quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Capítulo 3


III
3 de março de 2011 (parte 1)

Não tinha dormido nada e isso notava-se na minha cara quando olhei pela primeira vez ao espelho. Não me saída da cabeça o corpo da Mary estendido no chão, não conseguia perceber como é que existia pessoas capazes de tirar a vida a uma outra pessoa.
Ainda não tinha dito nada à minha mãe, estava na altura de lhe contar, peguei no telemóvel e acabei por esquecer o medo que no dia anterior sentia em relação aquela caixa mágica.
Lurdes: “Sim?!”
Tânia: Olá mãe!
Lurdes: “Olá filha! Como estás?”
Tânia: Não muito bem…
Lurdes: “Então, que se passa?”
Tânia: A Dona Mary morreu mão… (um soluço inesperado fugiu da minha boca o que facilitou mais um lágrima cair dos meus olhos)
Lurdes: “O quê?! Como assim??”
Sentia a voz da minha mãe nervosa, como se quisesse também chorar.
Tânia: Ontem fui lá a casa para falar com ela e encontrei-a morta…
Lurdes: “O que terá acontecido? Chamas-te a polícia certo?”
Fiquei paralisada com o auscultador do telemóvel colado ao ouvido, não se ouvia um único ruido de ambos os lados.
Lurdes: “Filha, acho que a chamada está a cair. Sabes o que lhe aconteceu? Falas-te com a polícia?”
Lembrei-me de como fomos estúpidas em não ter-mos chamado a polícia e a ter-mos deixado lá, estendida no chão e, a única coisa que fizemos fui chamar a vizinha. A única maneira para não assustar a minha mãe era mentir. Engoli em seco e comecei a inventar uma desculpa que, de agora para a frente, teria de ser a desculpa para todas as perguntas ás quais não tínhamos resposta.
Tânia: Sim. Disseram que teve um enfarte.
Lurdes: “Um enfarte?! Mas a Mary não era assim tão velha.”
Tânia: Pois não. Disseram que é raro mas é possível.
Lurdes: “Oh coitada! Nem sei o que dizer. Se calhar é melhor mandar algumas flores para a morada dela, a família já deve estar a tratar das coisas.”
Tânia: NÃO!
Lurdes: “Não?!”
Tânia: Não, mandas para mim que eu depois passo por lá. Vou tomar um duche que vou tomar o pequeno-almoço com a Georgia e com o Danny. Beijinhos pata todos!
Lurdes: “Vai lá. Beijinhos também aí para a malta!”
Já estava a começar a onde de mentiras, uma onda que não iria rebentar tão cedo.
***
Tânia: Bom dia meninos!
Cheguei ao café, pousei o telemóvel e a carteira sobre as revistas da Georgia e sentei-me junto deles dando-lhes um beijo rápido.
Tânia: Antes de começar, a minha mãe manda beijinhos.
Danny: Como está a tua mãe?
Tânia: Com saudades.
Enquanto chegavam os nossos cafés, o meu telemóvel vibrou, todos nós na mesa sentimos o seu tremelicar sobre as revistas, mas não tive coragem de lhe pegar e ignorei.
Danny: Então priminha?! Quem é ele?
Olhei para o telemóvel e olhei para a Georgia, esta retribuiu-me o olhar.
Tânia: Deve ser a minha mãe…
Georgia: Então é melhor veres…
Peguei no telemóvel a medo, passei o dedo no ecrã e abri a mensagem.
DE: Giovanna
MENSAGEM: “Também recebi uma mensagem, não tinha número e estava assinada como “-SSS”. Precisamos de resolver isto RÁPIDO! Logo falamos.”

