sábado, 18 de maio de 2013

Capítulo 5

V
5 de março de 2011 (parte 3)
Tânia: Sharon?!
Giovanna: Está tudo explicado.
Levantou-se e nós seguimos os seus passos. Levantámo-nos prontas para sair quando fomos impedidas pela voz dela.
Sharon: Calma! Que se passa?
Tânia: Que se passa? Ainda tens coragem de perguntar-nos isso na nossa cara? Sinceramente pensava que tinhas ultrapassado aquela brincadeira de crianças, mas não! Continuas a menina mimada que ganha sempre o que quer, mas sabes que mais, chega! Nem eu nem as raparigas vamos continuar a brincar este jogo de crianças!
Sharon: Para começar, não sei porque estás tão revoltada. Segundo, que brincadeira?
Giovanna: Não te faças de burra Sharon, porque nunca o foste, por isso para de fingir, não vale a pela.
Sharon: Mas fingir o quê? Desde aquela noite em casa da Tânia não ouvi mais nada de vocês e agora vêm aqui ao meu local de trabalho insultar-me! Podem também explicar-me o que se passa? Já em casa da Tânia trataram-me estranhamente mal… e continuam.
Vicky: A Georgia desapareceu no dia a seguir a essa noite, graças à morte da avó dela, morte que ainda não sabemos quem foi, só sabemos que não foi um ataque cardíaco de certeza; o meu irmão está de rastos e estamos todas assustadas porque nos andam a ameaçar e temos quase a certeza que és tu.
Sharon: O quê? Não se lembram que eu também recebi uma mensagem? Já vos contei o que sabia!
Tânia: Claro, que alguém te atacou e te voltou a pôr no carro e depois és tu eu nos atacas!
Sharon: Só vos ataquei porque pensavam que tinha sido vocês a atacarem-me no outro dia…
Izzy: Oh meu Deus! Que confusão! Sharon que raio aconteceu??? Que conversa foi aquela de não teres estado connosco naquela noite em Portugal?
Empregado: Sharon, está aqui esta encomenda, vê se está tudo lá dentro e quando acabares ISTO (e apontou o dedo para nós, fazendo um circulo), vai entrega-la.
Sharon: Obrigada.
Foi abrindo a caixa para verificar se estava tudo lá dentro, quando começa-mos a deparar com a sua cara de assustada.
Vicky: Então? Que se passa?
Sharon: Estão a ver que não são as únicas a ser ameaçadas?
Virou a caixa para nós e num dos rótulos de uma caixa estava uma mensagem. “É melhor ficares por aí, não penses mais no que aconteceu, é passado. Fica aqui um conselho de amigo/a. –SSS”
Giovanna: O que é que querem dizer com isso?
Tânia: Mas mais importante? Quem meteu estas caixas aqui?
Sharon: É o meu namorado que costuma tratar disso…
Izzy: E onde está ele agora?
Num rápido movimento olhámos todas para o balcão para que nos pudéssemos deparar com o rapaz de farda vermelha e um sorriso na cara pronto a servir os clientes, mas em vez disso, deparámo-nos com uma fila de clientes esfomeadas á espera do lanche da tarde.
Tânia: Onde é que ele foi?
Vicky: Não é aquele lá fora?
Vimos um rapaz já de capacete a colocar-se na mota e a arrancar. O barulho da mota impediu-nos que ouvíssemos o som da parta a abrir, a anunciar a chegada de mais um cliente.
Sharon: Eu tenho de ir trabalhar. Encontramo-nos logo no café do costume?
Giovanna: Sim, e é melhor que apareças mesmo!
Deixa-mos que ela virasse costas e fomo-nos levantando e dirigindo para o carro. Estava um silêncio absoluto no carro, as força das portas a chegar fez-se sentir nos balanços do carro.
Vicky: O que é que vamos fazer?
Tânia: Vamos até casa da tua mãe, vamos buscar os rapazes e vamos para minha casa.
