IV
4 de março de 2011 (parte 1)
Estávamos todas a olhar
para ela como se nunca a tivéssemos visto. Estávamos cansadas, olhei para o
relógio sobre um dos móveis da sala e marcava 1:07h.
Olhámos umas para as
outras e engolimos em seco.
Izzy: Tens a porta
fechada?!
Fui a correr para a
cozinha e atrás de mim vinham todas as raparigas a correr.
Georgia: Está aberta!
Fechei-a rapidamente e
olhei para elas, engoli novamente em seco. Corri para a outra porta, fechei-a e
juntamente com ela as janelas.
Vicky: Achas que alguém
entrou?!
Giovanna: Vamos subir e
ver…
Tânia: Levem isto!
(peguei rapidamente nas facas que se encontravam no faqueiro) Levem!
Giovanna: Achas que é
necessário?!
Tânia: E tu?! Achas que
é necessário?!
Nenhuma respondeu, a
Georgia aproximou-se de mim e pegou numa nas facas.
Georgia: Vamos lá acabar
com isto.
Começamos a subir
silenciosamente. Ninguém sabia com o que estávamos a lidar, tínhamos todas medo
do que poderíamos encontrar ao subir as escadas, o que nos podia acontecer.
Cada passo que dávamos
soava um som diferente na madeira, agarrávamos com mais força as facas, como se
fossem elas a nossa salvação. Parecia um filme de terror. Algumas janelas
estavam abertas e as cortinas dançavam ao som do vento. As nossas mãos tremiam,
acabava por parecer estranho estrarmos na minha própria casa com facas na mão,
e isso deixava-nos ainda mais nervosas.
Izzy: Não é melhor
chamar-mos a polícia?
Tânia: E quando
chamar-mos?! O que dizemos?!
Continuámos a caminhar
pelo chão de madeira, as tábuas no chão continuavam a fazer barulho que ecoava
pela casa inteira. Fomos abrindo as portas enquanto fazíamos uma pequena
revisão a casa divisão do andar de cima.
Carrie: Não está cá
ninguém!
Finalmente o batimento
do meu coração abrandou, deixei o braço encostar-se às pernas e senti o frio d
faca. O nosso olhar acalmou-se e, lentamente, fomos descendo para a sala.
A Georgia foi-se a
aproximando de mim com aquele olhar desconfiado.
Georgia: O que é que
vamos fazer com ela?!
Tânia: Não sei.
Georgia: Vou fazer
queixa dela à polícia!
Tânia: Não! Não temos a
certeza se foi ela e para além disso precisamos dela, só ela é que nos pode dar
as respostas!
Georgia: Sim, e no fim
mata-nos!
Tânia: Não! Claro que
não! Vamos decidir o que fazer com ela, mas todas juntas.
Chegámos à sala e
instalamo-nos nos sofás vazios. Estávamos mais calmas, já tínhamos pousado as
facas e agora o nosso olhar já só caia sobre a Sharon.
Georgia: Porque é que a
matas-te!
Tânia: Calma Georgia!
Sharon: Eu não matei
ninguém!
Tânia: Nós fartamo-nos
de procurar-te! Nunca mais ouvimos falar de ti!
Sharon: Vocês sabiam que
era o meu último dia em Portugal e Londres. Foi na noite dos meus anos para a
África.
Giovanna: Quando é que
chegas-te?
Sharon: Há cerca de uma
semana.
Tânia: Porque é que
nunca vieste ter connosco?
Sharon: Porque vos
queria fazer uma surpresa, percebi o quando fui estupida e mimada por não ter
voltado a falar com vocês, mas estava, de uma certa forma, revoltada e
chateada. Mas quando finalmente resolvi ir ter com vocês, comecei a receber
umas mensagens estranhas. Reparei que se estava a passar alguma coisa, até
mesmo em minha casa, notava coisas diferentes, então, antes de ir ter com vocês
resolvi investigar primeiro sozinha. Como sabia que a Dona Mary tinha a minha
chave de casa, resolvi ir lá para saber se ela tinha ido a minha casa
ultimamente…
Georgia: Então
resolves-te ir lá e mata-la!