Tânia: Era a Gio…
Georgia: O que é que ela queria?
Tânia: Saber se aquilo para logo ainda estava de pé. (inventei rapidamente)
Danny: O que é que há logo?
Georgia: A festa de boas vindas para a Tânia! (inventou também)
Danny: Ah e quando é que me ias contar menina Tânia?!
Fiquei de boca aberta a olhar para ele, era péssima a mentir e não me surgia nada à cabeça, só uns movimentos de cabeça e um revirar de olhos.
Georgia: É só para raparigas, e para além disso tens que acordar muito cedo no outro dia.
Danny: Oh, mas eu aguento…
Tânia: Priminho! Um conselho, não te queiras meter numa festa de raparigas!
Danny: Quem vai?
Tânia: Eu, a Georgia, a Gio, a Carrie, a Izzy e a tua irmã.
Danny: Isso, vão se lá divertir enquanto eu e os rapazes trabalhamos.
Georgia: Oh coitadinho… (aproximou-se dele e deu-lhe um grande beijo carinhoso nos lábios)
Tânia: Mas por falar em rapazes, quando é que vão buscar o Dougie?
Harry: Em princípio segunda-feira, 14 de março.
O Harry tinha acabado de chegar, estava cada vez melhor, mas vinha bem acompanhado com a Izzy. Rapidamente levantei-me da cadeira para os cumprimentar.
Tânia: Harry! Como é que estás??
Harry: Éh linda! Estou ótimo e tu?
Tânia: Eu também! (deixei-o e dirigi-me à namorada) Izzy! Então linda, como estás??
Izzy: Estou boa e tu?
Tânia: Melhor agora, tinha muitas saudades de vocês todos!
Izzy: Eu também!
Tânia: Logo vais dormir a minha casa!
Harry: Como é que é?
Tânia: Ela logo vai dormir a minha casa…
Harry: Ainda agora chegas-te e já a estás a levar para maus caminhos?
Tânia: Eu?! Deixa-te de coisas namorado galinha!
Izzy: Namorado “galinha”?!
Tânia: Sim, é um namorado controlador.
Georgia: E porque galinha?! As galinhas são controladoras?!
Tânia: Olha, esqueças. Era que eu costumava dizer em Portugal.
Harry: Ah bom! Pensava que era parecido com uma galinha. (com um movimento brusco dos braços, imitou uma galinha)
Lançamos todos uma boa gargalhada – até mesmo a Georgia que não tinha disposição para nada - ao ver o Harry a fazer as suas figurinhas, normalmente é o Dougie, mas como ele não está cá, alguém tem de fazer o seu papel.
Izzy: Então, encontramo-nos logo em tua casa?
Tânia: Sim.
Georgia: Então, eu depois vou lá ter à noite.
Tânia: Sim. Apareçam quando quiserem. Agora vou dar uma vista de olhos pelo jornal para ver se há algum emprego de jeito.
Despedimo-nos e cada um seguiu o seu caminho. Peguei num jornal e fui para a esplanada onde o pouco sol da manha batia nas cadeiras de plástico.
Estar naquela cadeira, naquela mesa fazia-me lembrar os tempos em que eu e a Giovanna íamos olhar para os empregados agora já não tinha paciência para isso, nem pensar nisso, mas talvez fosse isso que me fizesse bem, para me distrair e tirar tudo da minha cabeça.
Empregado: Precisas de mais alguma coisa?
Tânia: (olhei para o pequeno crachá com as letras gravadas que ditavam o seu nome) Não, obrigada Dean.
Dean: Parece que já sabes o meu nome.
Tânia: Tens cara de Dean, sabes.
Dean: Ah claro! Tu tens cara de Sarah ou Sandra…
Tânia: Não, esquece. Nunca vais adivinhar!
Dean: Não, tens a certeza?!
Tânia: Sim! Acredita, podes desistir.
Dean: Pronto ok…
Olhei para a sua cara de desiludido, não tive coragem de o deixar assim sem mais nenhuma pergunta ou resposta.
Tânia: É um nome português, tem pronúncia portuguesa, mas também podes dize-lo em inglês mas é diferente.
Dean: Português?! Ok desisto!
Tânia: Estás a ver?! É Tânia.
Dean: Como?! Tânia?!
Foi engraçado ver as articulações da sua boca a lançarem o meu nome repetidamente pela espanada.
Dono do café: Dean, há mais clientes!
O Dean olhou para trás de onde a voz grossa do homem vinha e depois voltou a olhar para mim com um olhar envergonhado, elevou as sobrancelhas como se quisesse pedir desculpa.
Dean: Bom, se não precisas de mais nada…
Tânia: Não obrigada.
Foi-se afastando de mim e fiquei novamente sozinha. Enquanto circulava, com um marcador verde, os anúncios que me interessavam, recebi uma mensagem. Por momentos deixei de lado o medo do telemóvel e rapidamente o peguei, mas ao aproximar o dedo do ícone das mensagens, deparei-me com a forte possibilidade de estar a receber uma mensagem do, ou da, “SSS”.
DE: sem número
MENSAGEM: “Eu sei dos teus planos para hoje à noite! Posso aparecer? –SSS”

As minhas mãos começaram a tremer, senti a temperatura do meu corpo a diminuir e a expressão da minha cara entristeceu de tal maneira que o Dean, muito educadamente, voltou a aproximar-se de mim para perguntar de estava tudo bem.
Dean: Estás bem?
Tânia: Sim. Só recebi uma notícia que não estava à espera. Tenho de ir.
Sai a correr do café e deixei o pobre rapaz sozinho, sem resposta à pergunta inofensivamente simpática.
Sentei-me no carro e peguei no telemóvel para ligar a alguém, mas sentia que não confiava em ninguém, o que era estupido porque tinha de confiar nas raparigas, porque tanto elas como eu estávamos a ser ameaças. Estava a olhar para os números delas, sem saber a quem ligar, estava à espera de uma coragem repentina para carregar no botão verde e desabafar com uma delas. O tempo passava e não conseguia desenterrar essa coragem, mas alguém teve essa coragem porque comecei a sentir o telemóvel a vibrar nas minhas mãos, estava naquele momento a receber uma chamado de: “sem número”!
Carregar na tal tecla verde, atender aquela chamada e dizer alguma coisa podia mudar tudo. Saber quem estava do outro lado do telemóvel, ouvir a voz dessa pessoas e saber o porquê de tudo, era o nosso objetivo, mas o medo interrompia todos os movimentos que pretendia fazer. Respirei fundo algumas vezes e quando dei por mim tinha o telemóvel encostado ao meu ouvido.
Tânia: Estou?!
Tânia *

5 comentários:

  1. Olá, ainda bem que já conseguiste, fico muito contente por o seguires :)
    E ainda bem que gostas do meu blog, é muito bom saber que as pessoas gostam :)

    Ps: Como tu disseste, SÓ TENHO UMA COISA A DIZER SOBRE ESTE CAPÍTULO: A.D.O.R.E.I *-*
    Mais um capítulo fantástico, e obrigada por não teres demorado tanto ahaha, mas sinceramente, não é assim que se acaba um capítulo não é? o: Agora ainda fiquei mais ansiosa para o próximo :D
    Não podes dar nem uma pistazinha de quem é? Pronto eu nem digo tanto, mas não podia contar um cudichinho sobre o que elas falam sempre que aconteceu em Portugal? *-*
    Beijinhoos,

    Magui

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  2. Muito fixe!

    Quero mais!

    Beijos :)

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  3. Está fantástico como já é costume!
    Quero mais pode ser?? :P
    Beijinho grande :)

    Ly<3

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  4. Oláa, tenho um desafio para ti no meu blog. ;)
    Beijinhos.

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