As palavras saiam automaticamente da minha boca, sem ritmo, sem entoação. Liguei o carro e dirigi-me a alta velocidade para casa da minha tia. Quando lá chegámos mal havia sítio para parar o carro, encostei-o junto a um dos muitos carros para poder despedir-me da minha tia e do meu tio, enquanto isso a Izzy ia chamando os rapazes.
Vi um grupo animado junto ao carro, era sinal de que estava na hora de ir embora, hora de mais uma noite atribulada.
***
 Izzy: Falas-te com a Carrie, Gio?
Giovanna: Não. Ela anda a gravar músicas e anda muito feliz, não a quero chatear. E alguma de vocês tentou falar com a Georgia?
Tânia: Eu tentei ligar-lhe, mas foi direito à caixa de correio.
Vicky: Mas ainda mais importantes, acham que a Sharon vais aparecer?
Giovanna: Sinceramente não sei…
Dean: Olá Tânia! (aquela voz tremida a dizer o meu nome não era estranha)
Tânia: Olá Dean!
Dean: Então, que posso fazer hoje por vocês?
Tânia: São 4 cafés, de faz favor.
Dean: Claro, trago já!
Izzy: Então??? Quem é moço?
Tânia: É um empregado… (sentia as minha bochechas a ficarem quente, mal o conhecia, e sem dúvida alguma, também não sentia nada por ele)
Vicky: Então porque estás a corar?
Tânia: Não estou a coroar!
Vicky: Estás sim!
Giovanna: Será que o Dougie finalmente já passou à história?
Tânia: O Dougie é muito importante para mim, mas sim, já passou à história.
Izzy: Ainda estou para ver isso quando o forem buscar para a semana…
Tânia: Vai ser tudo normal.
Dean: Ora, aqui estão os vossos cafés. Digam-se se precisarem de mais alguma coisa.
Tânia: Preciso. (esperei que ele parasse de olhar e se voltasse para mim) Sabes se estão a precisar de alguém aqui, para servir às mesas?
Dean: Não sei, mas posso falar com o meu patrão. Estás interessada?
Tânia: Sim. Preciso de começar a trabalhar.
Dean: Claro! Vou falar com ele e depois digo-te alguma coisa.
Izzy: Ela nunca mais aparece!
Giovanna: Tem calma, já viste como está trânsito?!
Izzy: Viesse mais cedo!
Ficámos durante algum tempo sem tema de conversa até o Dean aparecer com os papais para eu me inscrever à vaga, agradeci-lhe e guardei os papéis na mala.
Sharon: Olá! Desculpem o atraso…
Vicky: Já pensava-mos que não vinhas.
Sharon: Eu disse que vinha, não disse?! (olhou para nós como quem tem sempre razão, um olhar que me relaxou, pois parecia mesmo a Sharon que nós conhecia-mos) Começamos por onde?
Tânia: Pelo princípio…
Sharon: Então, naquela noite em Portugal… (acenei afirmativamente com a minha cabeça) tínhamos combinado um jantar de despedida, entretanto eu fui ajudar a minha mãe; atrasei-me e fui direita ao restaurante, esperei bastante e vocês nunca apareceram, tentei ligar mas ninguém atendeu.
Giovanna: Nós jantámos contigo Sharon…
Sharon: Desculpa, mas não! Eu passei a noite toda sozinha!
Tânia: Vamos lá ter calma… Não te aconteceu nada de mal nessa noite?
Sharon: Como assim nada de mal?
Giovanna: Do género… não te caiu um bolo a arder sobre ti?
Sharon: O quê????
Giovanna: Nessa noite nós levámos-te para uma casa assombrada e tinha-mos colocado um bolo na porta e quando abrisses era suposto cair-te em cima, mas alguém trocou o bolo e colocou um com velas a arder…
Sharon: Vocês estão a dizer que eu devia estar morta?
Izzy: Morta não, mas ferida sim…
Sharon: Mas isso não aconteceu, pelo menos, comigo não.
Giovanna: Então quem estava connosco? Era igual a ti!
