I
1 de março de 2011 (parte 2)
Voltar atrás era
impossível, já não valia a pena, agora era erguer a cabeça e continuar.
O avião já tinha
aterrado no solo britânico, muito se tinha passado em Londres, mas era sempre
bom estar em novos ares, sentir aquele clima típico de Inglaterra.
Olhei para todo o lado,
para ver se via alguma cara conhecida, entre as pessoas que passavam de um lado
para o outro, comecei a avistar um cabelo no ar que se sobressaia em relação
aos outros, assim que as cabeças cobertas de cabelos negros começaram a afastar-se,
avistei o Tom e a Giovanna, juntos de mãos dadas. Estava muito contente por
eles os dois, noivaram, já se conhecem á muitos anos e, só ao fim de 7 anos de
namoro é que decidiram dar o grande passo.
Aproximei-me deles para
os abraçar, mas eles para brincar, ignoraram-me, fazendo que não me conheciam.
Tânia: Que saudades!
Tom: Eu conheço-te?
Giovanna: Quem é Tom?
Tânia: Olha, vão
passear, que eu agora preciso de amigos e não de desconhecidos
Dito isto, colocaram um
grande sorriso na cara e mergulharam entre as pessoas que passavam até me
abraçarem, um abraço muito calorento, bem apertado e com um sabor a saudades.
Tom: Oh miúda, como
estás? Estás tão linda!
Tânia: Obrigada Tom! Já
estive melhor, mas o que foi mau vai ficar para trás.
Giovanna: É melhor,
vieste para aqui para te divertir!
Tânia: O Danny? Pensava
que era ele que me vinha buscar…
Tom: Sabes como é,
passou a noite toda com a Georgia a passear, e hoje não se conseguiu levantar
da cama.
Tânia: Pois, só podia!
Então e o Dougie? Como é que ele está?
Tom: Já está melhor,
vamos busca-lo dia 14 de março.
Enquanto falava-mos, a
Giovanna deitava os olhos às miúdas que pasmavam a olhar para Tom que
fervelhavam por dentro desejosas de um beijo nas faces, nessa altura, coradas.
Tânia: Tem calma Gio,
são só fans.
Giovanna: Mas ele é meu
e não delas!
Rimo-nos e começa-mos a
abandonar o aeroporto de Londres, íamos almoçar em casa dos pais do Danny – a
minha tia – e, como a viajem ainda era longa, deixa-mos o aeroporto sem olhar
para trás.
***
Kathy: Olá minha linda!
A minha tia corria entre
as pedras soltas da calçada que atravessa o jardim, num só passo, até me
alcançar e me beijar a face rosada.
Tânia: Olá tia!
Kathy: Oh minha querida,
estás tão linda! Dá cá dois beijinhos!
Estivemos naquele filme
durante, que para mim pareceu, uns longos minutos, que eram assistimos, com
risadas á mistura, pela minha prima e pelo meu tio, encostados à ombreira da
porta. Entretanto foi a vez do meu tio e, só no fim das perguntas retóricas,
dos beijos seguidos e das piadas sem piada, é que foi a vez da minha prima.
Vicky: Será que já a
podem largar, para eu lhe dar um beijinho? (afastou-se da porta e aproximou-se
de nós) Olá priminha linda!
Tânia: Olá vermelhinha!
Que saudades! Estás cada vez melhor!
Vicky: Não estou nada!
Ai ó páh, que saudades! (voltou-me a abraçar, e mais uma vez, e mais outra…)
Allan: Vamos indo para
dentro. O Danny está a chegar.
Tinha saudades de sentir
o cheiro da casa dos meus tios, que era bem diferentes da dos meus tios em
Portugal. O meu olhar não parou até examinar todas as coisas novas que estavam
em cima dos móveis, das coisas que tinham mudado até mesmo das pequenas partículas
de pó que iam caindo e sobressaindo sobre a madeira escura do móvel da cozinha.
Fomo-nos instalando na sala de jantar, mas fomos rapidamente incomodados pelo
som da campainha velha.
Kathy: Deve ser o Danny
e a Georgia.
Levantei-me para poder
ser a primeira a abraçá-lo, de todos, ele era a pessoa de quem eu sentia mais
falta.
Danny: Olá a todos,
desculpem pela demora.
Tânia: Danny!
Danny: Tânia!
