quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Capítulo 3

III
3 de março de 2011 (parte 2)
Tânia: Estou?!
Não obtinha resposta do outro lado da chamada. Voltei a chamar várias vezes, mas nunca obtive resposta, nem um único som. Já estava para desligar quando oiço do outro lado um género de gravação a começar.
Giovanna: Já podes tirar a venda!
Georgia: Podes entrar nessa porta, está ai a tua surpresa!
Sharon: Hum, entrem vocês primeiro!
Giovanna: Não, tu é que és a aniversariante! Entra!
Vicky: Então! Entra! Entra!
Sharon: Não parece ser seguro…
Giovanna: Sharon, nem pareces tu! Entra!
Todas: Parabéns a…. Ahhhhhhhh!!

A chamada foi desligada antes de eu puder perguntar quem era, mesmo que tivesse tempo não era capaz de libertar nenhuma palavra da boca. Estava a suar pelas mãos e o telemóvel escapou-me por entre os dedos. Mais uma vez tinha ficado sem reação, não sabia o que fazer, agora tinha a certeza que não era preciso sentir-me insegura em relação às raparigas.
Tinha medo de voltar para casa sozinha, mas não tinha mais nenhum sitio para onde ir, liguei o carro e comecei a passear por Londres. Via as pessoas a passear pela rua, como se não tivessem problemas. À cabeça só me vinham imagens daquela noite de férias, vinha-me também a imagem daquela criança do meu sonho, não sabia o porquê, não conhecia nenhuma criança assim; pensava também no meu fio e como é que ele foi parar ás minhas mãos.
Tive de fazer uma travagem brusca para um senhor, já com a sua idade, pudesse passar à passadeira, estava tão distraída com os meus pensamentos que acabei por desligar, esqueci-me do tempo, não reparei nas horas.
Dei a volta ao carro, ganhei coragem e fui para casa almoçar. Quando entrei em casa, senti novamente uma estranheza ou uma sensação de uma outra presença na casa. Corri para o quarto para ver se faltava alguma coisa, abri gavetas, espreitei por baixo da cama e abri o guarda joias, faltava-me o colar, o colar desaparecido que apareceu na minha primeira noite em Londres.
Sentia a necessidade dentro de mim de gritar, mas contive-me e uma pergunta simbólica escapou-me por entre os lábios secos.
Tânia: Está ai alguém?
As janelas e as portas estavam fechadas, então, se alguém entrou, entrou pela porta. Sentia-me mal por pensar outra vez na Dona Mary, era impossível ela estar envolvida nisto e para além disso ela já estava, morta.
Tânia: Georgia, quando ouvires esta mensagem tenta vir o mais rapidamente possível para minha casa.
***
Georgia: Que se passa? Só consegui chegar agora…
Tânia: Alguém esteve em minha casa.
Georgia: Como assim?! A minha avó, quer dizer a Mary, está… (não conseguiu dizer a palavra, recuperou o folgo, conteve as lágrimas e continuou) e nós nem chegámos a saber se era ela que tinha a chave.
Tânia: Então temos de descobrir.
Georgia: Como?
Tânia: Voltamos lá!
Georgia: Oh não! Não, não! Nem penses!
Tânia: Oh Georgia, tem de ser. Vamos lá agora antes das raparigas chegarem, quando mais depressa resolvermos isto melhor!
Georgia: Não Tânia, esquece!
Tânia: Por favor Georgia. Não precisas de entrar… Eu compreendo que custe, mas por favor!
Georgia: Mas porquê agora?! Esperamos por elas…
Giovanna: Posso entrar?!
Tânia: Sim, estamos na sala mas já estamos de saída! (puxei a Georgia pelo um braço e dirigimo-nos até a porta de entrada onde a Giovanna esperava-nos com uma cara de confusa)
Giovanna: Saída? Mas pensei que era aqui que nos encontrávamos…
Tânia: E é, mas vamos a casa da Dona Mary.
Georgia: Oh Tânia, não!
Tânia: Não precisas de entrar…
Giovanna: (olhou para nós e tomou uma decisão, que nunca esperei que ela entrasse no “nosso filme” tão rapidamente) Se é para ir é agora! Daqui a pouco a mãe do Tom vem trazer a Carrie.
Tânia: Vamos!
Bati a porta da casa e confirmei várias vezes para ver se estava realmente bem fechada, depois batemos em conjunto as portas do carro e fomos a caminho da casa da Mary.
Tânia: Então Gio, que dizia a tua mensagem?
Giovanna: Dizia para eu não aceitar…
Georgia: Aceitar o quê?!
Tânia: O pedido de casamento do Tom…
Georgia: Ele já te pediu?
Giovanna: Não, mas eu encontrei o anel numa das gavetas dele.
Georgia: E porque é que eu não sabia de nada disso?
Giovanna: Desculpa Georgia, não em entendas mal, mas se tu já soubesses o Danny também e isto é uma surpresa.
Georgia: Mas a Tânia já sabia…
Tânia: Vais dar agora em ciumenta?!
Giovanna: Peço desculpa se eu agora ando mal disposta e sinto-me completamente sozinha porque não posso contar nada ao meu namorado e agora as minhas amigas não confiam em mim! (foi elevando o tom de voz para mostrar que estava revoltada)
Giovanna: Calma Georgia, nós sabemos que estás a passar um mau bocado, mas nós vamos tentar resolver isto o mais depressa possível e não tens de descarregar a tua raiva em nós.
Tânia: Vocês acham que se fossemos à polícia eles descobrem de quem é o número?
Giovanna: Não sei. Porquê?
Tânia: Porque eu hoje recebi uma chamado do “sem número” que devia ser o, ou a, tal SSS e, ninguém falou, mas apareceu uma gravação…
Georgia: Que gravação?
Tânia: Da vossa conversa antes da Sharon entrar naquela sala.