Sharon: Não, claro que
não! Fui lá algumas vezes durante o dia, mas nunca a encontrei, então resolvi
ir lá à noite. Quando me aproximei da porta para entrar senti uma pancada na
cabeça e fiquei inconsciente, acordei no meu carro.
Carrie: Estás a dizer
que alguém te atacou e que te voltaram a pôr no carro?!
Sharon: Sim.
Giovanna: Como é que é
possível?! Quem é que te atacou?!
Sharon: Não sei, não
consegui ver nada. Quando acordei e fiquei consciente, tive medo e fui para
casa.
Georgia: Não te ocorreu
que a pudessem ter magoado?!
Sharon: Sei lá! Naquele
momento só queria fugir, tinham-se batido, achas que ia voltar atrás?!
Não obteve resposta de
nenhuma das raparigas. O silêncio pairava na sala, que der repente
transformou-se numa sala de interrogatórios onde no centro do teto só estava
uma lâmpada a tremelicar.
Sharon: Comecei a
perceber que não era nenhuma brincadeira e que estava a lidar com pessoas
violentas, então chamei o meu namorado para me acompanhar, e foi assim que vos
encontrei.
.png)
Tânia: É tarde. Meninas,
vão buscar qualquer coisa à cozinha para comer, estejam à vontade e ponham-se
confortáveis. Vou lá a cima tomar um ducho rápido.
Subi e fui tomar banho.
Sabia-me bem sentir os pingos do chuveiro a escorregarem-me pelas costas. Vesti
uma roupa simples e confortável. Fui até ao guarda joias para por uns brincos
pequenos quando me deparo com o fio. Desci as escadas a toda a velocidade e fui
para a sala, onde elas estavam com montes de comida sobre a pequena mesa.
Tânia: Alguém chegou a
entrar dentro de casa!
Vicky: O quê?!
Tânia: O meu fio estava
no guarda joias!
Vicky: Isso é bom…
Tânia: Não, porque à
pouco, antes de sair-mos para casa da Dona Mary, o fio não estava lá!
Georgia: Foste tu! Assim
que chegas-te colocaste-o lá em cima! Admite Sharon!
Sharon: Como é que fui
eu se estive sempre aqui amarrada?!
Giovanna: Calma! As
duas! Tânia, tinhas a certeza de que ele não estava lá?
Tânia: Sim, foi por isso
que fomos a casa da Dona Mary.
Giovanna: Então alguém
entrou, mas já não está cá, não está cá ninguém. (a Giovanna era a única que
nos conseguia acalmar) Estamos todas cansadas, vamos comer qualquer coisa e
ficamos todas por aqui.
Começamos a abrir os
pacotes de batatas fritas e os sumos. O som da nossa boca a mastigar as batatas
abafou qualquer som existente na rua.
Tânia: Nós tentámos
contactar-te… (dirigi-me à Sharon)
Sharon: Eu sei. Mas
nessa altura eu não queria falar com vocês…
Carrie: Porquê?!
Deixaste-nos preocupadas!
Sharon: Porque vocês
sabiam que era a minha última noite em Portugal e não foram capazes de fazer
nada!
Georgia: Nada?! Nós
preparámos-te uma surpresa!
Sharon: Que surpresa!
Passei a noite do meu aniversário sozinha…
Georgia: Sozinha?!
Como?! Nós fomos-te buscar e levamos-te para a surpresa!
Sharon: Não, não me
parece, se eu não eu lembrava-me…
Izzy: Calma lá! Estás a
dizer que não eras tu que estava connosco naquela noite?!
Sharon: Não, eu não era!
Tânia: Então quem era?!
O silêncio foi a
principal arma usada naquele instante, não tínhamos uma única reação, nem os
olhares se cruzavam, só o som dos telemóveis em sinfonia é que deu ambiente à
sala. Fui a primeira a pegar no telemóvel, em seguida começaram ela, a medo,
também a pegar. Antes de abrir-mos as mensagens, cruzamos os primeiros olhares daquela
noite. Era como se já esperássemos de quem era a mensagem, só não sabíamos o
seu conteúdo.
DE: sem número
MENSAGEM: “Então?! Gostaram da surpresa?!
Gostaram da minha companhia naquela noite, ou preferiram a de hoje?! –SSS”
Tânia *