IV
4 de março de 2011 (parte 3)
Não era o que me estava
a apetecer, passar o resto da tarde a fazer cupcakes com a minha prima, mas era
para ajudar a minha tia e talvez me fizesse descontrair.
Dirigimo-nos à cozinha e
começamos a fazer os cupcakes. Como era para o grupo de jardinagem da minha
tia, decidimos fazer as decorações com coisas de jardim.
Danny: Acabou…
Não parava de repetir
aquela palavra tão dolorosa, que naquele momento lhe devia estar a ferir o
coração.
Tânia: Tem calma Danny…
Queres que eu tente falar com ela?
De repente, aquela cara
de triste, de confuso e de medo desapareceu para dar lugar a uma cara séria e
rígida.
Danny: Não. Foi o desejo
dela.
Virou-me as costas e
desapareceu por entre os móveis e depois pelo jardim. Ainda corri atrás dele
para o impedir, mas ele já estava dentro do carro pronto a arrancar.
Voltei para dentro e
tentei assimilar tudo o que tinha acontecido. Nada estava a fazer sentido,
muito menos as atitudes da Georgia. A única maneira de esclarecer tudo era
falar com ela. Peguei no telemóvel e disquei rapidamente o seu número. Chamou
várias vezes, e ninguém atendeu. Voltei a tentar e desta vez a chamada foi
cancelada. O que quer que tenha sido, não queria atender a minha chamada.
Comecei a ficar
preocupada e resolvi então falar com a Giovanna e contar o que se passava.
Giovanna: Estás a falar
a sério?! Eles acabaram?!
Tânia: Sim.
Giovanna: Que deu na
cabeça da Georgia??
Tânia: Não sei! Estava
triste e de repente tornou-se má!
Giovanna: Será que ainda
é por causa da Dona Mary?
Tânia: Não sei, mas
penso que sim. Acho que ela sente-se culpada.
Giovanna: Mas culpada do
quê?
Tânia: Não sei…
Giovanna: Hoje saio mais
cedo e passo por casa dela, quando souber de alguma coisa aviso-te.
Tânia: Ok.
Atirei o telemóvel para
o sofá e deixei-me cair sobre este. Olhei para as pequenas manchas de bolor que
se estavam a formar no teto da minha sala, fixei-as, e, por segundos, apaguei,
deixei que o cansaço tomasse conta de mim e esqueci-me de tudo. O vibrar do
telemóvel de baixo do meu rabo fez-me abrir novamente os olhos. Peguei no
telemóvel e atendi.
Tânia: Sim?!
Kathy: Tânia, minha
querida. Estou-te a chatear?
Tânia: Ah, tia. Não,
claro que não. Que se passa?
Kathy: É assim minha
querida, estou encarregue de um lanche aqui em casa com o grupo de jardinagem
em que eu ando, mas estou um bocado atrasada nas sobremesas. Achas que a Vicky
podia passar ai e faziam as duas aqueles cupcakes maravilhosos que costumam
fazer?
Tânia: Claro que sim!
Kathy: Então ela vai
para ai agora depois vêm amanha. Venham todos e passem cá o dia. Tenho saudades
de vos ver todos junto ao lago a pescar. (ouviu-se um riso abafado)
Tânia: (correspondi ao
riso e continuei) Vou falar com eles. Até manha.

Fui até à cozinha e
preparei uma sandes para comer, fui preparando as coisas para a nossa tarde de
cozinheiras e fui trocar de roupa. Enquanto esperei por ela ainda deu para
mandar uma mensagem pelo e-mail à minha mãe, mentindo-lhe e dizendo que estava
tudo bem.
Vicky: Chegou a melhor
cozinheira!
Desci as escadas e fui
ao seu encontro cumprimentando-a com um grande beijo.
Tânia: Desculpa
desiludir-te, mas sou eu!
Vicky: Então, como vão
as coisas, desde aquela atribulada noite?
Tânia: Não vão muito
bem…
Vicky: Então?
Tânia: A Georgia
passou-se e acabou tudo com o Danny.
Vicky: A sério?
Tânia: Sim… e agora não
atende o telemóvel. A Gio vai passar por casa dela e depois diz-me qualquer
coisa. Vamos começar?
Vicky: Sim!

Tânia: E contigo, como
vão as coisas?