Georgia: Vocês acham que é ela que está por trás disto tudo?
Giovanna: Não digas isso! A Sharon pode ter muitos defeitos, mas matar ou ameaçar as amigas assim, não me parece!
Tânia: Mas neste momento só pode ser ela…
Giovanna: Como é que vocês são capazes de dizer isso?! Não sabemos nada dela desde essa noite, nem sabemos se está viva ou… Não sabemos nada, e pouco tentámos contactar com ela, e agora estão a acusá-la disto tudo?!
Tânia: Sim, tens razão… Mas quem poderá ser?! Só nós é que sabemos dessa noite e só a Sharon é que pode guardar rancores!
Giovanna: Por favor não vamos por essa hipótese.
Georgia: Chegámos. Eu fico aqui. Tentem não demorar.
Saímos do carro e começamo-nos a dirigir à porta das traseiras, a porta estava encostada, era sinal de que alguém entrou dentro da casa. Olhei para a Giovanna e apercebi-me que estava com medo, dei-lhe a minha mão para a aclamar.
Tânia: Deve ser a família dela…
Acabámos por entrar e rapidamente começámos a procurar nas gavetas mais óbvias para guardar chaves, no piso de baixo não estava nada. Resolvemos subir e começamos novamente a procurar. Ainda não tínhamos encontrado nada, faltava procurar no quarto da Dona Mary.
Olhamos uma para a outra, não parecia correto o que estávamos a fazer, mas era necessário fazer para que pudéssemos acabar com tudo de uma vez. Começamos a abrir a porta entreaberta e finalmente, quando estávamos dentro do quarto começamos a ouvir uns passos.
Tânia: Vem aí alguém! (tentei sussurrar entre o medo e a curiosidade de saber quem vinha lá)
Giovanna: Georgia, és tu?!
Parámos durante uns longos segundos e não voltámos a ouvir mais nada, admitimos para nós próprias que foram barulhos inventados pelo nosso medo. Continuamos a procurar e, à medida que abríamos as gavetas íamos fazendo cada vez mais barulho e ignoramos por completo os sons vindos da madeira.
Tânia: Encontrei!
Giovanna: Cuidado!
Tínhamos acabado de ser atingidas por algo que nos bateu na cabeça e deixou-nos inconscientes. Comecei a abrir os olhos com uma grande dificuldade, coloquei logo a mão na cabeça porque me doía bastante, assim que recuperei dei por mim deitada no chão com as mãos e os pés atados e com a boca tapada. Olhei em volta e vi duas pessoas de preto na ombreira da porta a falarem, quando me viram acordada uma delas dirigiu-se até mim, a outra foi-se embora.
Tânia: Quem és tu?! (tentei expressar-me o melhor que podia considerando a minha situação) O que queres de mim?!
Voltei a ter medo, muito medo, reconhecia aquela escala de medo, como no verão passado, tinha medo que me voltassem a fazer mal.
Tânia: Deixa-me ir… Por favor…
Olhava para a pessoa para ver se a reconhecia, com a aproximação reparei pela aparência física que era uma rapariga. Voltou a afastar-se para ir pegar algo, que provavelmente foi o mesmo que me bateu, a mim e a Giovanna.
Tânia: Não por favor!!
Estava com cada vez mais medo, só conseguia ouvir o meu coração a bater cada vez mais, à medida que se ia aproximando ia ficando sem esperanças e de um momento para o outro as lágrimas que escorriam pela cara secaram, era como se tivesse recuperado a vista, como se o mar de lágrimas que se tinha formado nos meus olhos secasse. Voltei a olhar para ela e vejo que não era um pau que trazia na mão, mas uma espécie de uma tesoura, quereria fazer-me mal ou ajudar-me, foi nesse momento, de perguntas indeterminadas e a surgirem na minha cabeça, que a sinto cair aos meus pés.
Tânia: Quem está aí?
Georgia: Sou eu.
Tânia: Georgia?! Solta-me!
Georgia: Quem é?! O que aconteceu?!
Tânia: Não sei. Vai soltando a Gio.
Georgia: Gio, acorda! Acorda!
Giovanna: Ah, a minha cabeça! Que se passou?
Georgia: Anda levanta-te, acho que encontramos quem nos anda a ameaçar.
Juntámo-nos todas em volta do corpo estendido no cão, com um movimento leve do meu pé, girei o corpo para que pudéssemos ver quem era. Ficámos sem palavras quando a luz do luar entrou pela pequena ranhura da janela e focou a cara da pessoa.
Giovanna: Não é possível…
Tânia *

5 comentários:

  1. Ahhhh!! Quem é??

    Muito fixe, continua (:

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  2. olá!
    achas bem acabar assim o capítulo? a mim não me parece nada bem xD
    ly marida <3

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  3. Tânia!!! eu não acredito que paras-te aqui!!
    ai quero mais!!! quem é???????

    Estou a adorar!! viciei!

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  4. Olá, obrigado pelo teu comentário e não é que é mesmo? :o Eu ás vezes dou por mim a distribuir o tempo para cada site que visito para tentar sair as horas previstas do computador, mas fique sempre mais do que devia ahaha :$
    Quanto a este capítulo o que posso dizer é que está simplesmente P E R F E I T O :D Wouw agora estou mesmo curiosa para saber quem é que as anda a perseguir :o
    Estou ansiosa para o próximo capítulo. Beijinhooos :D <3

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  5. Adoro a tua história!
    Estou muito ansiosa pelo próximo capitulo e para saber quem é que está por trás dessas mensagens... :D

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