sábado, 15 de setembro de 2012

Capítulo 4

IV
4 de março de 2011 (parte 1)
Olhámos umas para as outras e engolimos em seco.
Izzy: Tens a porta fechada?!
Fui a correr para a cozinha e atrás de mim vinham todas as raparigas a correr.
Georgia: Está aberta!
Fechei-a rapidamente e olhei para elas, engoli novamente em seco. Corri para a outra porta, fechei-a e juntamente com ela as janelas.
Vicky: Achas que alguém entrou?!
Giovanna: Vamos subir e ver…
Tânia: Levem isto! (peguei rapidamente nas facas que se encontravam no faqueiro) Levem!
Giovanna: Achas que é necessário?!
Tânia: E tu?! Achas que é necessário?!
Nenhuma respondeu, a Georgia aproximou-se de mim e pegou numa nas facas.
Georgia: Vamos lá acabar com isto.
Começamos a subir silenciosamente. Ninguém sabia com o que estávamos a lidar, tínhamos todas medo do que poderíamos encontrar ao subir as escadas, o que nos podia acontecer.
Cada passo que dávamos soava um som diferente na madeira, agarrávamos com mais força as facas, como se fossem elas a nossa salvação. Parecia um filme de terror. Algumas janelas estavam abertas e as cortinas dançavam ao som do vento. As nossas mãos tremiam, acabava por parecer estranho estrarmos na minha própria casa com facas na mão, e isso deixava-nos ainda mais nervosas.
Izzy: Não é melhor chamar-mos a polícia?
Tânia: E quando chamar-mos?! O que dizemos?!
Continuámos a caminhar pelo chão de madeira, as tábuas no chão continuavam a fazer barulho que ecoava pela casa inteira. Fomos abrindo as portas enquanto fazíamos uma pequena revisão a casa divisão do andar de cima.
Carrie: Não está cá ninguém!
Finalmente o batimento do meu coração abrandou, deixei o braço encostar-se às pernas e senti o frio d faca. O nosso olhar acalmou-se e, lentamente, fomos descendo para a sala.
A Georgia foi-se a aproximando de mim com aquele olhar desconfiado.
Georgia: O que é que vamos fazer com ela?!
Tânia: Não sei.
Georgia: Vou fazer queixa dela à polícia!
Tânia: Não! Não temos a certeza se foi ela e para além disso precisamos dela, só ela é que nos pode dar as respostas!
Georgia: Sim, e no fim mata-nos!
Tânia: Não! Claro que não! Vamos decidir o que fazer com ela, mas todas juntas.
Chegámos à sala e instalamo-nos nos sofás vazios. Estávamos mais calmas, já tínhamos pousado as facas e agora o nosso olhar já só caia sobre a Sharon.
Georgia: Porque é que a matas-te!
Tânia: Calma Georgia!
Sharon: Eu não matei ninguém!
Tânia: Nós fartamo-nos de procurar-te! Nunca mais ouvimos falar de ti!
Sharon: Vocês sabiam que era o meu último dia em Portugal e Londres. Foi na noite dos meus anos para a África.
Giovanna: Quando é que chegas-te?
Sharon: Há cerca de uma semana.
Tânia: Porque é que nunca vieste ter connosco?
Sharon: Porque vos queria fazer uma surpresa, percebi o quando fui estupida e mimada por não ter voltado a falar com vocês, mas estava, de uma certa forma, revoltada e chateada. Mas quando finalmente resolvi ir ter com vocês, comecei a receber umas mensagens estranhas. Reparei que se estava a passar alguma coisa, até mesmo em minha casa, notava coisas diferentes, então, antes de ir ter com vocês resolvi investigar primeiro sozinha. Como sabia que a Dona Mary tinha a minha chave de casa, resolvi ir lá para saber se ela tinha ido a minha casa ultimamente…
Georgia: Então resolves-te ir lá e mata-la!
Sharon: Não, claro que não! Fui lá algumas vezes durante o dia, mas nunca a encontrei, então resolvi ir lá à noite. Quando me aproximei da porta para entrar senti uma pancada na cabeça e fiquei inconsciente, acordei no meu carro.