Vicky: Vão bem. Não
recebi mais nenhuma mensagem, o que é bom.
Tânia: Sim, vai-te dando
por sortuda, e eu também, que desde essa noite ainda não recebi nenhuma.
Tinha acabado de dizer
“nenhuma” quando o meu telemóvel toca. Tinha uma mensagem.
DE: Giovanna
MENSAGEM: “Temos de falar urgentemente.
Passo agora por tua casa. Gio”
Tânia: Era a Gio. Diz
que vai passar agora por aqui.
Vicky: Vamos por estes
no forno e tirar os outros e depois fazemos qualquer coisa para o jantar.
Fomos arrumando as
coisas e encaixotar os cupcakes enquanto esperávamos pela Giovanna, finalmente
quando chegou retiramo-nos todas para a sala.
Tânia: Que aconteceu?
Falas-te com a Georgia?
Giovanna: Não. Não
estava em casa, e o Danny disse que não pôs lá os pés as tarde toda.
Vicky: Como é que ele
estava?
Giovanna: Nada bem… mas
continuando, como ela não estava lá, passei por casa dos pais dela.
Tânia: E então?
Giovanna: Não sabem de
nada, só me disseram que ela passou por lá para buscar uns documentos que se
tinha esquecido em casa deles.
Tânia: Que documentos?
Giovanna: Não sei, mas
os pais dela também não sabiam, notava-se que também estavam preocupados.
Tânia: O que é que ela
estará a tramar?!
Giovanna: Não sei, mas
tenho medo que não seja coisa boa…
Vicky: Não é que ela não
merecesse… Depois do que ela fez ao meu irmão, só me dá vontade de a
estrangular!
Giovanna: Calma Vicky,
nenhuma de nós sabe o que ela está a passar…
Vicky: Por acaso sei. A
minha avó também já morreu…
Giovanna: Mas não te
sentiste culpada pela sua morte pois não?! A Georgia sente-se culpada.
Ficámos em silêncio com
a ultima nota aguda que saiu da boca da Giovanna.
Tânia: Não vamos pensar
de cabeça quente, já sabem que não nos leva a lado nenhum.
Vicky: Tens razão.
Giovanna: Desculpem se
estou assim nervosa, mas isto está a dar cabo de mim! Como é possível alguém
nos querer tanto mal?! Que raio nós fizemos???
Sentou-se no sofá da sala
e deixou cair a cabeça para entre as pernas, onde se ouvia uns soluços.
Tânia: Tem calma…
(sentei-me junto dela)
Subiu a cabeça para cima
e limpou as lágrimas.
Giovanna: Hoje recebi
mais uma mensagem…
Vicky: Que dizia?
Giovanna: Se ainda
andava a fazer planos para o casamento.
Tânia: A sério?! Vocês
estão mesmo a pensar em casar-se?
Giovanna: Falamos nisso
de vez em quando, mas não quer dizer que seja já! Nem eu quero já! Mas um dia
mais tarde quero…
Vicky: Então não te
preocupes…
Giovanna: Preocupo… porque
ele, ou ela, diz que se eu continuar com estas ideias a Carrie é que paga… Eu
não me importo de perder tudo, só não quero que a Carrie esteja mais envolvida
nisto. Ela tem um futuro enorme pela frente. Só em dá vontade de ir lá fora e
gritar que quero negociar.
Tânia: E o que te faz
pensar que estão lá fora?
Giovanna: Porque
mandaram-me essa mensagem no fim de eu me afastar da loja de noivas do shoping.
Nenhuma de nós teve
reação às últimas palavras da Giovanna. Parecia mesmo que estávamos a ser observadas.
Um telemóvel tocou. Um
arrepio subiu-me pelo corpo todo e chegou-me à cara e perdeu-se. Olhei para o
meu e vi que não era ele. Uma sensação no estômago fez-me acalmar e voltar a
sentar-me no sofá, juntamente com a Vicky que também já tinha visto o telemóvel.
Vicky: É o teu Gio…
Ela estava paralisada,
ali no meio da minha sala. Piscou os olhos com força e pegou no telemóvel.
Aproximamo-nos dela para podermos ler também a mensagem.
DE: sem número
MENSAGEM: “As três juntas?!
Que altura tão boa para fazer uma festa! Ainda por cima já com os bolos
feitos!”
Tânia *