III
3 de março de 2011 (parte 1)
Não tinha dormido nada e
isso notava-se na minha cara quando olhei pela primeira vez ao espelho. Não me
saída da cabeça o corpo da Mary estendido no chão, não conseguia perceber como
é que existia pessoas capazes de tirar a vida a uma outra pessoa.
Ainda não tinha dito
nada à minha mãe, estava na altura de lhe contar, peguei no telemóvel e acabei
por esquecer o medo que no dia anterior sentia em relação aquela caixa mágica.
Lurdes: “Sim?!”
Tânia: Olá mãe!
Lurdes: “Olá filha! Como
estás?”
Tânia: Não muito bem…
Lurdes: “Então, que se
passa?”
Tânia: A Dona Mary
morreu mão… (um soluço inesperado fugiu da minha boca o que facilitou mais um
lágrima cair dos meus olhos)
Lurdes: “O quê?! Como
assim??”
Sentia a voz da minha
mãe nervosa, como se quisesse também chorar.
Tânia: Ontem fui lá a
casa para falar com ela e encontrei-a morta…
Lurdes: “O que terá
acontecido? Chamas-te a polícia certo?”
Fiquei paralisada com o
auscultador do telemóvel colado ao ouvido, não se ouvia um único ruido de ambos
os lados.
Lurdes: “Filha, acho que
a chamada está a cair. Sabes o que lhe aconteceu? Falas-te com a polícia?”
Lembrei-me de como fomos
estúpidas em não ter-mos chamado a polícia e a ter-mos deixado lá, estendida no
chão e, a única coisa que fizemos fui chamar a vizinha. A única maneira para
não assustar a minha mãe era mentir. Engoli em seco e comecei a inventar uma
desculpa que, de agora para a frente, teria de ser a desculpa para todas as
perguntas ás quais não tínhamos resposta.
Tânia: Sim. Disseram que
teve um enfarte.
Lurdes: “Um enfarte?!
Mas a Mary não era assim tão velha.”
Tânia: Pois não.
Disseram que é raro mas é possível.
Lurdes: “Oh coitada! Nem
sei o que dizer. Se calhar é melhor mandar algumas flores para a morada dela, a
família já deve estar a tratar das coisas.”
Tânia: NÃO!
Lurdes: “Não?!”
Tânia: Não, mandas para
mim que eu depois passo por lá. Vou tomar um duche que vou tomar o
pequeno-almoço com a Georgia e com o Danny. Beijinhos pata todos!
Lurdes: “Vai lá.
Beijinhos também aí para a malta!”
Já estava a começar a
onde de mentiras, uma onda que não iria rebentar tão cedo.
***
Tânia: Bom dia meninos!
Cheguei ao café, pousei
o telemóvel e a carteira sobre as revistas da Georgia e sentei-me junto deles
dando-lhes um beijo rápido.
Tânia: Antes de começar,
a minha mãe manda beijinhos.
Danny: Como está a tua
mãe?
Tânia: Com saudades.
Enquanto chegavam os
nossos cafés, o meu telemóvel vibrou, todos nós na mesa sentimos o seu
tremelicar sobre as revistas, mas não tive coragem de lhe pegar e ignorei.
Danny: Então priminha?!
Quem é ele?
Olhei para o telemóvel e
olhei para a Georgia, esta retribuiu-me o olhar.
Tânia: Deve ser a minha
mãe…
Georgia: Então é melhor
veres…
Peguei no telemóvel a
medo, passei o dedo no ecrã e abri a mensagem.
DE: Giovanna
MENSAGEM: “Também recebi uma mensagem,
não tinha número e estava assinada como “-SSS”. Precisamos de resolver isto
RÁPIDO! Logo falamos.”
Tânia: Era a Gio…
Georgia: O que é que ela
queria?
Tânia: Saber se aquilo
para logo ainda estava de pé. (inventei rapidamente)
Danny: O que é que há
logo?