Corri até ele e, com um
pequeno impulso saltei para o seu colo e, com a força das saudades, enrolei os
meus braços ao seu pescoço descoberto.
Danny: Pequena! Estás
boa? (tinha dificuldades em falar, já que eu continuava com os meus braços
enrolados ao pescoço)
Tânia: Estou! Tinha
tantas saudades tuas!
Danny: Também eu
pequena!
Finalmente deixei os
meus braços se desenrolarem e deslizei do seu colo, cumprimentei a Georgia com
uma grande abraço e no fim de uma pequena conversa sobre o resto da família em
Portugal, fomos comer.
***
Danny: Queres que te vá
levar a casa?
Tânia: Pode ser, se
calhar és tu que estás mais perto.
Tom: A minha irmã disse
que depois passava por lá.
Tânia: Ah, ainda bem!
Acabámos todos por sair,
entre beijos e abraços e, cada um seguiu o seu caminho.
No fim de uma longa
viagem, com os olhos escondidos atrás dos óculos escuros, comecei a avistar as
folhas secas da árvore que decorava o jardim da minha casa.
Tânia: Bom, parece que
já estou entregue! Depois combinamos qualquer coisa.
Danny: Claro que sim e
já sabes, se precisares de alguma coisa pede.
Georgia: Bom, Danny, já
que tu agora vais ter com eles e eu não tenho nada para fazer, fico aqui com a
Tânia.
Tânia: Sim, claro que
ficas! Temos que pôr a conversa em dia!
Danny: Pois, estou a
ver. (fez aquela cara de desconfiado e com um tom maroto continuou) Então saiam
já do meu carro!
Tânia: Sim senhor!
Esperei que e a Georgia
se despedisse dele e entrei na minha antiga casa, já não entrava lá à muito
tempo, normalmente, quando ia pouco tempo a Londres ficava com o Danny,
tornava-se muito mais divertido.
Conseguia sentir o
cheiro do pó, a impressão de estar a entrar numa casa assombrada. Abri as
janelas, tirei os plásticos do sofá que impediam de o pó pousar nos estofos deste
e, finalmente sentei-me com a Georgia.
Tânia: Eu até te
oferecia alguma coisa, mas não tenho nada.
Georgia: Não há problema.
Instalou-se um silêncio
constrangedor entre nós, não cruzamos olhares, olhávamos em volta á procura de
um tema de conversa.
Georgia: Como tudo muda…
Tânia: Para alguns…
Georgia: Mas tu vieste
para aqui para melhorar, não podes pensar assim…
Tânia: Não estou só a
falar de mim, há mais pessoas que sofreram com isto tudo!
Georgia: Mas não vale a
pena falar nessas pessoas, prometemos nunca mais falar nela.
Tânia: E achas isso bem?
Não falar nela? Assim nunca mais resolvemos isto!
Georgia: Mas resolver o
quê?! Não há nada para resolver Tânia!
Tânia: Há sim e tu sabes
disso!
Georgia: Não! Não vamos
voltar ao passado, resolver uma coisa que não tem resolução!
Tânia: Tem sim!
Descobrimos onde ela está!
Georgia: Não Tânia, não
vamos voltar atrás.
Tânia: Não quer dizer
que tenhamos de voltar a atrás, só temos de esclarecer tudo! Pensas que é fácil
viver assim? Eu todos os dias penso naquela noite, tenho as imagens todas
gravadas na minha cabeça!
Giovanna: Olá outra vez!
Podemos entrar?!
Tânia: É claro! Carrie,
olá! Que saudades miúda!
Carrie: Olá! Também
tinha saudades tuas!
Abraçamo-nos e
deixámo-nos estar assim durante uns longos segundos.
Georgia: Vocês
conseguiram vir?!
Giovanna: Sim, os pais
do Tom só vão embora perto da noite.
Carrie: Então, conta-me
coisas!
Tânia: Oh, não há muito
para contar. Tinhas saudades tuas! (voltei a abraçá-la)
Georgia: Não tens nada
para contar?! Antes de elas chegarem tinhas muito para falar…
Giovanna: Que se passa
Tânia?
Tânia: Nada que vocês
possam resolver, pelos visto. (e dirigi o olhar para a Georgia)
Georgia: É claro que não
podemos, não podemos desenterrar o passado, nem devia-mos estar a falar nisto,
tínhamos prometido!
