I
1 de Março de 2011 (parte 1)
I
1 de Março de 2011 (parte 1)
Despedir-me
da minha vida era complicado. Era como começar a viver de novo, começar tudo
outra vez, fazer as mesmas conquistas, aceitar as mesmas derrotas, era como
nascer de novo.
Tinha
medo de que o meu passado me perseguisse, tinha medo de voltar a ter medo, mas
tinha de ser, tinha de descer aquelas escadas e despedir-me dos meus pais e
amigos.
Era
estranho, sentia todos os passos que dava no meu coração, sentia que por um
lado o que estava a fazer era fugir, era cobardia, mas já não tinha mais forças
para continuar.
Lurdes: Porque
demoras-te tanto?
Notava-se no olhar da
minha mãe o medo infinito de perder a sua filha, de a deixar partir…
Tânia: Estive a
despedir-me das minhas coisas…
Lurdes: Sabes que não
precisas de ir embora.
Umas palavras tão
simples da minha mãe e tão repetidas que me continuavam a magoar, já tínhamos
falado muitas vezes sobre aquele assunto e sobre tudo o que me tinha
acontecido, como era difícil para mim continuar naquele sitio, que mesmo
custando para ela, era o melhor para mim.
Tânia: Não mãe! Eu tenho
de ir. É o melhor para mim, tenta perceber isso, ajudaria muito!
Jorge: Chega Lurdes. Ela
precisa de sair, de apanhar novos ares, conhecer gente nova, principalmente,
gente que não conheça a sua história.
Lurdes: Não deixa de não
custar. (dirigiu-se a mim, com aqueles grandes olhos azuis brilhantes que
transbordavam de lágrimas á espera de um momento para se soltarem) Eu
compreendo, sei que custa, mas eu sou tua mãe e vai-me custar sempre, as
saudades vão ser muitas e tu não estás preparada para ir sozinha, podes-te ir
abaixo, e depois, como é?
Tânia: Eu não estou
sozinha, tenho o Danny e o resto dos rapazes.
Lurdes: E o Danny e o
resto dos rapazes têm a banda e a sua própria vida.
Tânia: Mãe, não vale a
pela, está decidido. Eu vou embora!
Todos nós, presentes
naquela sala, fomos engolidos numa onda de silêncio que nos arrancou as
palavras não nos deixando dizer mais nada. Ninguém teve coragem para cortar
aquele momento, nem um único gesto, nem um piscar de olhos. O momento já se estava
a prolongar cada vez mais, o meu pai ergueu os olhos e finalmente cortou o
silêncio.
Jorge: Queres que te vá
buscar as malas?
Acenei com a cabeça
afirmativamente, olhei para a minha mãe que estava com o queixo encostado ao
peito, não consegui olhar para a sua cara, nem ver a sua expressão, uma madeixa
loira descai-a para a sua cara incomodando-lhe os olhos, mesmo assim não a
tirou, nem olhou para mim.
Jorge: Vou levá-las para
o carro. (passou por nós, carregado de malas e dirigiu-se para a saída)
A hora de partir estava
a aproximar-se, finalmente ganhei coragem e cortei o silêncio que se instalou
entre mim e a minha mãe. Aproximei-me dela e tirei-lhe a madeixa loira dos
olhos.
Tânia: Eu sei que te
custa mãe, mas acredita que custa mais a mim. Ficar aqui era impossível para
mim, era como se ficasse a viver num pesadelo. (esperei que ela levantasse a
cabeça e me dirigisse o olhar) Eu gosto muito de vocês e sei que vos custa
muito a minha partida, mas por favor mãe, eu peço-te, deixa-me ir em paz, não
fiques desiludida comigo, porque eu sei que é isso que tu agora sentes, eu não
vou desistir de nada, vou continuar a viver!
Lurdes: Por um lado vais
desistir, ou melhor, já desististe.
Tânia: Estás a ver mãe!
E por isso que quero ir embora, tu e todos que me conhecem vão continuar assim
com esses tipos de comentário.
Lurdes: Desculpa. Não
queria dizer isto.
Tânia: Mas disseste, e
por muito que não queiras vais acabar por dizer outra vez, tu e todos aqueles
que, de uma maneira ou de outra, estão presos ao meu passado.
Lurdes: Ninguém está
preso ao teu passado, as pessoas só se preocupam contigo.
Tânia: Preocupam? Eu não
chamava a isto preocupação. Já viste os olhos com que me olham, não é de
preocupação nenhuma!
Por muito que me
custasse ter aquela conversa com a minha mãe, tinha de a ter, mesmo sendo fria
a escolha de palavras, tinha de as dizer, tinha de dizer tudo antes de ir
embora e ir de cabeça limpa.
Jorge: Estás pronta?
Olhei para a minha mãe,
não sabia ao certo como me despedir dela, por minha sorte foi ela que me
abraçou, mesmo com as lágrimas a formarem pequenos rios de diferentes direções
na sua pele branca da face, consegui despedir-me dela.
Lurdes: Desculpa! Eu
quero que tu sejas feliz, e se aqui não estás então sai, deixa o passado
enterrado e luta por um futuro melhor.
Tânia: Oh mãe, sabes
como vai-me custar deixar-vos, mas tenho a certeza que vou ser mais feliz.
Limpei-lhe o pequeno rio
que já tinha desaguado no pescoço, dei-lhe um beijo forte e calorento na
bochecha. Olhei para ela mais uma vez e, saí.
Tânia *
Gostei muito!
ResponderEliminarQuero mais!! :D
Obrigada (:
EliminarAssim que puder publico outro!
Beijinhos *
Olá Tânia!
ResponderEliminarAdorei muito!
Fico triste pela outra, mas esta parece prometer!
(:
Olá!
EliminarObrigada!
Sim, esta, espero, vai ser melhor! (:
Beijinhos*
fabuloso...
ResponderEliminarquero mais... tou super curiosa para ver o proximo...
continua...
Olá Ana!
EliminarBrevemente vem outro (:
Obrigada
Beijinhos*
Estou impressionada, emocionada, surpreendida, TUDO!
ResponderEliminarAMEI!!!
QUERO MAIS!! já tinha saudades desse teu jeitinho para escrever!
Inspiras-me todos os dias, nao desistas desta por favor, se o fizeres partes-me o coraçao!!
Beijinhos estou a espera de outro capitulo
Não fofinha, desta não vou desistir.
EliminarObrigada (:
Beijinhos*