Georgia: A festa de boas
vindas para a Tânia! (inventou também)
Danny: Ah e quando é que
me ias contar menina Tânia?!
Fiquei de boca aberta a
olhar para ele, era péssima a mentir e não me surgia nada à cabeça, só uns
movimentos de cabeça e um revirar de olhos.
Georgia: É só para
raparigas, e para além disso tens que acordar muito cedo no outro dia.
Danny: Oh, mas eu
aguento…
Tânia: Priminho! Um
conselho, não te queiras meter numa festa de raparigas!
Danny: Quem vai?
Tânia: Eu, a Georgia, a
Gio, a Carrie, a Izzy e a tua irmã.
Danny: Isso, vão se lá
divertir enquanto eu e os rapazes trabalhamos.
Georgia: Oh coitadinho…
(aproximou-se dele e deu-lhe um grande beijo carinhoso nos lábios)
Tânia: Mas por falar em
rapazes, quando é que vão buscar o Dougie?
Harry: Em princípio
segunda-feira, 14 de março.
O Harry tinha acabado de
chegar, estava cada vez melhor, mas vinha bem acompanhado com a Izzy.
Rapidamente levantei-me da cadeira para os cumprimentar.
Tânia: Harry! Como é que
estás??
Harry: Éh linda! Estou
ótimo e tu?
Tânia: Eu também!
(deixei-o e dirigi-me à namorada) Izzy! Então linda, como estás??
Izzy: Estou boa e tu?
Tânia: Melhor agora,
tinha muitas saudades de vocês todos!
Izzy: Eu também!
Tânia: Logo vais dormir
a minha casa!
Harry: Como é que é?
Tânia: Ela logo vai
dormir a minha casa…
Harry: Ainda agora
chegas-te e já a estás a levar para maus caminhos?
Tânia: Eu?! Deixa-te de
coisas namorado galinha!
Izzy: Namorado
“galinha”?!
Tânia: Sim, é um namorado
controlador.
Georgia: E porque
galinha?! As galinhas são controladoras?!
Tânia: Olha, esqueças.
Era que eu costumava dizer em Portugal.
Harry: Ah bom! Pensava
que era parecido com uma galinha. (com um movimento brusco dos braços, imitou
uma galinha)
Lançamos todos uma boa
gargalhada – até mesmo a Georgia que não tinha disposição para nada - ao ver o
Harry a fazer as suas figurinhas, normalmente é o Dougie, mas como ele não está
cá, alguém tem de fazer o seu papel.
Izzy: Então,
encontramo-nos logo em tua casa?
Tânia: Sim.
Georgia: Então, eu
depois vou lá ter à noite.
Tânia: Sim. Apareçam
quando quiserem. Agora vou dar uma vista de olhos pelo jornal para ver se há
algum emprego de jeito.
Despedimo-nos e cada um
seguiu o seu caminho. Peguei num jornal e fui para a esplanada onde o pouco sol
da manha batia nas cadeiras de plástico.
Estar naquela cadeira,
naquela mesa fazia-me lembrar os tempos em que eu e a Giovanna íamos olhar para
os empregados agora já não tinha paciência para isso, nem pensar nisso, mas talvez
fosse isso que me fizesse bem, para me distrair e tirar tudo da minha cabeça.
Empregado: Precisas de
mais alguma coisa?
Tânia: (olhei para o
pequeno crachá com as letras gravadas que ditavam o seu nome) Não, obrigada
Dean.
Dean: Parece que já
sabes o meu nome.
Tânia: Tens cara de
Dean, sabes.
Dean: Ah claro! Tu tens
cara de Sarah ou Sandra…
Tânia: Não, esquece.
Nunca vais adivinhar!
Dean: Não, tens a
certeza?!
Tânia: Sim! Acredita,
podes desistir.
Dean: Pronto ok…
Olhei para a sua cara de
desiludido, não tive coragem de o deixar assim sem mais nenhuma pergunta ou
resposta.