Giovanna: Porquê agora
Tânia?
Tânia: Porque agora
estamos todas juntas e será muito mais fácil acabar com isto, além disso, o que
se passou não foi uma coisa qualquer, foi uma coisa séria!
Giovanna: Mas nós não
podemos voltar atrás, se pudéssemos voltava-mos, mas não podemos.
Tânia: Mas podemos
remediar, podemos mudar o que ainda se pode mudar!
Giovanna: Mas não
podemos remediara nada.
Carrie: Eu também acho
que podemos…
Georgia: Oh Carrie, tu
também não!
Carrie: Eu também não o
quê? Achas que é fácil ficar com aquelas imagens da minha cabeça? Enquanto
vocês vieram correr para os braços dos namoradinhos que tive que aguentar
sozinha e, bem pior foi a Tânia que teve que lá ficar passar á frente da casa
como se não fosse nada!
Tânia: Exato. Pensão que
é fácil?!
Giovanna: Mas não
podemos fazer nada!
Georgia: Olhem, já nos
estamos a precipitar, vamos mas é com calma. Já estamos todas de cabeça quente,
foi um dia longo, vamos descansar e amanhã encontramo-nos para tomar o
pequeno-almoço.
Giovanna: Sim é melhor.
Tânia, descansa, que amanhã falamos melhor.
Não pude fazer mais nada
se não concordar, despedi-me delas e fui até ao meu quarto. Este estava coberto
de plásticos que escondiam as minhas fotografias empoeiradas, que ao fim ao
cabo, acabavam por esconder as melhores recordações que eram retratadas com
sorrisos nas imagens sujas. Mudar para Portugal nunca tinha estado nos meus
planos, por isso, sabia que mais tarde ou mais cedo regressaria a Londres, mas
nunca pensei que fosse por motivos tão fortes.
À medida que ia tirando
os plásticos, sentia o pó a entrar pelo meu nariz e a causar-me vontade de
tossir, passei a minha mão na cama ainda com a colcha de verão, sentia-me bem
com as cores vivas da colcha, sentia que não tinha problemas e que podia fechar
os olhos e, acordar sem ser acordada por um pesadelo, só queria que a minha
mudança me fizesse bem, que não precisasse de fugir mais de mim própria.
Estava cansada, doía-me
o corpo de todas as viagens que tinha feito num só dia, deitei-me na cama,
fechei os olhos para tentar relaxar e, acabei por adormecer.
***
O meu coração batia a
mil, a minha respiração estava bastante acelerada. Olhei para o relógio para
ver as horas, eram 03:51h. Uma imagem desconhecida não me saia da cabeça, era
uma criança linda, com uns longos cabelos dourados e com uns olhos azul
brilhante.
Quando finalmente senti
o coração a acalmar e a respirar sem precisar de ter a boca entreaberta,
reparei que sobre a minha mesinha de cabeceira estava um fio. Com um leve
movimento puxei-o para junto de mim, para conseguir reconhecê-lo. Estava
escuro, mas o fio parecia velho e cheio de pó, mas assim que os meus olhos se
habituaram ao escuro e olhei para o fio, um arrepio percorrei-me o corpo.
Tânia: Não é possível!
Nas minhas mãos tinha o
fio que perdi na noite do acidente em Portugal, a noite que mudou as nossas
vidas. Já não via aquele fio desde essa noite, ele desapareceu nessa noite,
logo, alguém deveria tê-lo colocado lá. Olhei em volta para me certificar de
que a janela estava fechada; para o exterior só via as folhas da árvore do
jardim a baterem no vidro da janela com a força do vento e da chuva, era impossível
alguém andar na rua com aquele tempo, deduzi que alguém o tivesse pôs-to
anteriormente.
Os meus pensamentos foram
interrompidos por uma mensagem no telemóvel, a luz forte do ecrã iluminou o
teto do quarto. Era estranho receber uma mensagem aquelas horas da noite, ao princípio
não liguei, mas comecei a ficar assustada e antes de pegar no telemóvel, mais
um arrepio subiu-me pelo corpo.
Tânia *
OMG!! esta lindo!!
ResponderEliminarquero mais e rapidamente!!!
Esta vai ser uma historia fabulosa tenho a certeza!!
beijinho grande!!
Adorei *.*
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