dormi-mos aqui todas…
Tânia: Sim, boa ideia.
Georgia: Não se esqueçam que não somos só nós…
Tânia: Acham que elas também estão envolvidas? No final das contas, fomos nós que fizemos tudo naquela noite.
Georgia: Sim, mas elas também lá estavam.
Giovanna: Sim, mas pelo sim pelo não, eu falo com elas. (olhamos umas para as outras e lançamos um olhar no qual concordamos todas) É melhor irmos andando, anda Georgia, eu levo-te a casa.
Tânia: Até manha meninas!
Deixei que elas saíssem, agora estava sozinha e vinha-me tudo à cabeça, a morte da Mary e ao que isto estava a chegar. Fechei a porta e deixei-me deslizar pela porta, sentia-me nas minhas costas uma pequena dor ao sentir todas as formas da porta, mas já não me fazia diferença, o que sentia naquele momento encobria qualquer dor física que sentisse. Estava com cada vez mais medo, as minhas mãos tremiam, já não tinha força para segurar mais as lágrimas, começaram a correr pelas minhas bochechas, sentias a chegar aos lábios e aquele sabor salgado a entrar por entre os lábios.
Retirei o telemóvel do bolço, com a finalidade de ver as horas, mas depressa essa ideia vazou da minha cabeça e um medo tremendo e estúpido pelo telemóvel voltou. Fiquei a olhar para aquela pequena caixa escura, tinha medo de passar o dedo no ecrã e ver que tinha uma mensagem, estava a começar a ficar com medo de uma coisas tão indefesa, estava a ficar com receio do que poderia acontecer…
Tânia *