Tânia: Nunca nos chegas-te a dizer porque é que a tua mãe tinha aceitado aquela proposta de trabalho tão de repente, ainda por cima para ir para tão más condições trabalhar…
Sharon: Nem ela chegou a dizer-me ao certo, só disse que precisava de mudar de ares.
Vicky: Acha que ela está a esconder alguma coisa?
Giovanna: Vicky! Então?!
Sharon: Não faz mal Gio, eu também já pensei nisso, mas não consigo encontrar nada…
Tânia: Achas que tens uma irmã gémea? Quando a tua mãe te teve ela não tinha condições quase para te ter, quando mais outra criança…
Sharon: Sim, eu pensei nisso, e tentei contactar com a pessoa que fez o parto à minha mãe, mas ainda não consegui…
Vicky: Nós ajudamos-te.
Sharon: Agora já acreditam em mim?
Tânia: Acho que sim, pelo parece que estás a dizer a verdade. E o teu namorado?
Sharon: O Jay… Não sei de nada dele desde hoje à tarde…
Izzy: De certeza que era ele que andava a mandar essas mensagens!
Sharon: Mas porquê?
Tânia: Havemos de descobrir… Mas não hoje. Já temos muito na nossa cabeça, precisamos de descansar. (dirigi o meu olhar para a Sharon para que ela entendesse que era com ela que agora estava a falar) Não desapareças, podemos voltar a encontrar-nos para falar melhor. (passei agora o olhar por todas) Sempre que soubermos de alguma coisa, conta-mos logo umas às outras, fica aqui prometido.
Giovanna: E até mesmo as mensagens, falem connosco se algumas delas forem mesmo más!
A conversa finalmente parou, começa-mos a despedirmo-nos e cada uma segui o seu caminho. Mesmo antes de ir preenchi a ficha de inscrição sobre a mesa onde tínhamos tomado o café, para a entregar ao Dean.
Dean: Espero que consigas o trabalho!
Tânia: Também eu, também eu… (sorri e deixei a esplanada)
Assim que cheguei a casa foi subindo as escadas à medida que tirava uma peça de roupa, o cansaço tomou completamente conta de mim o que me fez adormecer sobre a colcha ainda vestida.
Mais uma vez estava a acordar em pânico com a imagem da pequena menina loira. Deitei a cabeça sobre a almofada e fechei os olhos para voltar a adormecer, mas os primeiros raios de sol da manha não deixaram e o coração a bater a mil também não facilitava.
Peguei no telemóvel para ver as horas, e verifiquei que tinha uma mensagem. Pela primeira vez não tive medo de abrir a mensagem, parece que a conversa da noite anterior me tinha deixado mais descansada, o que era impossível porque aparentemente havia duas Sharon’s. Abri a mensagem e a minha sensação estava correta, a mensagem era boa. Era o Dean a dizer que tinha conseguido o trabalho e que deveria começar a trabalhar amanhã. Ou seja, significava que já só tinha um dia para mim mesma.
***
13 de março de 2011
Os dias foram passando, as mensagens pararam, tanto a mim como às raparigas. Parece que finalmente estava tudo a voltar ao normal. Tinha jantado umas duas ou três vezes com Dean, tinha sido muito divertido, ele era um rapaz espetacular. O que não estava a correr tão bem, era ainda o desaparecimento da Georgia e a tristeza do Danny.
Era véspera de ir buscar o Dougie e assim que saí do trabalho fui comprar um vestido, não demasiado chique, nem demasiado simples, para o ir buscar. Não que fosse importante, mas queria estar bonita para quando ele olhasse visse-mo como estava diferente, como tinha crescido sem ele.
Estava de volta dos vestidos quando sinto o telemóvel vibrar. Peguei-o sem hesitação, já não havia medo. Mas as mãos soadas, o tremelicar do coração e o arrepio a subir por mim voltou rapidamente, parece que tudo de bom que tinha acontecido durante aqueles dias, desapareceu.
DE: sem número
MENSAGEM: “Amanhã é o grande dia! Pode ser que também haja uma grande surpresa! –SSS”
Tânia *

Sem comentários:

Enviar um comentário