Tânia: É um nome
português, tem pronúncia portuguesa, mas também podes dize-lo em inglês mas é
diferente.
Dean: Português?! Ok
desisto!
Tânia: Estás a ver?! É
Tânia.
Dean: Como?! Tânia?!
Foi engraçado ver as
articulações da sua boca a lançarem o meu nome repetidamente pela espanada.
Dono do café: Dean, há
mais clientes!
O Dean olhou para trás
de onde a voz grossa do homem vinha e depois voltou a olhar para mim com um
olhar envergonhado, elevou as sobrancelhas como se quisesse pedir desculpa.
Dean: Bom, se não
precisas de mais nada…
Tânia: Não obrigada.
Foi-se afastando de mim
e fiquei novamente sozinha. Enquanto circulava, com um marcador verde, os
anúncios que me interessavam, recebi uma mensagem. Por momentos deixei de lado
o medo do telemóvel e rapidamente o peguei, mas ao aproximar o dedo do ícone
das mensagens, deparei-me com a forte possibilidade de estar a receber uma
mensagem do, ou da, “SSS”.
DE: sem número
MENSAGEM: “Eu sei dos teus planos para
hoje à noite! Posso aparecer? –SSS”
As minhas mãos começaram
a tremer, senti a temperatura do meu corpo a diminuir e a expressão da minha
cara entristeceu de tal maneira que o Dean, muito educadamente, voltou a
aproximar-se de mim para perguntar de estava tudo bem.
Dean: Estás bem?
Tânia: Sim. Só recebi
uma notícia que não estava à espera. Tenho de ir.
Sai a correr do café e
deixei o pobre rapaz sozinho, sem resposta à pergunta inofensivamente
simpática.
Sentei-me no carro e
peguei no telemóvel para ligar a alguém, mas sentia que não confiava em
ninguém, o que era estupido porque tinha de confiar nas raparigas, porque tanto
elas como eu estávamos a ser ameaças. Estava a olhar para os números delas, sem
saber a quem ligar, estava à espera de uma coragem repentina para carregar no
botão verde e desabafar com uma delas. O tempo passava e não conseguia
desenterrar essa coragem, mas alguém teve essa coragem porque comecei a sentir
o telemóvel a vibrar nas minhas mãos, estava naquele momento a receber uma
chamado de: “sem número”!
Carregar na tal tecla
verde, atender aquela chamada e dizer alguma coisa podia mudar tudo. Saber quem
estava do outro lado do telemóvel, ouvir a voz dessa pessoas e saber o porquê
de tudo, era o nosso objetivo, mas o medo interrompia todos os movimentos que
pretendia fazer. Respirei fundo algumas vezes e quando dei por mim tinha o
telemóvel encostado ao meu ouvido.
Tânia: Estou?!
Tânia *
Opá estou a adorar !!! (:
ResponderEliminarAmo-te <3
Olá, ainda bem que já conseguiste, fico muito contente por o seguires :)
ResponderEliminarE ainda bem que gostas do meu blog, é muito bom saber que as pessoas gostam :)
Ps: Como tu disseste, SÓ TENHO UMA COISA A DIZER SOBRE ESTE CAPÍTULO: A.D.O.R.E.I *-*
Mais um capítulo fantástico, e obrigada por não teres demorado tanto ahaha, mas sinceramente, não é assim que se acaba um capítulo não é? o: Agora ainda fiquei mais ansiosa para o próximo :D
Não podes dar nem uma pistazinha de quem é? Pronto eu nem digo tanto, mas não podia contar um cudichinho sobre o que elas falam sempre que aconteceu em Portugal? *-*
Beijinhoos,
Magui
Muito fixe!
ResponderEliminarQuero mais!
Beijos :)
Está fantástico como já é costume!
ResponderEliminarQuero mais pode ser?? :P
Beijinho grande :)
Ly<3
Oláa, tenho um desafio para ti no meu blog. ;)
ResponderEliminarBeijinhos.