Carrie: Estás a dizer que alguém te atacou e que te voltaram a pôr no carro?!
Sharon: Sim.
Giovanna: Como é que é possível?! Quem é que te atacou?!
Sharon: Não sei, não consegui ver nada. Quando acordei e fiquei consciente, tive medo e fui para casa.
Georgia: Não te ocorreu que a pudessem ter magoado?!
Sharon: Sei lá! Naquele momento só queria fugir, tinham-se batido, achas que ia voltar atrás?!
Não obteve resposta de nenhuma das raparigas. O silêncio pairava na sala, que der repente transformou-se numa sala de interrogatórios onde no centro do teto só estava uma lâmpada a tremelicar.
Sharon: Comecei a perceber que não era nenhuma brincadeira e que estava a lidar com pessoas violentas, então chamei o meu namorado para me acompanhar, e foi assim que vos encontrei.
Estávamos todas a olhar para ela como se nunca a tivéssemos visto. Estávamos cansadas, olhei para o relógio sobre um dos móveis da sala e marcava 1:07h.
Tânia: É tarde. Meninas, vão buscar qualquer coisa à cozinha para comer, estejam à vontade e ponham-se confortáveis. Vou lá a cima tomar um ducho rápido.
Subi e fui tomar banho. Sabia-me bem sentir os pingos do chuveiro a escorregarem-me pelas costas. Vesti uma roupa simples e confortável. Fui até ao guarda joias para por uns brincos pequenos quando me deparo com o fio. Desci as escadas a toda a velocidade e fui para a sala, onde elas estavam com montes de comida sobre a pequena mesa.
Tânia: Alguém chegou a entrar dentro de casa!
Vicky: O quê?!
Tânia: O meu fio estava no guarda joias!
Vicky: Isso é bom…
Tânia: Não, porque à pouco, antes de sair-mos para casa da Dona Mary, o fio não estava lá!
Georgia: Foste tu! Assim que chegas-te colocaste-o lá em cima! Admite Sharon!
Sharon: Como é que fui eu se estive sempre aqui amarrada?!
Giovanna: Calma! As duas! Tânia, tinhas a certeza de que ele não estava lá?
Tânia: Sim, foi por isso que fomos a casa da Dona Mary.
Giovanna: Então alguém entrou, mas já não está cá, não está cá ninguém. (a Giovanna era a única que nos conseguia acalmar) Estamos todas cansadas, vamos comer qualquer coisa e ficamos todas por aqui.
Começamos a abrir os pacotes de batatas fritas e os sumos. O som da nossa boca a mastigar as batatas abafou qualquer som existente na rua.
Tânia: Nós tentámos contactar-te… (dirigi-me à Sharon)
Sharon: Eu sei. Mas nessa altura eu não queria falar com vocês…
Carrie: Porquê?! Deixaste-nos preocupadas!
Sharon: Porque vocês sabiam que era a minha última noite em Portugal e não foram capazes de fazer nada!
Georgia: Nada?! Nós preparámos-te uma surpresa!
Sharon: Que surpresa! Passei a noite do meu aniversário sozinha…
Georgia: Sozinha?! Como?! Nós fomos-te buscar e levamos-te para a surpresa!
Sharon: Não, não me parece, se eu não eu lembrava-me…
Izzy: Calma lá! Estás a dizer que não eras tu que estava connosco naquela noite?!
Sharon: Não, eu não era!
Tânia: Então quem era?!
O silêncio foi a principal arma usada naquele instante, não tínhamos uma única reação, nem os olhares se cruzavam, só o som dos telemóveis em sinfonia é que deu ambiente à sala. Fui a primeira a pegar no telemóvel, em seguida começaram ela, a medo, também a pegar. Antes de abrir-mos as mensagens, cruzamos os primeiros olhares daquela noite. Era como se já esperássemos de quem era a mensagem, só não sabíamos o seu conteúdo.
DE: sem número
MENSAGEM: “Então?! Gostaram da surpresa?! Gostaram da minha companhia naquela noite, ou preferiram a de hoje?! –SSS”
 Tânia *